29 fevereiro 2016

PRESENTE DA UNESCO PARA A HUMANIDADE INTEIRA !!!


Já está disponível na Internet, através do site
 www.wdl.org 

É uma notícia QUE NÃO SÓ VALE A PENA REENVIAR COMO É UM DEVER ÉTICO, FAZÊ-LO!

Reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e explica em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as
bibliotecas do planeta.

24 fevereiro 2016

Precisão

O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.

Clarice Lispector

(tb) Eu, geringoncista (Rui Tavares)




Já foi notado que alguns apoiantes das convergências à esquerda começaram a usar "geringonça" como um termo de simpática auto-identificação. Fazê-lo ajuda a esvaziar com humor o sentido da palavra, quando usada original e pejorativamente pela direita. E nestas coisas, não interessa quem gerou a palavra; interessa quem lhe tem carinho.

Eu confesso o meu afeto pela geringonça. Desde logo, é mais apelativo do que a expressão consagrada por anos de uso, desuso e abuso à esquerda, a "convergência". Da próxima vez que participar numa convergência à esquerda sou até capaz de dizer: "olha, vamos fazer uma geringonça?".

Acima de tudo, esta geringonça demorou para chegar. Mais de quarenta anos de espera, e os últimos quatro de desespero. Para quem esperou e desesperou (e se mexeu para ver acontecer) é impossível não sentir alguma comoção quando os deputados e deputadas de esquerda se levantam ao mesmo tempo para aprovar um orçamento de estado.

Sim, é um exercício difícil. Mas ninguém disse que ser de esquerda é governar apenas quando for fácil. Sim, ainda há muito para discutir na especialidade. Mas é para isso que aqueles deputados e deputadas lá estão, e já não há como voltar atrás. A partir de agora deixou de haver aquele momento no debate em que se perguntava: "tudo bem, o PCP e o BE não gostam deste orçamento; mas desde quando gostaram de algum?". Mesmo que não se trate verdadeiramente de "gostar", esta pergunta passou a ter resposta a partir de ontem: sabemos com que tipo de orçamento a esquerda se pode comprometer. Nos seus próprios termos, é um orçamento que cumpre com a Constituição, começa a inverter o jugo da austeridade e não põe em causa a presença no euro e na UE. Esse é um dado relevantíssimo para o futuro, porque ninguém — à esquerda ou à direita — poderá fazer de conta que não existiu.

Em boa medida, a direita tem razão numa coisa: sim, este orçamento é definido pela oposição polar ao que foi o governo anterior. Mal estaríamos se não o fosse. A democracia é o regime onde a maioria manda, mas acima de tudo é o regime onde a maioria muda. Quando a maioria não muda, ou muda e não manda nada, a democracia não está a funcionar.

Por isso o discurso adjetivado de Passos Coelho, centrado na ideia da usurpação e ilegitimidade do governo, falha tanto o alvo. De cada vez que uma maioria de esquerda vota junta, está a fazer-se a prova de que esta maioria é o resultado legítimo de um voto democrático. E de cada vez que Coelho se enfia na toca, enfadado, cria mais uma ocasião para a esquerda demonstrar a coesão da sua maioria.

É isso que a direita parece não perceber na descrição que ela própria criou da convergência à esquerda. Não interessa se é geringonça. Interessa se funciona.

Na verdade, geringonça é sempre que alguém tem de chegar a compromisso com alguém para alguma coisa. A coligação PàF também era uma geringonça, mas não suficientemente forte para que os portugueses lhe dessem uma maioria governativa.

Por isso chamem-lhe "geringonça". De cada vez, eu ouço "democracia". O pior de todos sistemas, etc.

22 fevereiro 2016

Ele há coisas e gente...

passamos muito tempo a pensar nas coisas que não podemos fazer e pouco no Muito que podemos fazer... :)

 troca desconnhecida de palavras que flutuam e dançam:



No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares da chuva, 
em volta das candeias. 
No contínuo escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas que os filhos criam, 
porque se colocam
na combustão dos filhos, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
 e na agudeza de toda a sua vida.
 E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
 e através dele a mãe mexe aqui e ali,
 nas chávenas e nos garfos.
 E através da mãe o filho pensa
 que nenhuma morte é possível e as águas
 estão ligadas entre si
 por meio da mão dele que toca a cara louca
 da mãe que toca a mão pressentida do filho.
 E por dentro do amor, até somente ser possível
 amar tudo,
 e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.


(excerto do poema «Fonte», publicado em A Colher na Boca, 1961 de Herberto Hélder)

19 fevereiro 2016

volto com cinema... Spotlight (A VER....)



Já tinha saudades de escrever (muita mão esquerda...) para aqui, para vocês!!!

O cinema Spotlight é baseado numa história real teve a sua data de lançamento a 6 de Novembro de 2015 (EUA) com a direção de Thomas McCarthy e revela um mundo escondido (e a força do Sexo... ver por exemplo a psicanálise e a pornografia), o drama mostra um grupo de jornalistas em Boston que reúne milhares de documentos capazes de provar diversos casos de abuso de crianças, causados por padres católicos. Durante anos, líderes religiosos ocultaram o caso transferindo os padres de região, ao invés de puni-los pelo caso. 

Faz alguma confusão (preconceito?) alguma desadequação temporal e social da Igreja católica à sociedade moderna ocidental (pelo menos...) a insistir nos males (que criam desejos nos Humanos) do celibato.

A negação da Mulher a este Mundo (tão antigo...) é o Machismo elevado a um grau ridículo e provinciano; é uma Estupidez; que para uma sociedade onde nasceram os primeiros estudos não é brilhante.

talvez haja um poder da Mulher undercover ou há certamente, ELAS é que fazem rodar o mundo e não são adeptas de farolada e fazem falta...

A não perder pela atualidade do tema e pelo trabalho jornalístico: muito bom e forte!!!