04 fevereiro 2010

namoro

Mandei-lhe uma carta em papel perfumado

e com letra bonita disse ela tinha

um sorriso luminoso tão triste e gaiato

como o Sol de Novembro brincando de artistas

nas acácias floridas, na fímbria do mar

Sua pele macia era sumauma

sua pele macia cheirando a rosas

seus seios laranja, laranja do Loje

eu mandei-lhe essa carta e ela disse que não

Mandei-lhe um cartão que o amigo Maninho tipografou

por ti sofre o meu coração

num canto sim noutro canto não

e ela o canto do não dobrou

Mandei-lhe um recado pela Zefa do sete

pedindo e rogando de joelhos no chão

pela Senhora do Cabo, pela Sta. Efigénia

me desse a ventura do seu namoro... e ela disse que não

Mandei a Vó Xica, quimbanda de fama

a areia da marca que o seu pé deixou

para que fizesse um feitiço bem forte e seguro

e dele nascesse um amor como o meu... e o feitiço falhou

Andei barbado, sujo e descalço

como um monangamba procuraram por mim

não viu ai não viu o Benjamim

e perdido me deram no morro da Samba

Para me distrair levaram-me ao baile

do Sr. Januário, mas ela lá estava

num canto a rir, contando o meu caso

às moças mais lindas do bairro operário

Tocaram uma rumba e dancei com ela

e num passo maluco voamos na sala

qual uma estrela riscando o céu

e a malta gritou: "Aí Benjamim"

Olhei-a nos olhos sorriu para mim

pedi-lhe um beijo, la la la la la

e ela disse que sim

e ela disse que sim

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