02 julho 2023

O CIM solta a deficiência e torna-a habitual e habitável!!!


O CIM revoluciona a sociedade!


Música JOÃO GIL

O AQUI é um espetáculo de dança cujo tema é o tempo. O tempo cronológico e o tempo interior, explorados através do cruzamento de linguagens, tecendo uma peça em que os sentidos e as emoções nos conduzem a um reequilíbrio constante. Em palco é criado um espaço de desafio, uma arena de olhares e de questionamento, que induz à reavaliação de quem sou Eu e de quem é o Outro.


O AQUI pretende ser um lugar de paragem nas modelações e encenações que a sociedade produz, numa procura constante do humanismo absoluto. Um espetáculo com uma narrativa por vezes fluída, por vezes fragmentada, onde se encontram mundos com diferentes circunstâncias de ser e de estar, onde confluem o risco e o afeto, o arrojo e a generosidade e se conquista um espaço de igualdade.


O AQUI é, indiscutivelmente, uma peça de uma vida. Ainda que surjam outros projetos, outros espetáculos e pontos de vista, esta será a peça que nos despertou para um compromisso exigente de cruzamento entre linguagens − e que nos remeteu para territórios particulares dos corpos, rostos, memórias, distâncias, sombras, diferenças e aproximações entre dois mundos, um do tempo e outro do espaço, que se fundem apenas num só.

O AQUI reúne uma equipa transdisciplinar e evoca o tempo como tema principal. O meu tempo e o tempo do ‘Outro’, numa procura constante por significados, associada às coisas comuns que nos rodeiam. Paralelamente à ideia de tempo, surgiu-nos uma base narrativa centrada na ideia do medo, medos primários que nos acompanham ao longo da vida e respetivas interpretações.

O AQUI parte do desafio que existem muitos labirintos entrepostos na nossa vida. Procuramos o lugar e o dispositivo que permitam trabalhar várias dimensões da realidade, numa descoberta constante que transcenda o processo de criação. O espaço cénico permanece como um imenso despojamento visual, que esperamos possa servir de base à criatividade de cada um. Queremos que público e intérpretes acolham uma transformação depois de terem assistido ou participado neste nosso Aqui.

O AQUI deve ser uma descoberta constante. Procuramos, nas transformações, o princípio e a forma para que cada um construa a sua própria história. Uma criação pura e extrema, repleta de tensões e movimentos antagónicos que possa gerar uma visão onde o ponto de fuga se situe para além do observador.

O AQUI procura um humanismo absoluto que situe as questões numa narrativa envolvente e fragmentada, reflita uma intimidade e envolva a viagem da própria peça, potenciando o acesso ao vazio e ao espaço que se conquista com a velocidade e a perda de referências. Aqui celebram-se os instintos e os sentidos numa vertigem doce e por vezes cruel que transforma o palco numa arena de olhares.

O AQUI procura curto-circuitar modulações e encenações que a sociedade produz em torno das (d)eficiências, abrindo caminho a superfícies luminosas em que o tempo leva ao infinito a relação entre a espontaneidade da realidade e a construção de uma nova. O AQUI é uma peça de encontros que antecipa o nosso olhar, num ritual intemporal.
Dez anos decorridos de uma primeira iteração deste conceito, com alguns bailarinos a revisitar este tempo d’O AQUI e outros a juntar-se ao desafio, podemos mesmo afirmar que O AQUI é um espetáculo de uma década.
O tempo que passou pode até ser relativizado e construído numericamente, mas existe uma carga emocional de quem viu crescer um corpo coletivo feito de cumplicidades, obstáculos ultrapassados, limites superados, surpresas gloriosas e uma celebração humanista continuada.

(S)CiM, é essa a palavra que vale a pena soletrar com S e com C, pois abraça vários conceitos, gestos e energias. 

Seguramente a afirmação SIM estamos AQUI, e estamos com a Companhia CiM que atravessou dez anos, contados por muitas pessoas com quem trabalhámos e a quem devemos um profundo agradecimento.


Uma Criação
 CiM COMPANHIA DE DANÇA
Direção Artística e Coreografia ANA RITA BARATA
Direção Artística e Realização PEDRO SENA NUNES
Dramaturgia e Voz NATÁLIA LUIZA
Interpretação BRUNO RODRIGUES, CECÍLIA HUDEC, DIANA BASTOS NIEPCE, DILETTA BINDI, JOANA GOMES, JORGE GRANADAS, JOSÉ MARQUES, MARIA FIGUEIREDO e RUI PEIXOTO

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