(Jorge Palma | A gente vai continuar)
BOM 2020 PARA TODOS NÓS!
Tenho uma adoração por pessoas, se não por todas, pela grande
maioria; elas estão em todo o lado, quem não gosta de gente deve
viver aterrorizado. Estão até na minha cabeça, invadem-me os sonhos, as ideias,
dificilmente consigo esvaziar a cabeça delas; não saberia viver
sem elas. Gosto de pessoas mas poucas e ordenadas de cada vez: a conversar
sobre temas desafiantes, uma de cada vez, numa amena cavaqueira,
sossegadas; nada de confusão e barulho. Gosto delas como nunca estão. Também gosto delas todas ao mesmo tempo como no Natal;
também é giro: adoro ir aos hipermercados, a concertos, a festas,
a museus, passear, a piqueniques, adoro ir à praia ver o mar, o
horizonte parece nunca acabar, o Mar é Belo visto de onde quer
que estejas, ele diz como estás. As pessoas são imensas:
interessantes e aborrecidas;
chatas e animadas;
bem-dispostas e rabugentas;
horríveis e bonitas;
teóricas, cientistas, filosofas e artistas;
desportistas, bibliotecárias;
economistas, intelectuais;
musicais, para quem cantar no duche pode dar medo ouvir, cantoras
maviosas;
professoras e alunas;
utentes, enfermeiras, auxiliares e médicas;
arquitectas e passeantes;
conversadoras, ouvintes e fala baratas;
elegantes e com peso e volume na sociedade, atléticas; matinais,
tardias, antecipadas, noctívagas;
ansiosas e relaxadas;
estudantes, marronas, copionas;
preguiçosas e atarefadas;
dançarinas, coreógrafas e encenadoras;
leitoras e escritoras;
festivas e tumbas.
E a lista estende-se e continua até perder piada, há pessoas de
todo o género e para todo o gosto. São todas diferentes, parecidas mas cada uma é única, Qualquer gémeo terá disso provas. E nós, sem precisarmos de grandes provas, no nosso dia a dia,
damos conta disso mesmo, por experiências diversas. Sexo, idade, corpo, fisionomia, alturas, pesos, volumes, local de
nascimento e onde vivem, defeitos, qualidades, gostos,
personalidades, interesses, história pessoal, sonhos, imaginações,
passados, recordações, realidades, presentes e expectativas futuras,
culturas, olhares ou falta disso tudo.
À nascença há sempre a pergunta típica: é menina ou menino o bebé?
Os pais escolhem sempre um nome para cada caso e há quem só queira
saber aquando do nascimento, não quando possível (técnicas
modernas…) se é mulher ou se é homem. É, apesar de tudo, surpreendente, que vivamos todos num mesmo
espaço e tempo com tão poucos acidentes e guerras; somos todos
tão diferentes e isso é tão bom, como problemático. Todos, temos rotinas, o andar é o exemplo melhor: andamos
repetindo passo direito, passo esquerdo; mas também há andares
que distinguimos por serem característicos; mais rápidos, mais
devagar, correndo, saltando, virando, contornando, destrambelhados;
todos diferentes mas iguais na base. Cada um de nós terá muitas coisas iguais aos restantes e,
muitas mais, distantes.