23 novembro 2014

A Justiça a que temos direito

Pela Clara Ferreira Alves no Sábado, 22 de Novembro de 2014





A Justiça é antes de mais um código e um processo na sua fase de aplicação. Ou seja, obediência cega, essa sim cega, a um conjunto de regras que protegem os cidadãos da arbitrariedade. Do abuso de poder. Do uso excessivo da força. Essas regras têm, no seu nó central, uma ética. Toda e qualquer violação dessa ética é uma violação da Justiça. E uma negação dos princípios do Direito e da ordem jurídica que nos defendem. 
Num caso de tanta gravidade como este, o da suspeita de crimes graves e detenção de um ex-primeiro-ministro do Partido Socialista, verifico imediatamente que o processo foi grosseiramente violado. Praticou-se, já, o linchamento público. Como?  

1) Detendo o suspeito numa operação de coboiada cinemática, parecida com as de Carlos Cruz e Duarte Lima, a uma hora noturna e tardia, num aeroporto, quando não havia suspeita de fuga, pelo contrário. O suspeito chegava a Portugal. Porque não convocá-lo durante o dia para interrogatório ou levá-lo de casa para detenção?  

2) Convidou-se uma cadeia de televisão a filmar o acontecimento. Inacreditável.       

3) Deram-se elementos que, a serem verdadeiros, deviam constar em segredo de Justiça. Deram-se a dois jornais sensacionalistas, o "Correio de Manhã" e o "Sol", que nada fizeram para apurar o que quer que seja. Nem tal trabalho judicial lhes competia. Ou seja, a Justiça cometeu o crime de violação do segredo de Justiça ou pior, de manipulação do caso, que posso legitimamente suspeitar ser manipulação política dadas as simpatias dos ditos jornais pelo regime no poder. Suspeito, apenas. Tenho esse direito. 

4) Leio, pela mão da jornalista Felícia Cabrita, no site do "Sol", pouco passava da hora da detenção, que Sócrates (entre outros crimes graves) acumulou 20 milhões de euros ilícitos enquanto era primeiro-ministro. Alta corrupção no cargo. Milhões colocados numa conta secreta na Suíça. Uma acusação brutal que é dada como certa. Descrita como transitada em julgado. Base factual? Fontes? Cuidado no balanço das fontes, argumentos e contra-argumentos? Enunciado mínimo dos cuidados deontológicos de checking e fact-checking? Nada. Apenas "o Sol apurou junto de investigadores". O "Sol" não tem editores. Tem denúncias. Violações de segredo de Justiça. Certezas. E comenta a notícia chamando "trituradora" de dinheiro aos bolsos de Sócrates. Inacreditável. 

5) Verificamos apenas, num estilo canhestro a que a biógrafa de Passos Coelho nos habituou (caso Casa Pia, entre outros) que a notícia sai como confirmada e sustentada. Se o Watergate tivesse sido assim conduzido, Nixon teria ido preso antes de se saber se era culpado ou inocente. No jornalismo, como na justiça, há um processo e uma ética. Não neste jornalismo. 

6) Neste momento, não sei nem posso saber se Sócrates é inocente ou culpado. Até prova em contrário é inocente. In dubio pro reo. A base de todo o Direito Penal. 

7) Espero pelo processo e exijo, como cidadã, que seja cumprido à risca. Não foi, até agora. Nem neste caso nem noutros. Isto assusta-me. Como me assustou no caso Casa Pia. Esta Justiça de terceiro mundo aterroriza-me. Isto não acontece num país civilizado com jornais civilizados. Isto levanta-me suspeitas legítimas sobre o processo e a Justiça, e neste caso, dada a gravidade e ataque ao regime que ele representa, a Justiça ou age perfeitamente ou não é Justiça.

8) Verifico a coincidência temporal com o Congresso do PS. Verifico apenas. Não suspeito. Aponto. E recordo que há pouco tempo um rumor semelhante, detenção no aeroporto à chegada de Paris, correu numa festa de embaixada onde eu estava presente. Uma história igual. Por alturas da suspeita de envolvimento de José Sócrates no caso Monte Branco. Aponto a coincidência. Há um comunicado da Procuradoria a negar a ligação deste caso ao caso Monte Branco. A Justiça desmente as suas violações do segredo de Justiça. Aponto. 

9) E não, repito, não gosto de José Sócrates. Nem desgosto. Sou indiferente à personagem e, penso, a personagem não tem por mim a menor simpatia depois da entrevista que lhe fiz no Expresso há um ano. Não nos cumprimentamos. Não sou amiga nem admiradora. É bizarro ter de fazer este ponto deslocado e sentimental mas sei donde e como partem as acusações de "socratismo" em Portugal. 

10) As minhas dúvidas são as de uma cidadã que leu com atenção os livros de Direito. E que, por isso mesmo, acha que a única coisa que a Justiça tem a fazer é dar uma conferência de imprensa onde todos, jornalistas, possamos estar presentes e fazer as perguntas em vez de deixar escorregar acusações não provadas para o "Correio da Manhã" e o "Sol". E quejandos. Não confio nestes tabloides para me informarem. Exijo uma conferência de imprensa. Tenho esse direito. Vivo num Estado de Direito. 

11) Há em Portugal bom jornalismo. Compete-lhe impedir que, mais uma vez, as nossas liberdades sejam atropeladas pelo mau jornalismo e a manipulação política.  

12) Vou seguir este processo com atenção. Muita. Ou ele é perfeito, repito, ou é a Justiça que se afundará definitivamente no justicialismo. Na vingança. No abuso de poder. Na proteção própria. O teste é maior para a Justiça porque é o teste do regime democrático. E este é mais importante que os crimes atribuídos a quem quer que seja. Não quero que um dia, como no poema falsamente atribuído a Brecht, venham por mim e não haja ninguém para falar por mim. A minha liberdade, a liberdade dos portugueses, é mais importante que o descrédito da Justiça. A Justiça reforma-se. A liberdade perde-se. E com ela a democracia.  

20 novembro 2014

20 de Novembro de 1980...




The Miracle by Queen


...Deu-se um nascimento miraculoso e o mundo melhorou.

'ELA melhora tudo' digo sem exagero e convicto!!!

O seu olhar desperta bondade e faz voar.

O céu festejou hoje 34 anos de existência e fez uma festa de som e luz.

'BUM BUM BUM, que nascimento tão bom!', disse ele.

AIII SUNNY AIII AIII

A magia é real,

A REALIDADE é mágica.

19 novembro 2014

Gracias a la vida que me ha dado tanto



Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio dos luceros que, cuando los abro,
Perfecto distingo lo negro del blanco,
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el oído que, en todo su ancho,
Graba noche y día grillos y canarios;
Martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
Y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el sonido y el abecedario,
Con él las palabras que pienso y declaro:
Madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
Con ellos anduve ciudades y charcos,
Playas y desiertos, montañas y llanos,
Y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano;
Cuando miro el bueno tan lejos del malo,
Cuando miro el fondo de tus ojos claros.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.
Así yo distingo dicha de quebranto,
Los dos materiales que forman mi canto,
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos, que es mi propio canto.

não ao mais ou menos



Não ao morno, ou quente  ou frio.

As pessoas com muitas certezas e poucas dúvidas n me dão segurança.

Dão-Me insegurança!

Alguma incerteza faz avançar!

Não gosto da ideia de paz de espírito!

O espírito é inquieto por natureza :)

15 novembro 2014

o tempo



Conversa comum deu dois textos muito diferentes.

Não fosse o interlocutor dotado de arte filosófica, vejam:

http://filosofiamaisciencias2.blogspot.pt/2014/11/o-tempo-existencial.html

Durante muito tempo pensei / pensava que o presente era instantâneo: era rápido e o tempo presente já tinha passado.

No entanto, ontem (!?) um sábio explicou que ‘esse’ é um defeito atual, vê inovar como um escape do novo ao antigo, que não faz sentido pensar só neste momento, só no agora, neste segundo só, como presente.

Há um passado a preservar, não pensemos que chegamos agora, hoje e mudamos todo o passado, TUDO, para futuro melhor;

conservador?

Talvez pós moderno…

Ele muda de pessoa para pessoa e às vezes a mesma pessoa tem vários presentes, mais rápidos e mais lentos.

Lá vai o meu presente número um em velocidade ultrapassando o meu presente actual, vrumm…

O meu presente actual começou quando comecei este texto.

Não passou à medida que fui escrevendo.

Temos vários presentes, alguns passados e um único futuro.

O meu presente, não é isto, o meu tempo foi invadido de comida pelo almoço.

Esta questão já vem sendo pensada mas não escrita desde ontem (em 12.11) na conversa com o sábio que também vai escrever sobre este assunto.

Enquanto se escreve um mesmo texto estamos sempre num mesmo tempo, num presente!?

Não, um texto pode demorar anos a ser escrito e as ideias mudam.

As ideias mudam consoante são escritas, escrever ajuda a pensar melhor.

Por isso encontras por vezes, escritores que adoras e ao vivo são só isto?

Pensava que eu eras feito doutra massa qualquer, tipo oiro ou assim, mas não, és banal como todos nós.

Fazer durar o tempo é uma virtude, o tempo sempre a mudar com pessoas e ideias novas não me parece grande qualidade, ‘estamos a inovar!’, diz-se / escreve–se por aí como se fosse uma grande qualidade do ser moderno: se se mantém, é porque agrada.

Mudar / inovar é porque não se está contente.

A moda estar sempre a mudar em todas as estações não me parece muito sustentável, nunca se chega a uma roupa que continue a ser elegante, bonita, que ultrapasse os tempos.

Vários tempos, vários espaços, espaço e tempo vivem associados: mudas de espaço, mudas de tempo: a história de vida muda; o contrário não é obrigatório: passamos a maior parte do tempo no mesmo espaço.

O espaço pode mudar muito ao longo do tempo.

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Há gente que encontro e penso: 'tem cabeça de pensadora, que pena  não escrever!'

É uma maneira de alimentares Presentes, é uma ótima maneira de aproveitares o tempo.

Quantas vezes dou por mim a pensar em situações passadas: 'isto devia estar escrito!'

Paisagens, situações, abstracções, imaginações: 
'está inscrito/escrito em nós antes de falado e pensado!' (J. Derrida)

foi aprendido, em dada altura das nossas vidas, e permanece inscrito nas ideias mesmo quando não pensamos nelas, e pode ser comunicado e exteriorizado.

14 novembro 2014

Diego Maradona



é (também) por coisas destas que gosto de futebol.

não sei se tanta arte junta torna mais pequeno o gosto mas se quiseres podes ver em separado dez peças.

o último golo parece um bailado... :)

11 novembro 2014

aqui e ali




pela estrada fora


Nos últimos tempos, Bosmans pensava em certos episódios da sua juventude, episódios sem continuação, cortados, cerce, rostos sem nome, encontros fugazes. Tudo isto pertencia a um passado longínquo, mas com estas breves sequências não estavam ligadas ao resto da sua vida, permaneciam em suspenso, num eterno presente. Não deixaria de se interrogar sobre este assunto, e nunca encontraria perguntas. Excertos que, para ele, permaneceriam para sempre enigmáticos. (em O Horizonte de Patrick Modiano)

05 novembro 2014

Boa sorte Mirtilo,



Viveu cinco meses cá connosco o Mirtilo.

vinha sem nome.

era fugidio e reservado, tinha pinta de vilão mas era sossegado.

tinha charme.

chegou devagar e foi ganhando simpatia.

claro que ser namorado da Ginja lhe deu reconhecimento, não é qualquer um que a conquista, não!

Chegou cá parecia um morto vivo e após a Ginja ter cuidado/lambido o pelo dele ficou outro.

Foi bera a experiência mas foi digno.

'O bem e o mal é para quem os faz!'

Aqui não é sítio  dele, vais encontrar outro poiso onde cuidem de ti bem (cuidar é bonita palavra que vocês ensinam  aos ‘humanos’) boa sorte!

Esta experiência deixa-me a bonita imagem de eles dois juntos a passearem…


01 novembro 2014

Camané

'Ai foi o dia que invadiu a noite
ou foi a noite que invadiu o dia'

('A Noite e o Dia' do Camané)



este filme 'é Fado por todo o lado!'

apetece conversar com eles, com o Zé Mário (fala com as mãos) e o Camané.