25 dezembro 2020

Foi o nascimento de uma pessoa:


Nasceu bebé e cresceu, fez-se, por vezes, mulher,
noutras homem, não alimentava lutas de 
qualquer género. 
Formou-se corpo, voz, olhar, alma e pensamento, 
lançou relações, criou segredos, esconderijos, 
pequenos ninhos onde escondia pegadas.

Abriu os olhos, os braços, a boca, o nariz e os ouvidos, 
movimentou-se, cresceu, ganhou energia, comeu, 
engoliu, respirou, encheu o peito de vida, aprendeu a 
cuidar-se, ser cuidado e a cuidar do outro.

Abriu-se ao mundo, entraram outros!

É muito bonito, acredite-se ou não, a história principal 
que forma a nossa civilização ter por base um 
nascimento e ser formada com base no Amor.

Entraram imagens e espanto; sons, energia e magia; 
aprendizagens, esperança, sabedoria e crescimento; 
sabores e gosto que deram força à vontade; cheiros que 
descobriram mundos e inundavam o pequeno corpo; 
sentiu chão, esforço, dignidade, aconchego, recordações
 e imaginações.

Levantou-se, pôs a máscara, não por ele mas pelos 
outros que davam graça ao existir, desinfetou as mãos 
duas vezes, de novo, mais três ou quatro vezes: queria 
estar preparado para a noite de natal.

Não tinha criatividade para inventar um mundo sozinho; 
detestava aquela sensação de estar com a respiração 
ofegante e não entender expressões, sorrisos, ilusões, 
quereres, ao olhar faltar a boca.

Faltavam pessoas e dançou sem limites, sem regras, 
sozinho, só a voar, sonhar, desenhar, esculpir, escrever 
poesias e ser, apareceu alguém para fazer par.

Reinventou-se!
Encaminhou-se a ser luxuoso como alguém

ensinara,

um luxo quase humilde de gostar de cá estar,

viver,

reaprender gestos, jeitos de ser melhor, de

aproveitar

o privilégio que existe em sorrir, o prazer.
Chorar também porque nenhuma vida forte se faz

sem choros de despedidas mas comoções;

quando são

feitas de ânimo leve, normalmente, perder água

essencial para o nosso corpo se limpar não ajuda;

e é bem melhor

estar mais leve, menos pesado/a.
Não devemos chorar por puro egoísmo, (e algum

altruísmo) porque como gostamos de estar com pessoas

alegres, também é mais provável que elas gostem de

estar com gente animada.
O tal menino cresceu e criou uma História rica em adulto

tinha o condão de perceber qualidades nos outros.

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