13 fevereiro 2011

quem és tu, zé gato? (pela leo gruaaar)

“quem és tu, zé gato?
o que é que te faz correr
pelos cantos mais sujos desta terra

tu já deves saber
que mesmo quando vences batalhas
estás longe de acabar com a guerra

quem és tu, zé gato?

mas tu és teimoso como um burro
vai na luva ou vem a murro
nada te faz desistir

a luta é de vida ou de morte
mas a consciência é mais forte
e não te deixa fugir”


[...]

Há a primeira vez que vi o Zé e há a última (e isto é assim com mais ou menos toda a gente que a gente conhece). E entre uma e outra os dedos das mãos chegam para contar as vezes que nos vimos. (E há aquelas duas em que o vi sem ele me ver). Hoje em dia conversamos com os dedos das mãos. (E há muitas vezes em que o leio sem ele me ler).

A primeira vez que vi o Zé: em sua casa. É curioso ou bedelhudo? Tem à-vontade ou lata? Confiante em si ou vaidoso? Era uma vez uma turma que o pai Belo convidou para jantar. O Zé andava por lá. Tinha fome de gente, gostava de rir e de quem sabe fazer rir.

uma vez vimo-nos à beira da estrada
e uma vez vi-o à espera do comboio, na paragem do comboio
(o Zé sabia para onde quer ir - achava eu)
e estivemos em Coimbra, ele namorava uma inteligente moça bonita

(o Zé é um rapaz casadoiro)

e na Gulbenkian, com um amigo

(o Zé é um animal social - e houve alguma mudança platânica nisso?)
Altivo, folgazão (como diz na canção).
Ser de desejo, ah sim, pois é,
a caminho de marrocos
ser de quereres e vontades
de dizer: - sim.
de dizer: vamos.

(encontro o zé das muitas palavras. É provocador, que é um jeito de sair ao encontro dos outros. encontro o zé das muitas palavras. É surrealista, que é um truque de conhecer melhor a realidade.)

a última vez que vi o Zé (e ele não me viu)...ele estava abraçado entre homens de um coro alentejano, a cantar, a rir, rapaz fraterno e igual, avante Zé, que a vida são dois dias e a Festa do Avante são três, avante Zé, o futuro faz-se cantando.
encontro o Zé das muitas palavras, e aprendo enormemente sobre o que é viver.

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