18 janeiro 2015

Paris-Srebrenica (de Alexandra Lucas Coelho)

1. Há um ruído extremo a que só responde a mudez. Seria como falar num funeral onde gente que nunca conviveu com o morto disputa o luto com gente que atira mortos para debaixo do tapete. O horror do que acaba de acontecer, do que acontece em contínuo e do que se anuncia confluem num silêncio. Foi o que se passou comigo depois do ataque ao Charlie Hebdo.

2. Quando o ataque aconteceu, eu estava fechada em Belgrado a escrever. Tinha vindo de Sarajevo há dias e ia para Srebrenica dentro de dias, dois símbolos da guerra na Bósnia. Passavam vinte e oito anos desde que a minha carteira de jornalista fora emitida. O último livro que publiquei não teria saído na ditadura. Liberdade de expressão não é este mês de Janeiro, nem um emprego, é a vida.

3. As capas do Charlie Hebdo nunca me fizeram rir, nada daquilo me interessa e há tanta coisa interessante para ler, como haverá gente que gosta de ler o Charlie: tudo isso é irrelevante para o horror de 12 pessoas executadas numa redacção porque fazem um jornal satírico. Então, curvo a cabeça perante a sepultura de cada uma, minha camarada de vida. O horror destas mortes existe autónomo, estanque. Não é atenuado por nada e não exclui nada. Horror puro.

4. Os assassinos da equipa do CH (e depois do ataque à mercearia kosher), sim, têm passado, contexto, tal como a França, a Europa ou aqueles chefes de Estado unidos na compaixão global, uma frente tão inclusiva que não excluiu assassinos de Estado. Charlie realmente não merecia que Netanyahu fosse Charlie. Fora essa frente, e mercenários em geral, bom ver tanta gente junta pela liberdade. A liberdade de expressão sai mais forte de tudo isto, quero crer, a começar pelo CH pós-matança ter saído com um Maomé a dizer “Je suis Charlie”.

5. Escrevo esta crónica de Srebrenica onde em Julho de 1995 a Europa deixou que 8372 homens fossem separados das mulheres e crianças e sistematicamente mortos apenas por serem muçulmanos. Aliás, “8372...” diz a pedra do memorial, porque 8372 era o número de corpos identificados no momento em que a pedra foi lá posta. Entretanto, dezenas de outros corpos continuam a sair do puzzle da antropologia forense. Em Janeiro de 2015, em Srebrenica, vejo muitas sepulturas provisórias posteriormente acrescentadas, placas de plástico verde à espera dos marcos em mármore que compõem esta floresta única. Foi o maior massacre europeu desde o Holocausto, genocídio, decidiu finalmente o Tribunal de Haia. Aconteceu há 19 anos e meio, no Sudeste da Europa, perante europeus: os holandeses “capacetes azuis” da ONU, que a ONU entendeu não reforçar, quando era evidente que não seriam capazes de conter as tropas sérvias de Ratko Mladic, neste momento ainda réu em Haia por crimes contra a humanidade e genocídio.

6. Perante europeus e entre europeus, porque “o mundo muçulmano” não é um lugar fora da Europa. Se mundo muçulmano é onde houver um muçulmano, a Bósnia tem uma maioria muçulmana há séculos. A Europa integra o mundo muçulmano, o mundo muçulmano integra a Europa. Os políticos podiam começar por aí, quando falam de “integração” nos “valores europeus”. É que, segundo esses tais valores, um muçulmano da Bósnia não é menos europeu do que a senhora Merkel.

7. Não fui eu que falei da matança de Paris, foi ele, o jovem imã da mesquita central de Srebrenica. Também não tínhamos combinado nada. Eu descera a colina com um amigo, entre todas aquelas casas de tijolo em bruto que são a paisagem semi-reconstruída da cidade, uma beleza de encostas alpinas habitada por quem não tem dinheiro para acabamentos. Chegámos à mesquita, mesmo ao lado da igreja ortodoxa, num largo coberto de neve, pouco antes do pôr do Sol. Mas, quando pressionei a maçaneta, o portão abriu. E daí a nada apareceu um rapaz muito alto de gorro, como todos aqui no Inverno. Era o imã, vinha para a oração, convidou-nos a tirar as botas, entrar. Depois chegou um pequeno ancião, fisicamente o oposto do imã. Ali ficámos sentados, a assistir à oração na mesquita principal de Srebrenica: o jovem imã e o velho fiel, voltados para Meca, cercados pelo vazio.

8. Mas à sexta-feira a mesquita enche, ressalva o imã, que se chama Ahmed Hrustanovic e tem 28 anos. Em 1995, estava a salvo com a mãe a dezenas de quilómetros daqui, era criança. Já os homens da família foram todos executados pelas tropas de Ratko Mladic: pai, quatro tios, dois avós. Perfaz sete parentes Hrustanovic gravados na grande floresta funerária de Srebrenica. Não é um apelido raro.

9. Entre os que fugiram, os que foram deportados e os que morreram, não sobraram muitos muçulmanos em Srebrenica, em 1995. Depois dos acordos de paz, a Bósnia foi dividida em duas entidades, Federação da Bósnia e Herzegovina e República Srpska, onde existe uma maioria sérvia. É nessa metade que está Srebrenica, muito perto da fronteira com a Sérvia. Ainda assim, apesar do massacre, e da firme presença sérvia, muitos muçulmanos foram regressando ao seu pedaço de terra, e hoje Srebrenica tem uns 3500 muçulmanos e uns 3500 sérvios.

A relação é cordial, diz o jovem imã, ele faz compras em lojas sérvias, só não consegue esquecer que são sérvios. Mas há um mês um amigo casou, ele muçulmano, ela sérvia, como acontecia tanto antes da guerra, e hoje acontece tão menos. Hoje é pior, claro, e depois de Paris talvez pior. É o jovem imã quem fala de Paris, quem chama loucos aos assassinos, quem teme o efeito disto na vida dos muçulmanos.

10. Depois de quem perdeu a vida, ninguém perdeu tanto com Paris como os muçulmanos. A vida de cada um vai ficar um pouco mais difícil. Em compensação, a vida da família Le Pen ficará melhor, e com ela a dos xenófobos em geral. Sobretudo a vida das milícias recrutadoras estilo Boko Haram-ISIS-Al-Qaeda, a quem só interessa que a vida dos muçulmanos na Europa se torne cada vez mais difícil. Carne para canhão. Este é o horror que se anuncia, acrescentado ao horror contínuo.

11. Antes do genocídio, a ONU garantira aos muçulmanos que nada lhes aconteceria, aprovara até uma resolução declarando Srebrenica Zona Segura. Foi fazer companhia na gaveta a todas aquelas resoluções que o governo de Israel ignora, e o que é que a Europa, por acaso ex-colonizadora (França, Inglaterra) de todo aquele território israelo-palestiniano & vizinhanças tem feito por isso nas últimas décadas? Enquanto a liberdade de expressão é um bem oficial em Israel (não contando com os obstáculos à liberdade de movimento e circulação de jornalistas), uns milhões de palestinianos nunca tiveram liberdade de circulação e movimento no seu tempo de vida, dos pais ou dos avós. Este é o horror antes e além da compaixão global, até porque ninguém aguenta emocionar-se durante tanto tempo.

12. Apesar de tudo, o jovem imã de Srebrenica continua a deixar a porta aberta. No fim da conversa, já bem caíra a noite, aliás, voltou à roupa de Inverno, ao gorro de lã, e despediu-se, deixando-nos ainda descalços, com a mesquita toda por nossa conta.

Charlie Hebdo: uma reflexão difícil (por Boaventura Sousa Santos)


O crime hediondo que foi cometido contra os jornalistas e cartoonistas do Charlie Hebdo torna muito difícil uma análise serena do que está envolvido neste ato bárbaro, do seu contexto e seus precedentes e do seu impacto e repercussões futuras. No entanto, esta análise é urgente, sob pena de continuarmos a atear um fogo que amanhã pode atingir as nossas consciências. Eis algumas das pistas para tal análise.

A luta contra o terrorismo, tortura e democracia
 Não se podem estabelecer ligações diretas entre a tragédia do Charlie Hebdo e a luta contra o terrorismo que os EUA e seus aliados têm vindo a travar desde o 11 de setembro de 2001. Mas é sabido que a extrema agressividade do Ocidente tem causado a morte de muitos milhares de civis inocentes (quase todos muçulmanos) e tem sujeitado a níveis de tortura de uma violência inacreditável jovens muçulmanos contra os quais as suspeitas são meramente especulativas, como consta do recente relatório presente ao Congresso norte-americano. E também é sabido que muitos jovens islâmicos radicais declaram que a sua radicalização nasceu da revolta contra tanta violência impune. Perante isto, devemos refletir se o caminho para travar a espiral de violência é continuar a seguir as mesmas políticas que a têm alimentado como é agora demasiado patente. A resposta francesa ao ataque mostra que a normalidade constitucional democrática está suspensa e que um estado de sítio não declarado está em vigor, que os criminosos deste tipo, em vez de presos e julgados, devem ser abatidos, que este facto não representa aparentemente nenhuma contradição com os valores ocidentais. Entramos num clima de guerra civil de baixa intensidade. Quem ganha com ela? Certamente não o partido Podemos em Espanha ou o Syriza na Grécia.

A liberdade de expressão. 
É um bem precioso mas tem limites, e a verdade é que a esmagadora maioria deles são impostos por aqueles que defendem a liberdade sem limites sempre que é a "sua" liberdade a sofrê-los. Exemplos de limites são imensos: se em Inglaterra um manifestante disser que David Cameron tem sangue nas mãos, pode ser preso; em Franças, as mulheres islâmicas não podem usar o hijab; em 2008 o cartoonista Maurice Siné foi despedido do Charlie Hebdo por ter escrito uma crónica alegadamente antissemita. Isto significa que os limites existem, mas são diferentes para diferentes grupos de interesse. Por exemplo, na América Latina, os grandes media, controlados por famílias oligárquicas e pelo grande capital, são os que mais clamam pela liberdade de expressão sem limites para insultar os governos progressistas e ocultar tudo o que de bom estes governos têm feito pelo bem-estar dos mais pobres. Aparentemente, o Charlie Hebdo não reconhecia limites para insultar os muçulmanos, mesmo que muitos dos cartoons fossem propaganda racista e alimentassem a onda islamofóbica e anti-imigrante que avassala a França e a Europa em geral. Para além de muitos cartoons com o Profeta em poses pornográficas, um deles, bem aproveitado pela extrema-direita, mostrava um conjunto de mulheres muçulmanas grávidas, apresentadas como escravas sexuais do Boko Haram, que, apontando para a barriga, pediam que não lhes fosse retirado o apoio social à gravidez. De um golpe, estigmatizava-se o islão, as mulheres e o Estado social. Ao longo dos anos, a maior comunidade islâmica da Europa foi-se sentindo ofendida por esta linha editorial, mas igualmente foi pronta no seu repúdio deste crime bárbaro. Devemos, pois, refletir sobre as contradições e assimetrias na vida vivida dos valores que cremos serem universais.

Tolerância e "valores ocidentais". 
O contexto em que o crime ocorreu é dominado por duas correntes de opinião, nenhuma delas favorável à construção de uma Europa inclusiva e intercultural. A mais radical é frontalmente islamofóbica e anti-imigrante. É a linha dura da extrema-direita em toda a Europa e da direita, sempre que se vê ameaçada por eleições próximas (o caso de Antonis Samara na Grécia). Para esta corrente, os inimigos da nossa civilização estão entre nós, odeiam-nos, têm os nossos passaportes, e a situação só se resolve vendo-nos nós livres deles. A outra corrente é a da tolerância. Estas populações são muito distintas de nós, são um fardo, mas temos de as "aguentar", até porque nos são úteis; no entanto, só o devemos fazer se elas forem moderadas e assimilarem os nossos valores. Mas o que são os "valores ocidentais"? Depois de muitos séculos de atrocidades cometidas em nome deles dentro e fora da Europa – da violência colonial às duas guerras mundiais –, exige-se algum cuidado e muita reflexão sobre o que são esses valores e por que razão, consoante os contextos, ora se afirmam uns ora se afirmam outros. Por exemplo, ninguém põe hoje em causa o valor da liberdade, mas já o mesmo não se pode dizer dos valores da igualdade e da fraternidade. Ora, foram estes dois valores que fundaram o Estado social de bem-estar que dominou a Europa democrática depois de Segunda Guerra Mundial. No entanto, nos últimos anos, a proteção social, que garantia níveis mais altos de integração social, começou a ser posta em causa pelos políticos conservadores e é hoje concebida como um luxo inacessível para os partidos do chamado "arco da governabilidade". A crise social causada pela erosão da proteção social e pelo aumento do desemprego, sobretudo entre jovens, não será lenha para o fogo do radicalismo por parte dos jovens que, além do desemprego, sofrem a discriminação étnico-religiosa?

O choque de fanatismos, não de civilizações
Não estamos perante um choque de civilizações, até porque a cristã tem as mesmas raízes que a islâmica. Estamos perante um choque de fanatismos, mesmo que alguns deles não apareçam como tal por nos serem mais próximos. A história mostra como muitos dos fanatismos e seus choques estiveram relacionados com interesses económicos e políticos que, aliás, nunca beneficiaram os que mais sofreram com tais fanatismos. Na Europa e suas áreas de influência é o caso das cruzadas, da Inquisição, da evangelização das populações coloniais, das guerras religiosas e da Irlanda do Norte. Fora da Europa, uma religião tão pacífica como o budismo legitimou o massacre de muitos milhares de membros da minoria tamil do Sri Lanka; do mesmo modo, os fundamentalistas hindus massacraram as populações muçulmanas de Gujarat em 2003; é também em nome da religião que Israel continua a impune limpeza étnica da Palestina e que o chamado Emirado Islâmico massacra populações muçulmanas na Síria e no Iraque. Várias perguntas sem resposta por agora. A defesa da laicidade sem limites numa Europa intercultural, onde muitas populações não se reconhecem em tal valor, será afinal uma forma de extremismo? Os diferentes extremismos opõem-se ou articulam-se? Quais as relações entre os jihadistas e os serviços secretos ocidentais? Por que é que os jihadistas do Emirado Islâmico, que são agora terroristas, eram combatentes de liberdade quando lutavam contra Kadhafi e contra Assad? Como se explica que o Emirado Islâmico seja financiado pela Arábia Saudita, Qatar, Kuwait e Turquia, todos aliados do Ocidente? Uma coisa é certa, pelo menos na última década, a esmagadora maioria das vítimas de todos os fanatismos (incluindo o islâmico) são populações muçulmanas não fanáticas.

O valor da vida. 
A repulsa total que sentimos perante estas mortes deve-nos fazer pensar por que razão não sentimos a mesma repulsa perante um número igual ou muito superior de mortes inocentes em resultado de conflitos que, no fundo, talvez tenham algo a ver com a tragédia do Charlie Hebdo? No mesmo dia, 37 jovens foram mortos no Iémen num atentado bombista. No verão passado, a invasão israelita causou a morte de 2000 palestinianos, dos quais cerca de 1500 civis e 500 crianças. No México, desde 2000, foram assassinados 102 jornalistas por defenderem a liberdade de imprensa e, em Novembro de 2014, 43 jovens, em Ayotzinapa. Certamente que a diferença na nossa reação não pode estar baseada na ideia de que a vida de europeus brancos, de cultura cristã, vale mais que a vida de não europeus ou de europeus de outras cores e de culturas assentes noutras religiões. Será então porque estes últimos estão mais longe de nós ou conhecemo-los pior? Será porque os grande media e os líderes políticos do Ocidente trivializam o sofrimento causado a esses outros, quando não os demonizam ao ponto de nos fazerem pensar que eles não merecem outra coisa?

16 janeiro 2015

do céu caíu uma estrela



É um filme americano dirigido por Frank Capra em 1946.

É natalício, pretende passar a ideia de que todos somos precisos... e põe-nos de bem com a vida... todos os filmes deviam provocar este bem estar: fazer-nos acreditar na vida, no mundo, nas pessoas.

É a história de um espírito desencarnado, candidato a anjo que, para ganhar suas asas, recebeu a missão de ajudar um valoroso empresário (James Stewart como actor do empresário George Bailey) que, em virtude de grave problema financeiro, provocado por desonesto banqueiro, tinha a intenção de se suicidar.

O aspirante a anjo foi encontrá-lo na véspera do Natal, à noite, prestes a saltar de uma ponte nas águas geladas que corriam em baixo. Fazendo-se visível e identificando-se, falou de sua missão e, sem nenhuma pretensão de demovê-lo da ideia, comentou que seria um desperdício, porque ele vinha sendo importante para muita gente. Ante o cepticismo de seu protegido, que se sentia um fracassado, o amigo espiritual mostrou-lhe várias situações que teriam acontecido se não fosse sua interferência. A morte do irmão, a tristeza da esposa, a situação lastimável de sua cidade entre outras.

Não é por ti mas por nós, os outros, que vivemos e pensa bem se não são muitos os para quem fazes falta...

09 janeiro 2015

andamos a cuidar mal de nós na TV (Não é moralismo mas é evidente)



QUERIDO que me lês,

Estou a ler o livro do Alain Botton: As Noticias, um manual de utilização e é, de novo, mt fixe!

Ele não tem grande ideia sobre a comunicação social e, vistas bem as coisas tem razão: tu sentas-te em frente à TV e mudas de canal e tudo o que vês te puxa para baixo, é tudo menos otimista!

Não acho que seja real aquela caracterização que fazem da Realidade; é uma pintura que realça os defeitos e não  valoriza as qualidades do mundo em que vivemos.

É para estares actualizado e informado?

Não acho que nos melhore vincar defeitos e ocultar qualidades.

É para falares sobre isso? 

Pior: não basta teres um PR sinistro e notícias más mas ainda comentamos e realçamos.

Neste jogo não entro, não quero!

Ensinaram-me a melhorar o mundo e aquilo não melhora em nada nem a mim, nem a ti, nem o nosso mundo. 

Óbvio!!!

Há uma centena de coisas que nos tratam melhor do que o monte de imagens que passam na TV todos os dias e dão força para viver melhor.

Ir a um museu, ir ver o mar, a serra, ir dar uma volta com a Ginja e abrir os pulmões para o ar entrar. Há um monte de imagens melhores no dia a dia.

O quadro geral (económico por ex.) para a população como tu e eu é imperceptível, e nós somos letrados: vou deixar de ver notícias, o meu mundo tem mais sorrisos que infelicidades.

A Gente boa que foi assassinada é a principal razão para não veres horas a morte deles e dar-lhes, aos assassinos, o que queriam.

Eu, que ando de cadeira de rodas, acho que o mundo não está tão feio como nos fazem querer.

Talvez seja inculto e desinformado mas ‘cá vou andando!’ dito com um sorriso.

Qual é a tua disposição depois de veres um monte de telejornais seguidos: alegra-te?

Não, mais vale ser pateta alegre que ficar com a cabeça feia de imagens, de quem parece convencido, de que nunca se viveu pior que hoje.

Andas pela rua e pelos hospitais e vês que há tantas razões para melhorar a nossa vida que podem ser passadas, tantas razões que se acotovelam e isto não está tudo tão mau como dizem!

Pessoas a levantarem-se e andarem…

‘Eu juro que é melhor não ser um normal!’:
(Neymato Grosso na balada de um louco)


Algo está errado e em vez de nos puxarmos para cima como membros da Família humana temos notícias de assassínios em directo.

E depois tudo no meu pequenino e querido mundo me dá alento para querer mais e melhor.

Mas tudo me faz andar (andar em pé) mais e melhor.

Os teus pais não te puseram cá para seres mal tratada.

Pensa bem?

Aquilo melhora alguém?

Melhora-te a ti?
Não é moralismo mas é evidente

02 janeiro 2015

Educação para o OTIMISMO

Alain de Botton devolveu à filosofia o seu simples e importante objectivo:  ajudar-nos a viver (melhor) as nossas vidas - The Independent


'se supusermos que a maioria das coisas normalmente acaba por se revelar um tanto decepcionante (mas não faz mal); que a mudança ocorre vagarosamente (mas a vida é longa); que a maior parte das pessoas não é muito boa nem muito má (incluindo nós mesmos - tal como há poucos muito altos e muito baixos, há poucos muito óptimos e muito péssimos); que a humanidade tem enfrentado crise após crise (e, no entanto, lá se vai arranjando) ...'

(BOTTON, Alain de em As Notícias: um manual de utilização)



Há diferentes realidades e estou em crer que as notícias e sua importância seriam melhores querendo e se os jornalistas tivessem um outro olhar mais arejado do mundo.

Não está tudo tão mau como nos fazem crer... escolher a favor da sanidade mental e contra a depressão pede-nos que não vejamos, nem leiamos jornais e telejornais, a favor da desactualização se ela é ler um mundo feio e cruel:

A FAVOR DOS DESACTUALIZADOS SÃOS!

Queremos tornar este mundo melhor e a nossa realidade tem muito mais cor, som, gosto, sensações que as realidades que as universidades de comunicação social nos querem dar.




















Quadros de Joseph Mallord William Turner (Londres, 23 de Abril de 1775 - Chelsea, 19 de Dezembro de 1851), foi pintor romântico inglês, considerado por alguns um dos precursores da modernidade na pintura, em função dos seus estudos sobre cor e luz. Filme Mr. Turner nas salas a ver como quem vai a uma exposição.