30 março 2021

Houve um grande amigo que me ensinou a palavra 'Tranquilo'...


A maioria de nós introduz mais tarefas a cumprir na nossa lista diária, do que consegue humanamente executar até ao fim do dia.

E não há nada de mal com isso, a menos que...

... ficarmos escravos da lista de afazeres!

Esse é o grande drama dos nossos dias, que como que nos obriga a correr de tarefa em tarefa, para pegarmos tão depressa quanto pudermos na que vem na posição seguinte na nossa lista.

Tornamo nos autênticos autômatos, talvez inspirados pelas máquinas fantásticas que nos rodeiam. 

A nossa vida é uma corrida contra o tempo onde fica geralmente de fora o principal, por ser tão óbvio que nem nos ocorreria incluir na lista, acho mesmo que não teríamos lata de o fazer.

Dessa lista faz oarte:
- tempo de qualidade com ou para a família e os amigos
- tempo para tomar refeições calmamente para não sofremos de indigestão e outras doenças afins
- tempo para fazer exercício físico
- tempo para fazer algo que nos dê prazer para além da televisão que nos deixa prostrados, e a partir duma certa idade ou o programa é de elevada qualidade, o que não é fácil acontecer nos canais nacionais a que a maioria  de nós assiste, ou acabamos por nos deixarmos adormecer;
- tempo para apanhar luz solar, e dez minutos por dia é o mínimo indispensável, quer faça chuva ou sol.

Qualquer um destes itens que fique de fora do nosso dia a dia é passível de provocar stress, o que vem agravar ainda mais a situação de falta de tempo, já que o indivíduo que sofre de stress acaba eventualmente por se tornar desorganizado e com perda de auto estima.

 Alguns optam por tomar comprimidos que os ajudem a lidar com uma situação que não conseguem mudar, pois não têm objetividade suficientemente para analisarem a sua própria vida e ver onde as coisas descarrilaram;
Outros optam por recorrer a um Psicólogo, ou em casos de maior gravidade, a um Psiquiatra, que os ajude a desvendar o cerne do problema;
Outros ainda chegam tudo para o lado e resolvem começar a fazer Yoga ou Exercício Físico.
Mas a GRANDE maioria de nós larga os panos a bater e deixa se ir ao sabor das correntes, sem conseguir prever o que lhe vai acontecer.

No meu dia a dia deparo me com vários casos de stress, geralmente um sintoma secundário para o qual o paciente procura a ajuda de Acupuntura, que em 90% dos casos é procurada e bem para situações de dor.

Uma coisa que me encanta neste meu tratamento é constatar que logo na primeira sessão o paciente é levado a arrumar geralmente parte da sua casa. Não há nada de mágico aqui, simplesmente a melhoria sentida a nível da saúde leva a que a pessoa comece a pôr ordem na sua própria vida.

E quando na segunda sessão pergunto aos meus pacientes se arrumaram a casa durante a semana, olham para mim desconfiados. 'Será que esta também é bruxa?"  oiço os pensar. E aí dou a explicação para que não fiquem assustados.

Agora onde quero chegar é ao seguinte: se não tomamos o comprimido da vida, ou seja, se não fazemos exercício físico diário, tomamos refeições equilibradas, dormimos seis a oito horas por dia, e tiramos um dia por semana para descansar e fazer apenas o que nos apetece, acabamos a ter de ficar a tomar comprimidos para nos mantermos vivos!

É tudo uma questão de bom senso e de opção e não me venham com desculpas que o tempo não chega. Fomos criados com tempo suficiente para fazermos tudo o que precisamos de fazer neste mundo e isso passa também pelo convívio e por tratarmos bem o nosso corpo que nos transporta para onde queremos ir.

Será pedir muito?

Aprendi há alguns anos que a melhor atitude para se gozar o descanso é pensarmos que o que não ficou feito até esse momento, é como se tivesse ficado.  Simples, não é?

Assim fica fácil recuperarmos de volta a nossa liberdade e dirigirmos de novo o nosso barquinho, aproveitando bem a direção do vento para avançarmos sem esforço, e estando atentos ao momento em que devemos mudar de bordo.

24.03.21
Mariana Campbell

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