Hoje de manhã, terminada a marcha pelo Campo Grande, em conversa com um amigo no jardim de Telheiras, surge um pai espavorido e desnorteado, de máscara à banda, perguntando se não tínhamos visto uma criança de 4 anos, seu filho, que desaparecera sem deixar rasto.
Disse que não sabia, perguntei como estava vestida a criança, tendo o pai referenciado que tinha um gorro cinzento e se chamava Francisco. O pai lá partiu a correr desnorteado.
Eu que já tinha passado um dia por aquela angústia de pai, percebi o seu desespero e fiquei de atalaia no jardim. Eis senão quando vejo um gorro cinzento mover-se bem perto no jardim por detrás de uns arbustos. Arranco em passo de corrida e apanho o miúdo do gorro cinzento. Nada assustado e à minha pergunta se era o Francisco, manteve-se silencioso com um riso maroto, parecendo consciente da sua proeza.
Trouxe-o pela mão e vendo a suposta mãe e irmãos no início do jardim, bracejando e gritando FRANCISCO!!! FRANCISCO!!, largo-o da mão, apoio a minha mão nas costas dele, com um leve impulso e digo: vai, vai, corre, vai dar um abracinho à tua mãe!
Qual é a minha surpresa o Francisco dá meia-volta e desata a fugir em sentido contrário com a família esbracejando e correndo atrás dele em seu alcance: FRANCISCO!!! FRANCISCO!!.
Apanhado pelo pai que vinha em sentido contrário, lá terminou a sua aventura, nunca tendo estado perdido, como o pai pensava, mas sim fugido e libertado. Ao longe a mãe apontava para mim indicando ao marido: - foi aquele senhor!
E eu acenei com um sorriso, partilhando contraditoriamente o sentimento de alívio dos pais e o sentimento cúmplice e efémero de liberdade da criança.
Bom Natal!
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