Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo, cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã se esse chão que eu beijei
for meu leito e perdão
vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
1 comentário:
Essa canção é um dos mistérios que vem do fundo do mar, do grande mar do inconsciente, onde moram as divindades e habitam as sagradas contemplações do infinito. Canção mais do que forte e vitoriosa, entoada pela não menos vitoriosa Maria Bethânia, que imprime nos seus versos o canto celestial do invisível. Afinal, ela sabe trabalhar muito bem com o invisível, pois convive com ele e aprende constantamente com o seu espaço ilimitado.Essa canção foi cantada por ela também no show "Âmbar - Imitação da Vida", com um texto do Fernando Pessoa, extraído do livro "Desassossego", que diz o seguinte: "Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que uma espectadora de mim mesma,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário, para viver o meu sonho,
entre luzes brandas e músicas invisíveis." Show precioso que foi um grande sucesso por onde aportou, desde o Brasil até além-mar. Nele,mais uma vez o canto e a presença de uma intérprete fantástica e sem comprometimento com nada, a não ser com o bom gosto e a sinceridade do seu canto, da sua emoção, do seu coração. Salve a "Senhora do Vento Norte" com seu manto de sal e espuma!!!
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