23 agosto 2024

Agora só daqui a um ano, se nos voltarem a deixar (Bruno Nogueira)


As férias são o presente que recebemos por termos passado o ano a envelhecer a dobrar com o trabalho que depositaram em cima de nós. Achamos que são sempre curtas, que ficam mais pequenas de ano para ano, mas aceitamos, porque somos bons a queixarmo-nos, mas melhores a obedecer.



ANDAMOS A ARRASTAR
 o ano inteiro às costas na esperança de depois sermos livres, seja lá o que isso quer dizer. Até lá somos o que podemos, enquanto podemos. Acordamos e vamos resolver os problemas que estão à nossa espera no trabalho, uma secretária cheia de respostas por dar, pontos de interrogação à nossa volta, outros de exclamação a espetarem-nos as costas, e nós de cabeça erguida a lutar contra o tempo e contra todos. Somos traídos pela miragem dos dias de férias, um céu magenta que vai ficando cada vez mais longe quando damos sinais de o querermos agarrar; e como um cavalo cansado que segue o caminho que conhece sem pensar, enfiamos a cabeça no computador para que até lá o tempo não tenha o peso do tempo todo que ainda falta.

As férias são o presente que recebemos por termos passado o ano a envelhecer a dobrar com o trabalho que depositaram em cima de nós. Achamos que são sempre curtas, que ficam mais pequenas de ano para ano, mas aceitamos, porque somos bons a queixarmo-nos, mas melhores a obedecer. Somos fáceis, dão-nos pouco e sabe-nos a muito. Se ainda trabalhamos é porque queremos que cheguem os dias em que finalmente nos vemos livres de tudo, em que acordamos e temos as horas todas por nossa conta, sem que nos digam o que fazer com elas. A recompensa é curta, para o tanto que custou a lá chegar. Nas férias somos felizes porque podemos fazer de conta que mandamos em tudo o que somos. É uma gloriosa ilusão, que nos agiganta e contesta tudo o que fizeram de nós até lá chegarmos. E então, como um grito de alegria contra a avalanche que é o peso dos dias, vingamo-nos sendo melhores pais, melhores amigos, melhores maridos e mulheres, melhores tudo, porque podemos enfim ser aquilo que desde pequeninos achámos que era isto de ser adulto. Dá muito trabalho conseguir chegar inteiro até ao solitário mês de férias que nos espera, depois de uma batalha campal que se arrastou pelos outros onze. São longos meses a contrariar o que o corpo quer, e o que a cabeça precisa. E depois, quando finalmente lá chegamos, fazemos o máximo que conseguimos, tentamos que eles estiquem até ficarem do tamanho dos outros tantos que nos roubaram. Vingamo-nos em excessos, a tentar compensar as muitas horas em que a nossa cabeça achou que não ia conseguir mais, em que o nosso corpo se arrastava entre a casa e o trabalho, numa coreografia cansada de quem já não pensa, só faz, para que não haja nada a apontar. Será que no fim, quando se fizerem as contas, não nos vamos sentir roubados?

Juan Cavia

Assaltam-nos o pouco tempo que temos para andar por cá, e ainda esperam que andemos por aí com a alegria de quem é dono de si. A que porta é que vamos bater quando percebermos tudo o que perdemos? As férias são um parêntesis, uma sombra de descanso que tenta como pode disfarçar o peso do que nos espera lá fora, na vida real. Agarramos na alegria toda que andámos a juntar, e andamos pela rua com a leveza ilusória de quem sabe que amanhã é tudo nosso outra vez. Estamos tão mal-habituados que damos por nós a fazer contagens decrescentes de cabeça, para tentar perceber quanto é que ainda nos resta até à apneia dos dias de trabalho. Passamos a vida a obedecer, à procura de aprovação, que nos achem mais e melhores do que aquilo que achamos de nós próprios. Somos tão frágeis, tão perigosamente frágeis, dependentes dos outros para que possamos fazer qualquer coisa de nós. Só somos verdadeiramente livres quando nascemos, a partir daí é sempre a perder. Há dias em que achamos que ninguém manda em nós, era o que faltava, agora vai ser outra pessoa a dizer o que faço, o que sou, quando sou. Mas depois de nos passar o delírio, lá voltamos a responder ao email antes que nos despeçam, antes que já não nos queiram mais. Só somos livres quando nascemos e quando morremos, entre uma coisa e outra somos o melhor que conseguimos. É por isso que as férias valem tanto – devolvem-nos a fantasia de controlarmos os dias, a frágil ideia de sermos o que prometemos a nós mesmos, de sermos o que queríamos, donos e senhores de nós.

E no fim arrumamos a custo tudo no carro, porque já sabemos aquilo que nos espera. Fazemo-nos à estrada, e levamos na memória aquilo que conseguimos juntar nos dias felizes que estão a ficar para trás com a paisagem. Chegamos a casa, e vemos em todo o lado as marcas dos dias repetidos que estiveram ali à nossa espera. As contas costumam bater certas: o descanso há-de durar o mesmo tempo do bronze que temos na pele. Ou menos, muito menos.

Foi tão bom que custa a acreditar que agora só daqui a um ano, se nos voltarem a deixar. 


Texto escrito segundo o anterior acordo ortográfico

19 agosto 2024

Ficção e ocorrência são algo seguintes no processo de escrita!


O Miguel Esteves Cardoso fala no livro COMO ESCREVER em como as ocorrências levam às ficções.

Quem escreve deve estar atento para quando elas surgirem responder a elas criando e imaginando  sonhos que pode/deve desenvolver.
Ficcionador é do melhor que há, aliás, todos somos ficcionadores. (um amigo)

Vivemos num mundo ficcionado/inventado por NÓS todos e pelos outros.




13 agosto 2024

o Amor é ficcionado?


Nunca estamos satisfeitos, é uma característica do ser humano: insatisfação e necessidade de melhorar.

Peço imensa desculpa de vos estragar as férias mas é a verdade, lamento: Boas Férias!!!

O Amor pode ser alguém ficcionado longe no tempo e no espaço ou sempre presente no teu peito.

O AMOR não tem limites: muita gente junta tem sempre amor para sonhar, friccionar, lembrar, imaginar e/ou amar (ou não: também podem fazer guerra quando são estúpidos!!!)

Quando estamos sozinhos queremos estar acompanhados, quando sozinhos precisamos de liberdade.

Se alguém desaparece ficamos todos preocupados: outro que se fartou de viver?

Sol e calor queremos mar.

Frio e chuva queremos fogueira.

Tendo em conta que o amor tem que ser inventado, criado, imaginado é ficcionado!

Tem sempre alguma margem para ser melhorado.

Não há manuais de instruções, felizmente, para se encontrar o Amor indicado com quem partilhar a vida.

É um jogo complicado de encaixar.

Não conheço nenhum bicho do mato que prefira passar a vida a solo, apesar de tudo.

O  jogo entre lembranças, memórias, imagens do passado, sonhos, imaginações, abstrações futuras é sempre longe de aqui e do agora.

Ninguém nasce a sorrir ou calado, estava aqui tão sossegado, quem ligou a luz!?

Tanto tempo em segredo para isto!? buááá!

Ninguém nasce com desejo e à procura do amor, tanto tempo isolado do mundo levaria a pensar: quando sair lá para fora vou sorrir charmoso a toda a gente...

Mas é só choro, sangue e mucosa,

O corpo nasce em ruínas e é agarrado e passado em Amor, beijinhos e abracinhos.

Nasce fruto de um acto de amor vivido 9 meses antes entre uma mulher e um homem fartos de tranquilidade e fodem a vida toda futura e somos todos frutos dessa relação pedagógica na formação de grupos pessoas (homens e mulheres) tentando encontrar o que fazer com a vida e não nos temos saído mal.

Escrita, Leitura, Literatura, Dança, JO'S, Desporto, Cinema, Moda, Filosofia, Alimentação, Vestuário, Arquitetura, Música, Pintura, Escultura, Teatro e muito mais haverá por certo que o mundo não está nada mal esgalhado.

12 agosto 2024

Nós somos um sonho que quero tornar realidade!!!

A fuga ao agora, ao aqui, a este espaço, a este momento é inevitável às vezes. Quando queres confrontar quem és, imaginas amores que recordas.

Ali, no passado, já não era bom; ali, no futuro, será o sonho utópico que queres ser/ter, será melhor e uma realidade maravilhosa.
 

Farás tudo por ela, nela. Precisas de ter certeza que não é tudo quimera. Tens muitas qualidade e um controlo grande de quem és, confiança e queres sempre melhorar.

A tranquilidade é sempre inimiga de procurar mudar. Tentar mudar quando estamos bem é errado a não ser que possas e queiras melhorar.

Para melhorar com ela o sonho será sempre curto. O tempo devia ser sempre nosso com muita loucura aparte.

Será muito cobiçada, despoletará ciúmes por certo. Deixa-a solta com amizade e procura dar-lhe o que queres para ti: procurar largar saudades. 

Sem ela já sabes como é e com ela imaginas ser muito melhor do que já alguma vez supuseras. Queres despoletar coisas boas nela, o sorriso dela é mágico, tem magia.

Nasceu na faculdade, criou alicerces e potenciará, por certo, um filme surpresa maravilhoso: temos boa matéria prima para nos erguer.

08 agosto 2024

Depois das férias é mais fácil assinar




"Vida independente é ter o mesmo leque de opções e o mesmo grau de autodeterminação que as pessoas sem deficiência tomam como garantido."

- Adolf Ratzka

Pense no seguinte cenário mas  vota 1º no link:

Um amigo liga-lhe e pede-lhe para ir, com urgência, ter com ele a um café da cidade.

O que pensa?

Talvez pense que não tem tempo.

Talvez fique preocupado com o seu amigo.

Mas, vai pensar se o transporte que o leva para lá tem rampa? Vai pensar se pode entrar no café? Vai pensar

se poderá utilizar a casa de banho no tempo em que lá estiver? Vai pensar se está vestido para poder ir?

A Vida Independente é, segundo a Rede Europeia para a Vida Independente (ENIL), a aplicação, no
quotidiano, de uma política para as pessoas com deficiência baseada nos direitos humanos.

A Vida Independente é o que permite às pessoas com deficiência escolherem quem querem ser, com quem e como querem viver.

A sociedade portuguesa ainda tende a ter uma visão assistencialista e institucionalizadora da deficiência, visão esta que condena milhares de pessoas a uma vida sem perspetivas além da mera sobrevivência e dependência dos que lhe são mais próximos.

Vida Independente é aquilo que permite às pessoas com deficiência viver, para além de sobreviver.

Que lhes pode permitir sonhar.

Que lhes pode permitir ter espontaneidade.

Que lhes pode permitir ir ter com o amigo sem se preocuparem com mais nada, a não ser com o amigo.

Para existir Vida Independente a sério muitas são as coisas a mudar no nosso país, mas um dos principais pilares é a Assistência Pessoal.

PORTANTO, VOTA AQUI (LINK)São precisas 7500 assinaturas, já temos 2679 pessoas assinadas, faltam 4821.

Se assinares e convenceres 2 ou 3 pessoas é num instante!

06 agosto 2024

QUESTIONÁRIO DE PROUST (Nascisismo on fire)

1) Qual é a sua ideia de felicidade plena?


Não acredito muito no éden, na felicidade plena; o bem e o mal estão interligados. Temos que fazer por estar sempre mais perto, individualmente e socialmente, do bem que do mal.

 


2) Qual é o seu maior medo?


Ficar sozinho num mundo isolado por pessoas egoístas.

 


3) Qual é a característica que mais detesta em si mesmo?


Algum narcisismo, não saber ser mais humilde.

 


4) Qual é a característica que mais detesta nos outros?


Quando falam muito sobre Si e se esquecem do Ré. É a mesma que não gosto em mim.

 


5) Que pessoa viva que mais admira?


Não podem ser os pais (nem tios maternos por osmose), há tanta gente a quem estou agradecido: há 6 amigos da minha idade que são referências, a Maria, o Miguel, a Sylvia, a Leonor, o Fred e o Tiago.


 

6) Qual é a sua maior extravagância?


O meu ressuscitar pós TCE, meu íntimo, a minha escrita falada, a minha marcha desequilibrada

 


7) Qual é o seu estado de espírito mental?


Atual? Tranquilidade. A minha cabeça está em constante movimento mas parou para pensar neste questionário!


 

8) Qual considera ser a virtude mais subestimada?


A calma...

 


9) Em que ocasiões mente?


Não minto, os meus pais ensinaram-me a não o fazer.

 


10) O que menos gosta na sua aparência?


Sou magro, quase enfezado.

 


11) Que pessoa viva mais despreza?


O Putin. O Bolsonaro. O Macron. O A. Ventura.

 


12) Qual a característica que mais aprecia em mulheres? 

Qual a característica que mais aprecia em homens?


A dignidade de juntar pessoas é tanto masculina como feminina.

 


13) Que palavras ou frases usa excessivamente?


Se fosse fácil não tinha piada nenhuma!

 


14) O quê ou quem é o maior amor da sua vida?


As pessoas quase todas, a Sylvia; o Staff; o Ocham, meu pai. São muitas, felizmente.

 

 

15) Onde e quando foi mais feliz?


Não tenho estado poucas vezes, o tal do Éden acredito que ainda estará para acontecer, amanhã será melhor!



 

16) Que talento mais gostaria de ter?


Criar laços interessantes entre as pessoas.

 


17) Se pudesse mudar uma característica em si, o que seria?


A minha memória é mazinha, melhoraria a lembrança.


 

18) Qual considera ser a sua maior conquista?


Ainda falta, mas acho que será a autonomia, embora tenha dado largos passos nesse campo. A minha resiliência e gosto pela vida.


 

19 Se morresse e voltasse, que pessoa ou coisa seria?


Gosto de ser eu, não imagino ser qualquer outro.

 


20) O que mais valoriza nos seus amigos?


As diferenças entre eles.

 


21) Quais são os seus artistas favoritos?


Manu Chao, Chico Buarque, Elis Regina, Milton Nascimento, a Garota não, Sérgio Godinho e Jorge Palma.

 


22) Quem é o seu herói da ficção?


Lisa Simpson.



23) Com que figura histórica mais se identifica?


Martin Luther King e William Shakespeare.

Não me identifico com eles, mas gostava de ser como eles.


 

24) Quem são os seus heróis da vida real?


O Abegão, os tios São e Zé, a mãe Teresa, Pedro Figueiredo e a equipa que tem construído e muitos dos que recebem este e-mail. (tinha vindo este post de um e-mail)


 

25) Quais são os seus nomes favoritos?


António, Maria, Miguel, João, Tiago, Raquel.


 

26) Do quê é que menos gosta?


De me sentir fraco e cansado, sem energia.

Do trânsito, de esperar.


 

27) Qual é a sua aversão de estimação?


a Pressa.

 


28) Qual é o seu maior arrependimento?


Não posso revelar em público mas o que a F causou.

 


29) Como gostaria de morrer?


Sem dar por isso!

 


30) Qual é o seu lema de vida?


A vida é um privilégio e não um direito.

 


31) Qual considera ser o seu maior infortúnio?


Não tenho, não classifico infortúnios, coisas boas e más todos temos.

 


32) Como gostaria de ser?


Assim não se está mal…

 


33) Qual é a sua asneira favorita?


A próxima.

 


34) Onde gostaria mais de viver?


Gostava de viver em Amesterdão.

 


35) Qual é o bem mais valioso que tem?


O corpo, o pensamento, os amigos.

 


36) Qual considera ser a maior profundidade da miséria?


A necessidade que gera de enriquecer.

 


37) Qual é a sua ocupação favorita?


Escrever, pensar, viver.

 


38) Qual é a sua característica mais assinalável?


A perseverança/teimosia!

 


39) Se Deus existisse, o que gostaria que ele lhe dissesse?


Que a vida é um bem irrecuperável e que tinha que aproveitá-la!

04 agosto 2024

passa ao outro e não ao mesmo!



https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT121427 uma assinatura que nos ajuda enquanto sociedade a ser melhor, partilhem pelo mundo!

VOTA: são precisas 7500 assinaturas e temos 2360 para passar a proposta a ser votada na AR, assina e partilha por toda a gente que conheces, é importante para tirar pessoas como Tu e Eu dos lares para apanhar sol, vento, chuva, poder escolher o que quer fazer com a vida deles.

A proposta é para o OE apoiar os Centros de Apoio para a Vida Independente e conseguirmos ter Assistente Pessoais pagos porque há gente que por acidente, doença ou outro infortúnio na vida precisa de uma pessoa que lhe dê a mão.

Abraço e OBRIGADO!

PARTILHEM!