27 fevereiro 2019

destruição de preconceitos



Aquela ideia do emprego do horário das 9h às 17h num mesmo local já não existe ou não podes assumi-lo;

Sem casamento e sem filhos tens sérias hipóteses de seres feliz, o mundo está preparado para casais com crianças, sem elas é mais exigente...

Com 38 anos ainda podes estar a começar a vida de novo e 'o amanhã o dia é melhor' ser tão verdadeiro como com 08, 18, 58, 68 ou 88.

A ideia de padrão não encaixa bem contigo.

Os rótulos dos 18 anos dificilmente são cumpridos.

A história dos amigos para sempre é verdade, em parte...

O mundo não é uma selva, dependemos todos uns dos outros e há muito cuidado (amor) por aí.

A melhor forma de seres egoísta é teres uma boa dose de altruísmo e rires muito.

24 fevereiro 2019

Se me amas, não chores mais!

A morte não é nada.
Apenas passei ao outro mundo.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro ainda o somos.

Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.
Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.

Que o meu nome se pronuncie em casa,
como sempre se pronunciou.
Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra.
A vida continua significando o que significou:
continua sendo o que era.
O cordão de união não se quebrou.

Porque estaria eu fora dos teus pensamentos,
apenas porque estou fora de tua vista?
Não estou longe,
Somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo está bem.

Redescobrirás o meu coração,
e nele redescobrirás a ternura mais pura.
Seca as tuas lágrimas e, se me amas,
não chores mais.

23 fevereiro 2019

Diálogos transatlânticos: Marc Augé

Este vídeo (link) pensa e faz pensar como é bom pensar.
Interessante, ensina e faz-nos aprender!

Não nascemos de nada!' (Marc Augé): nascemos num mundo já existente, já criado e integramos-nos, melhor ou pior nele!

As imagens pelo meio fazem-nos perceber como o horizonte de diferentes planícies espaciais dá-nos uma enorme liberdade.

Alerta para conceitos criados por ele como Não lugares: existem mais nas cidades que no campo, centros comerciais, aeroportos, onde não és ligado a ninguém, não tens nem nome, nem família e dão-nos alguma sensação de Liberdade.

20 fevereiro 2019

Colares, intemporal





Esta carta tem Amor por todo o lado. 

Do nosso, meu e teu, Pai, do que tens por mim e eu por ti, 

Do que tens pela mãe Teresa e ela tem por ti. 

Do que tenho por ela, e ela por mim. 

Do que temos e vivemos com os outros, 

Com cada um de vocês.


Com a palavra Obrigado começo. 

E ela estende-se ao longo desta carta, estende-se na minha vida, ela está 

subentendida: 

um Obrigado que vem de antes do meu nascimento e vai até para lá, pelo 

menos, até ao meu corpo falecer.


Carta aberta para ti pai, 

Uma folha vazia espera por palavras e ideias ao acordar: na casa enorme, sem 

ti, Pai Fernando, preenchida pelo teu carisma, zonas particulares muito tuas, 

pela história que deixaste nela… tuas ideias, teus gestos, textos, rotinas e 

palavras.

No livro Passos em volta do Herberto Hélder há uma excerto que sinto poder ser 
dito por ti:

Eu sou alimentado pelos séculos, vivo afogado na história de outros 
homens.

Ora um pai é intemporal, não todo e qualquer pai mas tu pai és intemporal,
 criaste os alicerces dos edifícios que sou; escrever para ti é escrever sem tempo
 ou com todos os tempos: és passado, és presente e és futuros que lanças. 

Fica a tua memória viva em nós!




Privilégio… 

É a palavra que me persegue desde a tua morte.

Privilégio é o que sinto por te ter na vida; continuarás a viver em mim, de espírito 

e memória leve, alegre e pensada; 

Um privilégio bem ganho e não perdido.

Um privilégio que nasceu, cresceu, envelheceu, viveu, criou memórias e abre 

futuros.

Ensinaste que devo viver a vida como um privilégio e não como um direito.

Ficas vivo em mim, foste uma vida vivida até ao fim, porque se há melhores 

formas de morrer, tu foste uma delas com certeza: viveste a vida toda, viveste-

a bem.

Falavas muito em morte e, dizias, que a nossa cultura fala menos em morte 

do que devia; devia ser um assunto mais natural, mais comum, talvez se nos 

preparássemos melhor, não nos custasse tanto ser apanhados de surpresa, 

talvez…

Não estávamos à espera da tua morte, era futuro, não sabíamos como ia ser, 

felizmente.

Com 85 anos (mais os nove meses que lembravas sempre, tão teus) já não 

eras novo, tiveste uma vida cheia de mundos onde foste forte em cada um 

deles, a tua chegada anima e é boa; a partida, o adeus custa, não é bom e 

tentamos encontrar as melhores formas de viver teu luto.

Só sentimos saudades do que é bom e nos faz falta.

Parece que foste para uma viagem longa e vais voltar, voltas muito em memórias,

vejo-te em todo o lado a sorrir; mais que um pai, foste um amigo que gostamos de 

ter e ser, sempre lá sorridente, em todo o lado e altura; pedes que continuamos a 

estrada olhando de frente e de cima para os desafios que a vida nos trará. 


Quero deixar uma homenagem pelo homem admirável que és alguém que 

partilhou o pão connosco, um companheiro!

Sem dar por isso, vamos sendo tu, fruto do tempo vivido contigo.

Muitas coisas mais deixaste em mim, tive o bom sabor, o prazer de te ter ao meu

 lado no final da vida, nestes últimos doze anos desde 18 de Novembro de 2006:

 estiveste lá a acompanhar-me em todas as alturas e lugares com teu apoio e 

como soubeste fazê-lo bem.

Diz quem sabe que o acidente foi uma forma de te dar vida e trazer de volta para o

 mundo, de novo, o ‘há males que vêm por bem!’ de que somos cúmplices.


E a memória: vejo-te em todo o lado a sorrir e a pedires para que continue cada vez

 mais erguido e a falar melhor, assim o farei levando o teu testemunho sempre.

Tens qualidade cinéfila: muitos e normalmente, bons filmes, um por semana, melhor

aram nossa vida conjunta: um ciclo do Bergman, Chavela Vargas, a Fábrica do 

Nada, Bohemian Rhapsody e Patterson são alguns dos que me lembro; não íamos 

ver americanadas, xaropadas: tinhas qualidade na escolha.

Os textos lidos por ti ganhavam admiração, beleza; não perderam nada: mudaram 

leitores, vozes, histórias e ganharam exigência.

Tiveste uma terceira idade activa onde passeámos imenso: eu à frente com

 tripé e tu vigilante atrás é a nossa imagem de marca que fica.


Deixaste-nos a responsabilidade de fazermos por viver bem!!!

Apesar de tudo, Tu já não eras novo (85 anos), Já sou do século passado, 

vivo já há 18 anos num século que não é o meu, usurpei-o, dizias e tiveste 

muitos mundos em que foste forte, onde criaste uma personalidade com 

quem sabia bem estar ao lado.

E, todos gostávamos que a nossa imagem final representasse a que tu 

ganhaste: alguém que não foi + ou -, que tornou o mundo melhor e que 

não passou indiferente por esse mundo.

Olhando, de relance, agora, vejo muitas caras amigas, olhares bonitos que 

deixam certezas de que viveste bem e és muito acarinhado: Parabéns 

também por isso!

Boas coisas era o teu desejo de marca favorito e com Boas coisas me 

despeço, com amor do teu sempre Zé Maria

Com a palavra Obrigado acabo! 


Foste um pai

formidável Fernando Belo