25 outubro 2011

gostei de me reler. podes achar conversa de merda mas em 06-12.2004 isto rullava assim:

"O futuro é um presente que a vida oferece"
(lido no WC de um bar)

Foi sem mais nem menos que dei com aquela frase. Aliás já tinha notado que ela lá estava numa visita prévia. Nunca me deu para escrever nas portas das casas de banho, mas entretenho-me nas leituras dos que lá foram aquecendo a sanita com seus rabos nas vezes anteriores. Normalmente não há grande piada, é como em tudo: raramente aparece um génio!

Os escritos ou são sobre futebol e os "Viva SLB" que os seguintes aproveitam para tentar riscar por cima ou guinar as letras até parecer "Viva SCP", com "Viva SLB" sempre debaixo a espreitar. Ou números de telefone de promessas e necessidades sexuais. Ou comentários racistas com respostas que tentam educar os primeiros. Ou discussões políticas género "Viva o BE", "Força PCP", etc. Alguns demonstram o orgulho das cidades donde vêm. Entretenimento sem grande beleza.

Com canetas, marcadores ou isqueiros é interessante imaginar os esforços nas sanitas para chegar a zonas nunca antes rabiscadas e manter a pontaria no buraco do splosh!

Descobri que a minha Faculdade é possivelmente dos sítios em que os comentários são de menos qualidade em inteligência, no tamanho e nas cores. Pensei se poderia ser analisado o tipo de pessoas que frequentam os direrentes sítios pelos escritos. Os comentários quando voltássemos da casa de banho seriam: "Este bar é claramente de gente classe média" ou "vê-se bem que são só tios que por aqui passam". Novos temas para conversa surgiriam, possivelmente tão interessantes como o deste post.

Mais tarde e numa fase de bipolarização com engenhosos raciocínios sobre os mistérios do sexo oposto pensei "como serão os escritos nas casas de banho das mulheres?" Será que têm algum passatempo mais engraçado e de equipa que corresponda à ida aos pares!? Será que desabafam sobre os defeitos dos homens ou sobre a forma como não conseguem urinar em pé!?
Pensei logo na união masculina em torno do nosso espaço de meditação com o lacinho à porta: "Homens deste mundo, uni-vos! vamos aproveitar a criatividade dos momentos de descanso na casa de banho para mudar a nossa intimidade!" Pensei como podia ser mais interessante um debate numa Casa de Banho, com desafios preparados pelos donos dos estabelecimentos "o tema do dia de hoje é... o cabelo da Clara Ferreira Alves", com canetas coloridas e prémios para os mais criativos. Lembrei-me de um colega meu que dizia que a melhor forma de ultrapassar um desgosto de amor é pensar na pessoa que nos largou a aliviar-se após um almoço de feijoada...

As casas de banho dão que falar. Se pensarmos nas casas de banho que não são públicas o fenómeno é ainda mais brutal. Aquele amigo que conhecemos desde pequeninos usa sabão azul, aquela colega com quem fomos estudar e até estamos de olho nela, usa o papel higiénico mais áspero de todo o continente e tem um espelho em forma de coração. Podemos criar testes psicológicos pelas fobias que as pessoas têm na casa de banho, a maneira como se sentam na sanita, o tempo que demoram a olhar-se ao espelho, as marcas dos produtos de higiene, a forma como é feito o design das mesmas. Há mil e uma coisas por descobrir em torno da casa de banho e a forma como é usada, é todo um mundo de possíveis alternativas ao sentido para a vida e à forma de colocarmos as nossas dúvidas existenciais. Afinal, quem seria capaz de se sentir sem resposta para as perguntas "quem sou eu", "para onde vou" e "o que estou aqui a fazer" numa casa de banho!?

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