Sinto que há uma dissonância entre a vida nas grandes cidades e o que se passa no campo. Vivo em Lisboa, capital do país, e há água por todo o lado. O Tejo acaba aqui, juntando-se ao mar, e por mais que se fale em seca ela não parece real. As árvores e os jardins continuam verdes. Não falta água nas torneiras. Parece não haver problema algum. Mas há. A maioria do território continental (60%) está em seca extrema. Nos campos, os terrenos estão à míngua. As batatas precisam de crescer, mas não há chuva que lhes valha. Seca a erva que alimentaria o gado. As águas de março faltam-nos. Virão as mil, de abril?
Este fevereiro foi o terceiro mais quente desde 1931. Pior, só em 2012 e 1934. Nada disto, infelizmente, é novidade. Têm-se batido recordes de temperatura, face aos registos históricos, com uma frequência assustadora. Se o planeta está mais quente e não chove, o mundo natural ressente-se. E a economia também: em várias barragens, a produção de energia hidroelétrica foi suspensa. O que dizem os estudos sobre o futuro é que no nosso país vai chover menos. Então, que fazer?
A minha mãe costuma dizer: "Quem não poupa água e lenha, não poupa nada que tenha." Será mesmo assim? Será que as campanhas de racionalização de consumo e os apelos do Governo têm, realmente, alguma influência na gestão de um recurso tão precioso como a água? Sabendo-se que 75% do consumo é da responsabilidade do setor agrícola, faz sentido andar a defender banhos de cinco minutos?
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