28 maio 2011

fernando belo, um puto novo

Eleições à vista

Quando cheguei de Paris no 25 de Abril vinha cheio de vontade de intervenção politica, mas ao fim de alguns anos percebi que não tenho cabeça estratégica e praticamente deixei-me disso. Mas agora parece-me que a situação é muito grave e que há um dever cívico que se me impõe. O que é grave não é a alternância do poder à vista, mas de o PSD ter como secretário geral um rapaz novo sem experiência para governar que não percebeu que deveria ter proposto um dos homens experimentados do partido para primeiro ministro. Como dizia um colunista do Expresso há algumas semanas, não é ocasião para experimentalismos adolescentes. O rapaz anda positivamente a propor coisas a despropósito, desde as alterações à Constituição (que precisavam de 2/3 dos votos, foi em vão) até admitir que se volte ao aborto clandestino e às respectivas mortes, passando pela ideia de por os ministros nos primeiros largos meses a fundir ministérios (não sabe como as administrações só funcionam por terem rotinas adquiridas e que alterá-las traz ineficácias duradouras?) em vez de governarem nos limites da troika, andando entre desculpas e recuos. O que parece fazer disto um pais do 3º mundo é um candidato a governar não perceber que o que tem que fazer é continuar a obra feita, corrigindo o que tiver que ser, e não deitar abaixo tudo o que fez o governo anterior que era de outro ‘clube’. Por exemplo, as Novas Oportunidades. Que nalguns casos tenha havido problemas, como nesta ou naquela escola, neste ou naquele centro de saúde, não implica que seja todo o sistema. Em França ou na Inglaterra, a estabilidade da administração e das instituições garantem as alternâncias eleitorais. Dizer que houve seis anos completamente negros, é dizer a sua incapacidade de avaliar a obra politica, que é justamente a dificuldade dos jovens sentenciosos.
Penso que Sócrates e Teixeira dos Santos governaram bastante bem na primeira legislatura (com excepção da inacreditável guerra aos professores de liceu, que aliás Sócrates apoiou), controlaram o défice, sustentaram a segurança social, as energias alternativas, o plano tecnológico, os meninos com computadores, os doutoramentos e bolsas para após, foram tudo opções modernizadoras de longo prazo (provavelmente por ser um engenheiro a tomá-las). Tiveram o grande azar de lhes cair em cima depois a crise financeira, como aliás sucedeu ao Obama, que a falência do Lehmans Brothers deu-se em Setembro de 2008, já ele tinha sido nomeado pelos Democratas e bem tem andado à nora por causa disso. De qualquer forma, melhor ou pior, Sócrates é a única alternativa ao experimentalismo que é a última coisa que se precisa quando se está à beira do abismo.

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