Nasceu bebé e cresceu, fez-se, por vezes, mulher,
noutras homem, não alimentava lutas de
qualquer género.
Formou-se corpo, voz, olhar, alma e pensamento,
lançou relações, criou segredos, esconderijos,
pequenos ninhos onde escondia pegadas.
Abriu os olhos, os braços, a boca, o nariz e os ouvidos,
movimentou-se, cresceu, ganhou energia, comeu,
engoliu, respirou, encheu o peito de vida, aprendeu a
cuidar-se, ser cuidado e a cuidar do outro.
Abriu-se ao mundo, entraram outros!
É muito bonito, acredite-se ou não, a história principal
que forma a nossa civilização ter por base um
nascimento e ser formada com base no Amor.
Entraram imagens e espanto; sons, energia e magia;
aprendizagens, esperança, sabedoria e crescimento;
sabores e gosto que deram força à vontade; cheiros que
descobriram mundos e inundavam o pequeno corpo;
sentiu chão, esforço, dignidade, aconchego, recordações
e imaginações.
Levantou-se, pôs a máscara, não por ele mas pelos
outros que davam graça ao existir, desinfetou as mãos
duas vezes, de novo, mais três ou quatro vezes: queria
estar preparado para a noite de natal.
Não tinha criatividade para inventar um mundo sozinho;
detestava aquela sensação de estar com a respiração
ofegante e não entender expressões, sorrisos, ilusões,
quereres, ao olhar faltar a boca.
Faltavam pessoas e dançou sem limites, sem regras,
sozinho, só a voar, sonhar, desenhar, esculpir, escrever
poesias e ser, apareceu alguém para fazer par.
Reinventou-se!
Encaminhou-se a ser luxuoso como alguém
ensinara,
um luxo quase humilde de gostar de cá estar,
viver,
reaprender gestos, jeitos de ser melhor, de
aproveitar
o privilégio que existe em sorrir, o prazer.
Chorar também porque nenhuma vida forte se faz
sem choros de despedidas mas comoções;
quando são
feitas de ânimo leve, normalmente, perder água
essencial para o nosso corpo se limpar não ajuda;
e é bem melhor
estar mais leve, menos pesado/a.
Não devemos chorar por puro egoísmo, (e algum
altruísmo) porque como gostamos de estar com pessoas
alegres, também é mais provável que elas gostem de
estar com gente animada.
O tal menino cresceu e criou uma História rica em adulto
tinha o condão de perceber qualidades nos outros.
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