28 fevereiro 2017

O óscar do melhor filme vai para... FENCES!!! (vedações)



Vedaçoes: Baseado na aclamada e premiada peça teatral homónima, um jogador de basebol aposentado, que sonhava em se tornar uma grande estrela desse desporto durante sua infância, agora trabalha como recolector de lixo para sobreviver. Ele terá de navegar pelas complicadas águas de seu relacionamento com a esposa, o filho e os amigos.

Viola Davis ganhou o Óscar de Melhor Actriz Coadjuvante.
A história é muito bem dirigida pelo actor principal (Denzel Washigton), cada personagem está muito bem criado e evolvido num elenco familiar onde os afectos são poucos e merecidos. O Filme passa-se todo num espaço curto (uma casa e sobretudo o seu pátio com algumas, poucas, saídas ao exterior). Há uma quantidade enorme de símbolos que vão surgindo e sendo repetidos ao longo do filme:

sinais: a barreira a construir que não evita só a invasão mas também a fuga, a bola de basebol presa e abandonada no pátio, cada filho, ...;

ritos
- a fuga depois do trabalho diária;
- as visitas que vão acabando do Amigo;
- cada conversa;

palavras em conversas existenciais:

- Donde vimos?
- Para onde vamos?
- E o que é que estamos a fazer aqui?


pessoas;
- uma Viola Davis que grita estou aqui;
. um irmão no mundo aparte;
- uma filha de amor infiel que dá segunda vida ao esteio dele;
- um filho saxofonista músico que aparece só para cravar;
- um filho que não conseguindo contornar memórias más de seu pai no basebol vai para a marinha;
- um amigo e colega recolector

Vale muito a pena!

27 fevereiro 2017

O Amor é optimista




Em cada gesto acreditar que podes melhorar.

O Ontem foi desafio bem ganho.

E há muito que podes viver melhor: o amanhã é sempre imprevisível e para ser ganho.

Com esperança e com leveza.

É contagioso o sorriso e  a Alegria.

Pensemos bem em cada órgão do nosso corpo e cada espaço do nosso mundo: tem qualquer coisa de mágico e maravilhoso!

 'ah e o Mar é belo' (ZM dixit!!!)

Tem o desafio de não ser tão  fácil como parece... e por isso  sabe melhor quando é conquistado, dado! 


18 fevereiro 2017

Deixem-me contar-vos uma história

Viagem, pai e filho de carro, Lisboa – Sintra bem conseguida rápida e a conversar em direcção a um jantar com a lady mãe, que tinha vindo de comboio, pré concerto à antiga.

A chegar, por trás da estação (em atalhos conhecidos por gente da zona, ora, quem se mete por atalhos mete-se em trabalhos…), eis que num cruzamento somos forçados a parar e BUM, levamos uma mocada por trás.

Foda-se, bela merda agora…

Paramos um pouco à frente como é hábito para conversar; para um carro com uma jovem vidro aberto a pedir que abríssemos o nosso vidro, abrimos e ‘mas o senhor é parvo ou quê!?’, diz duas ou três vezes e arranca. 

Tirei a matrícula!

Ele sai para ver os estragos:

não me vou chatear mais com isto, não tem nada!’

Restaurante: carro parado à entrada.

Sento-me e vem direito a mim um senhor com menu: ‘eu vou esperar...’

 Vejo entrar e a falar alto com ar carrascão a rapariga que fugiu! As ideias rebobinavam, as imagens:

BUM, você é parvo? Matrícula, Restaurante…

Pai, Olá mãe, WC, tentei contar na WC que ela estava ali, voltámos à mesa: tenho que contar uma coisa importante que aconteceu… ui, o Trump? O Marcelo? O Benfica?
Começo a contar que bateram-nos e o pai a dizer que não foi nada e para o que é que tinha de contar ali!?

É que está ali a tal rapariga!

Mas o que é que aconteceu!? Pai explica e dá ideia de dizer a matrícula para ver qual a reacção mas primeiro os pedidos: Os putos vão para uma pizza partilhada e pouco imaginativa (camarão e ananás em massa baixa e fina) e quem sabe de cozinha e cultura italiana requintada tem a sua escolha de massas… com verdes e tomates.

Lê a matrícula, conhece!? Não, sem perguntar nem porquê… tudo nela soava a mentira, o ar, o olhar, tudo...

O pai qual Sherlock Holmes levanta-se: ‘vou procurar um carro com esta matrícula nas redondezas...’. Vai e volta, ‘então!?’, ‘está ali o carro!

Ela volta à mesa, o pai fez um discurso certeiro e singelo: ‘você desculpe mas quando estas coisas acontecem o costume é pararmos e conversarmos para resolver o problema… não há problema nenhum mas caso houvesse...’, 

a mãe: ‘você também não gostava que lhe batessem e fugissem...’

Ela: ‘Desculpem!’

E FOI ASSIM!!!

11 fevereiro 2017

Coisas que o mundo inteiro deveria aprender com Portugal 26/11/2016, 13:39

 

Coisas que o mundo inteiro deveria aprender com Portugal 26/11/2016, 13:39 
(visto por uma estrangeira dentro do rectângulo...)


Portugal é um país muito mais equilibrado do que a média e é muito maior do que parece. Acho que o mundo seria melhor se fosse um pouquinho mais parecido com Portugal. Dentre as coisas que mais detesto, duas podem ser destacadas: ingratidão e pessimismo. Sou incuravelmente grata e otimista e, comemorando quase 2 anos em Lisboa, sinto que devo a Portugal o reconhecimento de coisas incríveis que existem aqui - embora pareça-me que muitos nem percebam. Não estou dizendo que Portugal seja perfeito. Nenhum lugar é. Nem os portugueses são, nem os brasileiros, nem os alemães, nem ninguém. Mas para olharmos defeitos e pontos negativos basta abrir qualquer jornal, como fazemos diariamente. Mas acredito que Portugal tenha certas características nas quais o mundo inteiro deveria inspirar-se. Para começo de conversa, o mundo deveria aprender a cozinhar com os portugueses. Os franceses aprenderiam que aqueles pratos com porções minúsculas não alegram ninguém. Os alemães descobririam outros acompanhamentos além da batata. Os ingleses aprenderiam tudo do zero. Bacalhau e pastel de nata? Não. Estamos falando de muito mais. Arroz de pato, arroz de polvo, alheira, peixe fresco grelhado, ameijoas, plumas de porco preto, grelos salteados, arroz de tomate, baba de camelo, arroz doce, bolo de bolacha, ovos moles. Mais do que isso, o mundo deveria aprender a se relacionar com a terra como os portugueses se relacionam. Conhecer a época das cerejas, das castanhas e da vindima. Saber que o porco é alentejano, que o vinho é do Douro. Talvez o pequeno território permita que os portugueses conheçam melhor o trajeto dos alimentos até a sua mesa, diferente do que ocorre, por exemplo, no Brasil. O mundo deveria saber ligar a terra à família e à história como os portugueses. A história da quinta do avô, as origens trasmontanas da família, as receitas típicas da aldeia onde nasceu a avó. O mundo não deveria deixar o passado escoar tão rapidamente por entre os dedos. E se alguns dizem que Portugal vive do passado, eu tenho certeza de que é isso o que os faz ter raízes tão fundas e fortes. O mundo deveria ter o balanço entre a rigidez e a afeto que têm os portugueses. De nada adiantam a simpatia e o carisma brasileiros se eles nos impedem de agir com a seriedade e a firmeza que determinados assuntos exigem. O deputado Jair Bolsonaro, que defende ideias piores que as de Donald Trump, emergiu como piada e hoje se fortalece como descuido no nosso cenário político. Nem Bolsonaro nem Trump passariam em Portugal. Os portugueses - de direita ou de esquerda - não riem desse tipo de figura, nem permitem que elas floresçam. Ao mesmo tempo, de nada adianta o rigor japonês que acaba em suicídio, nem a frieza nórdica que resulta na ausência de vínculos. Os portugueses são dos poucos povos que sabem dosar rigidez e afeto, acidez e doçura, buscando sempre a medida correta de cada elemento, ainda que de forma inconsciente. Todo país do mundo deveria ter uma data como o 25 de abril para celebrar. Se o Brasil tivesse definido uma data para celebrar o fim da ditadura, talvez não observássemos com tanta dor a fragilidade da nossa democracia. Todo país deveria fixar o que é passado e o que é futuro através de datas como essa. Todo idioma deveria carregar afeto nas palavras corriqueiras como o português de Portugal carrega. Gosto de ser chamada de miúda. Gosto de ver os meninos brincando e ouvir seus pais chama-los carinhosamente de putos. Gosto do uso constante de diminutivos. Gosto de ouvir "magoei-te"? quando alguém pisa no meu pé. Gosto do uso das palavras de forma doce. O mundo deveria aprender a ter modéstia como os portugueses - embora os portugueses devessem ter mais orgulho desse país do que costumam ter. Portugal usa suas melhores características para aproximar as pessoas, não para afastá-las. A arrogância que impera em tantos países europeus, passa bem longe dos portugueses. O mundo deveria saber olhar para dentro e para fora como Portugal sabe. Portugal não vive centrado em si próprio como fazem os franceses e os norte americanos. Por outro lado, não ignora importantes questões internas, priorizando o que vem de fora, como ocorre com tantos países colonizados. Portugal é um país muito mais equilibrado do que a média e é muito maior do que parece. Acho que o mundo seria melhor se fosse um pouquinho mais parecido com Portugal. Essa sorte, pelo menos, nós brasileiros tivemos. 

Ruth Manus é advogada e professora universitária e assina um blogue no Estado de São Paulo, Retratos e relatos do quotidiano