Somos 16% da população mundial,
1,6 em cada 10 pessoas temos o corpo maltratado, partido em partes, malformado.
Amanhã vamos continuar
deficientes e ninguém se vai lembrar de nós…
Quando parte do corpo é
afetado pareces ganhar superpoderes, quando um sentido é afetado os outros
tornam-se melhores, tornas super-herói ou coitadinho. Entras numa nova
qualidade: Os deficientes, somos imensos! Parece que o mundo vai acabar, mudas
e tens de reaprender a viver com teu novo corpo. Tudo é novo: comer, dormir, a
mobilidade, a comunicação, tens de nascer de novo e SER outro.
E quando sentimos fragilidades
procuramos conforto e proteção, nos amigos, na família, no amor, na gente da
saúde: auxiliares, terapeutas (fisioterapeutas, terapeutas da fala e ocupacionais)
enfermeiros e médicos todos são poucos quando adormecemos ao volante, temos um
TCE, um AVC, uma tetraplegia, uma paraplegia.
Normalmente, quando entras no
mundo deficiente conheces pessoas fortes com todas as maleitas, como se o mal
te desse uma força ENORME, imensa.
Tornares-te DEF dá-te
resiliência, implica uma certa bagagem, um certo orgulho, quase vaidade, não é
unânime este estado de soberba. Há movimentos de vida independente, de que
nunca ouviste falar e te dão autonomia.
Nem tudo é bom, andas muito
mais propenso ao estado e à pobreza, se para uma pessoa banal é complicado
viver, para um deficiente sem apoios torna-se terrível.
A vida não é um direito, é um privilégio
