30 outubro 2016

serenidade de a equação não fazer sentido...

Carta aos futuros pais (e a quem não quer ter filhos)

Coloquem o "cinto" e preparem-se para algo completamente diferente. Vão sofrer e divertir-se como nunca.

— Que barriga grande! Está grávida de quanto tempo?
 
— 34 semanas. Está quase a nascer (meses mais tarde)

— Ai, que bebé lindo! Que idade tem?

— Treze meses (semanas depois)

— Então, como está o menino?
 
— Vai andando. Tem muitas cólicas e faz uns cocós verdes. Mas já gatinha e diz tuato [gato].

Por que raio é que as grávidas (e os “pais-grávidos”) falam em semanas? E por que razão é que contam a idade dos bebés em meses? E que mau gosto falar das cores de cocós, mesmo que seja em conversas com amigos ou baixinho na esplanada. E que mania é esta de estarem sempre a falar dos filhos, a dizer que já anda ou a contar pela 35.ª vez a frase gira que o pequenote disse?

Eu — pecador me confesso — fazia estas perguntas antes de ser pai, olhando para aqueles “extraterrestres”  que contam a gravidez em semanas ou dizem a idade dos filhos em meses. Mas depois entrei nesse mundo magnífico e assustador e comecei a ver a minha vida guiada por ecografias às 12 e 24 semanas de gravidez, consultas médicas de mês a mês e vacinas aos seis, nove, 12, 15, 18 meses. Afinal não são loucos; têm é um calendário diferente dos outros.

Não ter filhos é, obviamente, uma opção tão legítima como ter — e espero ansiosamente pela altura em que a sociedade consiga abolir aquela pergunta muitas vezes feita com espanto “Mas por que não queres ter filhos?”  “Porque não quero”, dirão muitos (e com todo o direito). Eu preferi ter e agora aqui estou só para vos dizer algumas coisas que gostava que me tivessem dito antes de ser pai. Não que isso mudasse a minha decisão, mas teria ajudado a que o choque fosse um pouco mais suave.

É claro que cada um tem as suas circunstâncias (a rede familiar, por exemplo, pode fazer muita diferença), a sua personalidade e há bebés mais difíceis do que outros. A Susana Almeida Ribeiro escreveu há tempos no P3 uma hilariante crónica sobre a diferença entre as pessoas com filhos e sem filhos. Escrevia ela que “as pessoas sem filhos acordam com o despertador” e “as pessoas com filhos gostariam de acordar com o despertador”. É apenas uma das muitas boas frases escritas nessa crónica que também deu para perceber —  nas caixas dos comentários — como a maternidade/paternidade pode afectar o sentido de humor de algumas pessoas, nomeadamente a incapacidade para a ironia.

Não é mentira nenhuma dizer-vos que vão perder o controlo de uma parte da vossa vida. Durante uma certa fase da vossa vida, sair à noite é ir pôr o lixo à rua. Ou ir à farmácia implorar ao farmacêutico por uma receita milagrosa para acabar com as cólicas que nos estão a deixar perto da loucura.

Vão discutir menos vezes política e futebol e mais se é melhor usar chupeta ou chuchar no dedo. Vão descobrir que a Linha de Saúde 24 é a melhor amiga que se pode ter às quatro da manhã. E estarão prontos a escrever uma tese sobre a eficácia da tortura de sono ou sobre os limites da paciência humana para lidar com choros ou pratos de comida voadores.

Quer isto dizer que ter filhos é horrível? Sou capaz de ter respondido que sim em algumas noites (era o sono), mas a verdade é que não. Não é horrível. É fantástico e assustador ao mesmo tempo.  A dose de sofrimento é largamente compensada por momentos tão lamechas quanto verdadeiros. Há pequenos gestos que nos dão mais energia do que muitas noites de sono: aquele sorrisinho maroto, as pequenas conquistas deles (os primeiros passos, as palavras, o salto aventureiro no escorrega), o abraço apertado quando regressam para os nossos braços depois da escola ou até aquela resposta espontânea que nos deixa entre o ralhete e a gargalhada.

No dia em que fui pai, a minha vida mudou radicalmente. Deu uma volta de 180º, e outra de 360.º e mais outra de 360.º e sei lá o que mais. Atarantado, fui parar a um lugar diferente. O lugar de que tem a missão mais importante da vida: criar aquele bebé, educá-lo, fazê-lo feliz. E nem dois minutos depois de ele nascer percebi finalmente por que razão as mães nunca aceitam a resposta dos filhos: “mãe, não te preocupes”. É impossível. Nem mesmo para o meu coração de optimista, que fica mais apertadinho com aquelas noites na incubadora, a febre que não baixa ou a bronquiolite que não passa.
Por isso, para os que não querem ter filhos, só vos digo: “Nem imaginam do que se livram, nem sabem o que perdem”. E aos que querem ter também vos digo: “Apertem os cintos. Vão sofrer e irritar-se como nunca, mas vão rir e amar como nunca pensaram ser possível”. E, acima de tudo, aproveitem, porque eles crescem a uma velocidade supersónica...

26 outubro 2016

ah Mulher!!!

É difícil no meio do chavascal/ruído que a Trumpa fez/criou à sua volta darmos atenção e ouvirmos o que interessa, o mundo na América está a dar um passo importante: uma Mulher (género maioritário em quantidade/qualidade em cada família) após um negro afirma a Humanidade

A nova vida do progressismo americano


Saint Paul, Minnesota, EUA. — A diferença que um mês faz. No fim de setembro, antes do primeiro debate presidencial americano, todas as tendências pareciam favorecer Donald Trump. Os americanos, sobretudo os progressistas, começavam a habituar-se à ideia de ver Presidente Trump na Casa Branca. Tinham de engolir em seco e esfregar os olhos para terem a certeza do que estavam a ver mas, se fossem justos, a projeção de força do candidato republicano, aliada ao entusiasmo que ele gerava entre os conservadores e ao estilo convencional de Clinton, era matéria mais do que suficiente para concluir: este não são os nossos tempos. A mesma vaga reacionária que já varreu vários países vai chegar aqui.
Hoje a situação é muito diferente. Claro que a gravação mostrando um Trump agressor sexual teve o seu impacto e nos deixará para sempre com a questão: o que sucederia se nas eleições tivéssemos um Trump que fosse como este um pulha em tudo o que era público mas que não calhasse também ser um pulha em privado? Estaríamos a caminhar agora para um mundo insustentavelmente perigoso, em vez de só perigoso. Os americanos tiveram sorte, e nós com eles.
Ao mesmo tempo, sinto que as incidências mais debochadas da campanha não fazem jus ao extraordinário desempenho de Hillary Clinton. Ele ganhou três debates sendo aquilo que é: preparada, esforçada, estudiosa, dedicada. Estas são qualidades independentes da variável "ideologia" — Clinton continua a ser centrista, neoliberal e moderada, e está no seu direito. Ainda que eu não a acompanhe até essas paragens, não posso deixar de confessar que me impressionou o que já sabíamos dela, o domínio das políticas e o gosto de jogar pelo seguro, mas também o que é menos valorizado, que é por essa capacidade política ao serviço de qualidade empáticas. Isso tem impressionado também os seus potenciais eleitores, que pela primeira vez não sentem só repulsa pelo adversário mas entusiasmo por ela. A vitória de Clinton não será só a derrota de Trump.
Como é evidente, a vitória também não será só de Clinton porque, ao contrário do one-man show republicano, o esforço democrata tem sido um jogo de equipa, que passa por Barack e Michelle Obama, Bill Clinton e Joe Biden, e cada vez mais pelos senadores progressistas Bernie Sanders e Elizabeth Warren.
E agora chegou de novo a altura em que a esquerda americana esfrega os olhos e se belisca — mas porque não consegue acreditar na sua sorte. Os republicanos deram-lhes o que em termos de ciência política se chama "uma abébia" — e desta vez não veio sob a forma de Trump. Paul Ryan, o suposto representante do conservadorismo responsável no Congresso, quis alertar para o perigo dos democratas ganharem o senado perguntando à sua plateia: "se eles ganharem sabem que vai controlar o orçamento no Senado? Um tipo chamado Bernie Sanders". O tiro saiu pela culatra, com fragor.
Nada poderia galvanizar mais os jovens à esquerda do Partido Democrático, para quem agora é ponto de honra que nos próximos quatro anos um "socialista democrático" como Sanders tenha uma palavra decisiva sobre o orçamento dos EUA. Podem não ter conseguido levá-lo à Casa Branca, mas no sistema dos EUA isto não fica muito atrás.
E como o Senado também confirma a nomeação de juizes para o Supremo, há um velho sonho que pode vir a tornar-se realidade: a abolição da pena de morte.
Não, o progressismo ainda não mandou a toalha ao chão. Por aqui até parece ter uma nova vida.

25 outubro 2016

VIVA o dia!!!

uma vez que o mar é sempre belo no verão, outono, primavera ou verão, mais escuro ou claro, 

com chuva ou sol... e uma vez que há sempre desafios a vencer e falhas a melhorar: 

V I V A    O    D I A!!!

20 outubro 2016

acabar ou não acabar, eis a questão!?

A verdade é que me divirto imenso a escrever e é libertador, por outro lado, cada vez que escrevo aqui não estou a ter grande utilidade: definam-me isto, sim!!! o que é ser útil? a maior parte das coisas que fazemos é inútil ou tudo o que fazemos  é Vida e, como tal. útil!!!?

Embora não fale ainda bem, vou falando cada vez melhor: quanto mais falar melhor vou falar e preciso treinar  a voz maviosa para falar melhor. 

Ser fala barato mas escrever; não impede de falar e se tenho um talento que não quero desperdiçar: imaginação e escrita complementares numa pessoa cada vez menos orgulhosa.. portanto gramem-me e distraiam-se.

NÃO ACABAR!, parece-me a resposta, leiam-me e gostem ou não gostem, não leiam... claro que adorava que me lessem e gostassem, a escrita deve melhorar a mim e aos outros.


A imagem de ontem:
  
Ludwig van Beethoven (Bonn, 1770 — Viena, 1827: 57 anos) construiu obras no séc. XIII/XIX para um mar de gente/instrumentos que hoje outra gente enrola na areia esse mar.

O concerto acalmou-me: sinfonias N.º 8 e N.º 9 com coros, tanto som diferente, cada um a tocar individualmente com seus tons e pausas mas se encaixando no aparelho; como a sociedade de que fazemos parte a uma outra escala os músicos só existem ali porque há uma conversa entre instrumentos

Como quando sais da água sais mais leve, ali também viajei e entrei noutra dimensão.



a imagem da humildade Vitoriosa frente à arrogância derrotada:


É uma discussão que vem sido debatida pelos melhores intelectuais da bola aqui do burgo, considerando-me conhecedor da matéria deixo aqui o meu bitaite: Jesus ou Vitória qual o melhor?

Sendo a arte do treinador criar um bom ambiente capaz de conduzir os seus jogadores a um clima de bem estar que proporciona vitórias e campeonatos que envolve adeptos digamos que a petulância do Jesus não o torna melhor e até o torna pior que o carisma e a  humildade do Vitória.

É uma imagem criada pela capacidade de estar no centro das luzes sem ser ofuscado; percebendo bem que a equipa é a união de todos com vista a atingir um objectivo comum.

Demonstra-se bem a inteligência de alguém por perceber que tem um projecto que não é estanque, fechado  no terreno de jogo ao apostar como ninguém o tem conseguido/feito na formação. Como o mundo passa dos mais velhos aos mais novos.



a imagem do amanhã criado hoje:

 ah educaaar!!!

Assunto: Tempos modernos

http://sicnoticias.sapo.pt/programas/reportagemespecial/2016-10-16-As-pessoas-crescidas-nunca-percebem-nada-1.blogspot.com

07 outubro 2016

da intimidade

a intimidade é o que nos protege dos Outros (não que tenhamos que ter medo deles mas somos melhores sem expor as nossas muitas fragilidades...), o nosso mundo tem que ser valorizado e ganho sem facilidades.

É importante esse refúgio não ser/estar exposto!

Todos gostamos de Surpresas, se não estamos em luta com o mundo também não somos oferecidos, é bom ser difícil de ter/ganhar... 

Para conquistares meu intimo não basta circulares nos mesmos espaços.

05 outubro 2016

imagem III: Era uma vez uma política

Era uma vez uma política

Acreditava que para ser bom a sê-lo era importante a vida cheia que fizera (já era cinquentona...), acreditava que para se ser boa servidora da POLIS tinha que se ter passado por várias etapas, integrado vários grupos, andado de transportes públicos, frequentar escolas públicas, festivais, universidades, manifestações, trabalhar para a comunidade: era preciso ter vivido antes para se sentir a sociedade e o que era ser-se povo!

Queria criar um Espírito de comunidade voluntária, de ajuda um ao outro numa sociedade de gente diferente mas que nasce e morre, vive uns com os outros, sente, chora, ri, tem saudades, olha, ouve, tacteia, saboreia e vive

Acreditava muito no Ser-se Pessoa de uma forma ingénua, algo naif!

Era homossexual e acreditava no poder do feminismo enquanto forma moderna de fazer política, era um grande desafio ser mulher e homossexual num mundo machista e homofóbico!!! 

Era séria e empenhada, queria construir uma sociedade mais justa para todas as pessoas: brancos, negros, morenos; protestantes, muçulmanos, católicos, ateus; homossexuais e heterossexuais.
Se fosse fácil não tinha piada!

Confiava numa sociedade construída por todos e para todos, de participação e de exemplo, de actividade diária!

Acreditava no Optimismo como forma de construção de um mundo melhor: 'É melhor ser alegre que ser triste, Alegria é a melhor coisa que existe, É assim como a luz no coração (...)' E todos tinham que participar na construção de um mundo melhor!

03 outubro 2016

imagem nunca criada II

Pés Nus (pé ante pé devagar...)

Hoje comecei a andar dentro de água de pés nus, assentar o pé todo, sentindo o peso de todo o movimento, é como quem despe devagar a pele (que não sei como  é mas deve doer mais...)

Na água tudo é diferente, o corpo torna-se mais leve, a energia é boa, sai-se sempre bem disposto dali.

Já não sei  se sei nadar, pelo menos o braço esquerdo ajuda menos no transporte... e a respiração também funciona pior.

E o Nicolau, amor assolapado da amiga  aquática (uma virtude alegre e bem disposta), anda sempre por lá em guerra connosco, e as memórias que tenho dele a passar na memória...

Deixei as sapatilhas de plástico aderentes e apertadas à entrada, pus de novo à saída; depois fiz a passagem entre espaços pés nus, foi bom ;)

A sensação é de liberdade, sente-se uma energia boa que se transmite por quem trabalha na Água, que privilégio é poder trabalhar na água. 

Na água anda-se com o equilíbrio que terei no futuro cá for, o tempo altera-se!

02 outubro 2016

Uma imagem nunca criada

foi um exercício engraçado/interessante que o professor pediu hoje no filme e que estimulou a minha vontade de querer pintar e ver se consigo imaginar algo ausente, criar uma imagem nunca criada:


A Sala de Português podia ser histórica, cientifica, filosófica, social, um piquenique, lúdica, ginasta, gastronómica, musical, natural, geográfica mas tinha sempre uma energia boa e mudava nosso estar.

Podia ser picante, doce, amarga, doce, vegetal, carnívora, energética mas tinha um sabor sempre bom, e estimulava a descoberta de nós e dos outros, era um gosto prazenteiro ter aqueles momentos!

Era uma professora fantástica que propunha sempre que nos reinventássemos, dizia ela que a vida tinha  de ser despertada. Se vivêssemos sempre deitados no sofá a ver TV não mudávamos a  cabeça e suas imagens, era aborrecido, por muito que o cinema seja uma boa e barata forma de viajar, de ir a outros sítios; fazia falta mudar de ares.  

Propunha-nos ela que respondêssemos a 'o que é que aprendeste hoje?' e, por certo, havia sempre algo descoberto. E depois conversássemos sobre isso e dava-nos tempo para olhos nos olhos cativarmos algum parceiro. Dizia que se um grupo fosse muito grande podia ser mais estimulante mas perdia-se o interesse e a intimidade.

À priori dava tempo para cada um pensar em gestos, propostas, ideias de como melhorar o nosso pequeno mundo. Estimulava a troca entre nós pela descoberta dos sentidos, afectos e diferentes formas de SER, convidava uma vez por outra peritos nas mais variadas áreas para conversar connosco e responder a perguntas que preparávamos em grupo.

Dizia que 'não havia coitadinhos!' e 'não fui posta neste mundo para ser infeliz...'! falava para tentarmos pensar nos Outros e tentarmos não usarmos a primeira pessoa, o Eu quando tínhamos vidas complicadas facilitava perceber como os melhores (havia imensos ali na zona) viviam e embalava.

Era muito imaginativa e inventiva e tinha um talento especial para fazer surgir valores nos Outros: entrar no mundo dela foi muito estimulante para mim; ensinou-me a perceber a sociedade e que podemos mudá-la e melhorá-la ou sonhá-la.

Naquele ano senti a turma mudar e ganhar valor, crescemos como grupo e fizemos amigos, tenho saudares daquelas aulas, daquele tempo juntos e daquela professora, 'não gosto de facilidades mas ali a facilidade de estar uns com os outros deixou-me saudades!'