24 dezembro 2013

acorda amor que é Nataaal



"Morre lentamente quem não viaja,

Quem não lê,

Quem não ouve música,

Quem destrói o seu amor-próprio,

Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,

Repetindo todos os dias o mesmo trajeto,

Quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,

Quem prefere O "preto no branco"

E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,

Justamente as que resgatam brilho nos olhos,

Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

  Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,

Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,

Quem não se permite,

Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante,

Desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece

E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,

Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o Simples ato de respirar.

Estejamos vivos, então!»

Pablo Neruda  (1904-1973)

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