28 novembro 2013

coragem



ali naquele quarto de hospital (como é um quarto de hospital: vazio e impessoal) havia um olhar quente bem longe do invejoso (entregava bem estar), era um olhar invejável, que mostrava que acreditar na vida era uma responsabilidade perante o outro: Nélson my black!

vergonha tive pelos que se arrependem de viver (vidas muitas vezes mais fáceis).

vergonha tive ao ver canais de tv's ocos e sedentos daquela generosidade que senti ali!

vergonha tive...

é o oposto do coitadinho que tanta gente associam a quem anda numa cadeira de rodas.

queria ver se eram capazes de sorrir com a mesma alma alegre com o rabo todo o dia assentado, sem poder andar, numa cadeira de rodas como o Nélson e outros.

e de novo, achei admiração por ser parte do grupo dos cadeirantes.

parece que falo de alguém irreal ou divino.

sempre que me custar e estiver zangado com a vida vou pensar: 'levanta-me a cabeça e pensa no olhar sorrido e bonito dele, do Nélson Delgado!'

ele vela pela alegria no mundo. ;)

às tantas disse a medo (não sou muito de declarações) no meu falar procura vogais: 'tu dás bem estar',

faz acreditar no mundo!

Não damos por estes privilégios: não vão à TV!!!

Ele falou na mãe com orgulho: 'nunca me deixou arrastar e lamentar!'

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