06 junho 2012

regresso

Acessibilidades

Espaço

Falar assim em abstracto é vago.

Ruas largas, avenidas, espaços altos.

Parece que desde que sofri o acidente que passei a ver com outros olhos.

Andar de cadeira de rodas tornou-me mais atento para estas questões.

Todos precisamos de espaço, pense em si no metro em hora de ponta ou num estádio de futebol e diga.

Pense no mar, numa praia vazia, no céu, num sonho!

Estive em Múrcia a trabalhar sobre isto com gente paraplégica e é brutal a distância hoje de nós.

Parece discurso de emigrante.

Murcia é, hoje em dia, a cidade com mais preocupações da península Ibérica à volta deste tema.

Mesmo numa cidade com muitas preocupações sobre matérias como esta (as WC’S adaptadas são outra preocupação neste âmbito); sentimos dificuldades numa cadeira de rodas.

A gente com dificuldades motoras merece uma revolução como as houve de género e racial, não se dá por esta gente que são muitos - ‘um em cada dez pessoas’, OMS, 2002 -proponho um exercício: amanhã vais estar atento, proponho que ou repares nas pessoas em cadeira de rodas ou ainda, melhor, repares nas dificuldades que esta gente sofre.

A simples ideia das rampas em todo o lado.

Escadas não é fácil.

Passeios baixos.
 
Murcia em MAIO foi...

...foi um passo à frente neste momento, muito específico, do meu estágio de vida (como lhe chamo... tenho a vaidade de confiar com muita força no existir).

Este espaço e tempo de Murcia em Maio serviram-me (‘ajudar os outros, ajuda-nos! ’) como forma de construir uma etapa importante e perceber que há um grupo em cadeira de rodas que está escondido/é invisível; ainda não encontrei uma palavra que se adeque a este estado: deficiente (encontrei gente esmagadoramente ‘eficiente’ em cadeira de rodas), incapaz (sejam tão capazes de aproveitar e priveligiar o estar vivo passando o dia sem poder levantar o rabo da cadeira como certas pessoas que conheço) e outros...

Murcia tem preocupações de futuro, vi mais gente com problemas de mobilidade (em cadeira de rodas) que, normalmente, nos espaços por onde ando e tenho andado por meios muito especifícos, em 2012.

Murcia é exemplar.

Nasceu este SVE em Murcia de uma procura de um projeto que lidasse com a situação em que me encontro (sofri um TCE (Traumatismo Craneo Encefálico), não ando, sem apoio de cadeira de rodas e não falo (ou digo vogais com um tom encantador)).

‘Irreverência‘ foi o que a Rota Jovem me ensinou desde que fiz um projeto Leonardo da Vinci em Berlim em 2006.

E ‘irreverente’ foi este projeto.

De tal maneira foi bom esses quatro meses em Berlim que queria fazer algo novo mesmo depois do acidente, sabendo que, necessariamente, seria diferente.

Logo, precisava de um apoio e de um projeto que me desse alguma segurança.

Depois, havia uma necessidade que parecia desde o início jogar contra isto e que pode parecer banal, mas não é: a necessidade que existe numa relação terapêutica de soltar amarras, a pessoa/a corda que nos dá segurança quer que nos soltemos dela mesmo.

Um pouco como os pais e professores fazem com filhos e alunos, preparam-nos para voar.

Foi um projeto-pioneiro, irreverente.

Encontrámos Murcia faltava compreender que género de projeto iriam ter para mim.

Era necessário alguém que me quisesse apoiar.

Tentámos o mais óbvio, alguém que fosse aluno de enfermagem ou fisioterapia estivesse submetido a um estágio curricular, o SVE (Serviço Voluntário Europeu) cobria as despesas e daria apoio ao Ayuntaimento na Sección de La Juventud de Murcia e ainda a um centro – o ASPAYM, Murcia:

http://www.aspaymmurcia.org/ – uma Associação de Paraplégicos e Grandes Incapazes Fisicos da Câmara Municipal de Murcia. Não resultaram as várias abordagens.

Encontrámos um achado, o Eduardo Sobreiro!

Alguém que desde o inicío me fez ver o raio de luz que entra pela janela ao longe e fugir de mim e do acidente.

Ele é um licenciado em cinema, um city-tour guide, um cozinheiro, um expert em powerpoints, um jardineiro; ele é o Eduardo!

‘La Asociación de Parapléjicos y Grandes Discapacitados Físicos (ASPAYM) de La Comunidad Autónoma de Murcia tiene como seña de identidad, trabajar para mejorar las condiciones de vida Del colectivo de personas con discapacidad en general, y lesionados medulares en particular. Para ello, cada año, renovamos nuestro esfuerzo con programas y actividades en las que participan nuestros socios.’

Além disso, dei apoio linguístico na web da página do ‘Ayuntamento, sección de La Juventud de Murcia’ (uma secção da Camara Municipal).

Murcia são sorrisos, ‘a vida deve ser encarada não como um direito, mas como um privilégio’ (filme 'hotel marigold').

A Maria do Mar foi uma pessoa paraplégica que chegou sem se notar mas que vincou ser Alguém importante em conhecer, no seu cadeirão com a Luna (a cadela), correndo ao lado, vincou ter uma alma Enorme.
 

Ola e hasta luego

OLA banzao-sintra.

Ola e hasta luego são duas formas simples de obrigar boa disposição e dar sorriso fácil ao outro.

Não que seja preciso obrigar, mas suscitar esse cuidado.

Ninguém é mais giro maldisposto.

Somos todos mais giros bem dispostos.

HASTA-LUEGO Murcia!!!
 


Mediterrâneo playa, los narrejos

Round one: dps do engate habitual à entrada da água.

Pergunta a Vanessa de oito anos ao Juan de oito anos também:

'queres ser meu amigo?'

'vale!' diz o Juan.

É fácil nascer a amizade...


Round two: a vanessa é a verdadeira predadora da amizade.

Passado pouco tempo lá está ela empoleirada na prancha de bodyboard do seu novo amigo enquanto ele a puxa pelas ondas e ela gaba-se para quem passa:

'o Juan é o meu novo amigo' (como podem ver, digo eu).



Foi um primeiro passo pela Rota Jovem um projeto nesta área que, na minha opinião teve bons resultados e deve ser repetido com outra gente.

Esta ideia foi um passo arriscado, mas que se revelou firme.

‘Pelo sonho é que vamos’ (Sebastião da Gama) parece sobressair deste ‘Maio em Murcia!

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