20 março 2017

CUIDA DESSE CRESCIMENTO

“Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar, que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!”

para Oscar (Nemeyer) por Chco Buarque

A casa do Óscar era o sonho da família. 

Havia o terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Óscar. Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Óscar. Mais tarde, num aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Óscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira. Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e sai batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Óscar! Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguazes, projecto do Óscar. Vivi seis meses naquele casarão do Óscar, achei pouco, decidi-me a ser Óscar eu mesmo. Regressei a São Paulo, estudei geometria descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho um canudo com a casa do Óscar. Depois larguei a arquitectura e virei aprendiz de Tom Jobim. Quando a minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é a casa do Óscar.

embriagai-vos de vinho, de poesia ou de virtude...

[...]perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola,
a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são;
e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio,
hão de vos responder: É hora de se embriagar!
Para não serdes os martirizados escravos do Tempo,
embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas!
De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha mas Embriagai-vos! Deslumbrai-vos!!!!
Charles Baudelaire

13 março 2017

Chimamanda Adichie: O perigo da história única



Para pensar quantos diferentes podemos ser hoje e aqui, imaginar ser muitas pessoas não nos torna menos genuínos.

12 março 2017

O tempo que resta para salvar a Europa

Juntos e unidas todas as equipas são mais fortes.

Portugal é o Minho da Europa: o guarda redes das grandes defesas, o lateral ou o central dos grandes cortes.

Não se ganham jogos sem o todo, só com a capital Alemanha: o ponta de lança dos golos ou o médio centro dos grandes passes.

Perante a América de Trump, a Europa tornou-se não só uma oportunidade mas também uma necessidade.

O tempo para salvar a Europa acaba este ano, porventura o mais tardar no Outono, encerradas as urnas na Holanda (já no próximo dia 15), na França (a 7 de Maio) e na Alemanha (em Setembro). Mas entretanto vamos ter, a 25 de Março, a celebração dos sessenta anos do Tratado de Roma que lançou os alicerces da actual União Europeia (UE). Aí, na Cidade Eterna, espera-se estabelecer os compromissos mínimos possíveis entre os 27 que restam no clube depois da saída do Reino Unido para manter aparentemente vivo um projecto comum.

Nunca esta Europa nascida há seis décadas pareceu tão profundamente dividida e frágil como agora, refém das expectativas que criou e do espaço que se propôs abranger, num alargamento imponderado a todos os quadrantes, do Oeste atlântico à fronteira com a antiga União Soviética, sem levar em conta as contradições geopolíticas insanáveis no espaço de uma geração. Daí que se fale novamente numa Europa de geometria variável ou a diferentes velocidades – cenário mais caro aos países fundadores e a outros como Portugal, mas temido ou mais claramente rejeitado pelo grupo de países do Leste que receiam a sua marginalização. Ora, um dos equívocos fatais pode residir nisso mesmo. Se não há Europa viável sem serem assumidas as diferenças que separam muitos dos seus Estados membros, é precisamente por causa disso que os compromissos se tornam inviáveis…
Significativamente, são os países do Leste onde vigoram regimes de matriz autoritária, onde o pluralismo e o Estado de direito não são respeitados – como na Hungria ou na Polónia – os mais refractários a uma redefinição do espectro europeu. Recusam-se a partilhar o património dos valores democráticos europeus, fecham-se num nacionalismo agressivo e xenófobo, mas, ao mesmo tempo, insistem em não querer sair do círculo de privilégios que lhes é concedido pelo estatuto de membros da UE. Ora, a eurocracia europeia, tão expedita em regulamentar – por vezes até à asfixia – a vida económico-financeira dos países mais frágeis e periféricos mas de cultura democrática, não tem sido capaz de impor, apesar das advertências retóricas, um idêntico rigor de comportamento aos que não cumprem os padrões mínimos de democracia e criam eles próprios as suas fronteiras geográficas e políticas (como se tem verificado desde a crise dos refugiados).
O predomínio avassalador das instâncias económico-financeiras sobre todas as outras – com prejuízo dos princípios civilizacionais que fundamentam o espírito europeu – provocou a maior distorção na vida da Europa nas últimas décadas, levando a que Estados em maior dificuldade, nomeadamente por causa da recessão e da bancarrota bancária, como é o caso de Portugal, ficassem colocados numa situação de dependência agravada. Se não fosse a Comissão Europeia, o salvamento da Caixa Geral de Depósitos – apesar da magnitude dos seus custos – não teria sido possível. Obrigado, Europa, pelo menos serves-nos para isto…
Mas se a Europa não é aquilo que devia ser, se o sonho europeu continua por concretizar, a verdade nua e crua é que não temos uma verdadeira alternativa fora da Europa – por mais que gritem em sentido oposto os profetas do populismo de extrema-direita ou alguns ensimesmados esquerdistas. Apesar dos ventos contrários – ou sobretudo por causa deles – não podemos abandonar a esperança europeia, até porque só nos restariam contrapartidas trágicas – e, não por acaso, isso foi compreendido pelos gregos. Face ao caos do mundo e às derivas populistas, o combate pela ideia de Europa é aquele que não podemos deixar de travar antes que o ano acabe. Perante a América de Trump, a Europa tornou-se não só uma oportunidade mas também uma necessidade.

08 março 2017

Ser mulher é... (Parabéns por isto)

Sinónimo de fonte de força em deslizar de sentimentos e emoções,

Ser cor, pintura, desenho, aguarela, projecto, perspectiva, engenho,

Ser pincel, paleta, tinta, folha e tinta.

Ser música, som, voz cantada, acordes tocados e danças e arrebatares envolventes em palcos e saltos, pernas e braços deitados encaixados;

Ser texto, palavras, dizeres em livros, ser poesia;

Ser Arte;

Teoria e prática,

Ser exigente,

Ser conhecimento nos passeios,

Ser amanhã já hoje;

Ser vida e nascimento,

Ser gente nas ruas,

Ser brisa e vento;

Ser líquido mata a sede;

Ser comida que mata a fome;

Alimento que dá prazer;

Ser corpo que cresce, pulsa e respira,

Corpo que pensa, sonha, cria e imagina,

Corpo que caminha e fala,

Ser nicho e ninho;

Ser água e leveza,

Ser tempo que passa com agilidade, de estrutura bem construída no passado e esperança num futuro sempre melhor e mais sábio.

Ser nascer e pôr do sol,

Ser mar;

Ser gesto que ultrapassa o SER pela suavidade e descrição.

Saber que não é possível descrever...

07 março 2017

perspectiva da formação



O SABER não ocupa lugar.

Parece que há algum ponto em que aprender se torna aborrecido...

Que nada, não, é das coisas mais belas (E não são poucas as coisas boas...) que as vidas têm é estarmos sempre em construção como um poço sem fundo! 

Venha o que vier por bem!!!