15 setembro 2011

PINÓQUIOS e CATURRAS 2011

(de 24 a 26 de Agosto) - visitas tour (Dina Mendonça, Zé Maria, Cristina Cartaxo, Beatriz Beato, belo leque de gente… bela trupe, sabe muito bem, tenho vaidade em pertencer a este grupo)

‘Estou muito contente de aqui estar!’ com estas palavras repetidas foi marcada uma boa onda geral ao cabo destes três dias.

Fomos, exemplarmente, recebidos, demonstrando que o ‘traz outro amigo também’ continua a fazer sentido no MOCAMFE. Desde a primeira abordagem que os directores demonstraram com um sorriso bom, estar dispostos a juntos embelezar esta relação (dar e receber). Ser director também tem algo no saber bem receber (madame Kuki é um belo exemplo…). E naqueles dias, fizemos parte das equipas deles.

Fomos, primeiro a pinóquios. Um bom dia sobre o que era um desafio/a montanha se nos deparava, rico desafio, pensámos! E foi com uma rodinha de pinoquinhos lindos a sorrir perguntando com o olhar o que se iria passar que iniciámos.

A Dina com seu ar filosófico de quem está nervosa mas ninguém vai entender começou a brincar a ensinar (é bem filósofa a questionar!)

Cristina e Beatriz tinham um enorme papel-cenário em que tinham como objectivo anotar as ideias que foram saltando das cacholas dos pinóquios.

O Zé Maria funcionou como exemplo.

Dina, começou perguntando o que era um desafio e se tinham exemplos de um. Passou a dizer que tinham trazido um exemplo, este:

O Zé Maria é um mocamfino que sofreu num acidente de viação um traumatismo craneo-encefálico e que escreve estas linhas, ‘o mocamfe é como um sítio onde vou buscar ar!’

Depois de ter dito ‘bom dia’ (tenho dificuldade na fala e no andar) ia dar uma volta, passando da cadeira para o andarilho, à rodinha.

Desafio a postos. Começa a volta de andarilho:

Dois, três passos e queda ouch! Não estava combinado mas acabou por dar a noção de que era um desafio difícil. ‘Não te aleijaste Zé!? Não, embora lá gente’, parecia dizer sorrindo. ‘há males/quedas que vêm por bem.

E assim foi olhando cada rosto sorrido e olhar sentados, grande desafio: ANDAR!
Fomos bem mimados.


Dos pinóquios (onde foi com arte engenhosa que o Raimundo encaixou uns rolos por baixo do colchão de ar trazido e me inseriu na tenda…) passámos aos Caturras (para dar um exemplo gente com quem cantar o boa noite já é ombros à altura dos ombros).

Uma primeira proposta. Definir-nos tendo cada um todos os apetrechos tecnológicos do futuro:

A Cristina propôs que imaginassem um corpo a dar um mergulho dentro de água num salto alto num rio.

A Beatriz propôs imaginarmos um corpo de bolo em massa, depois contou como era organizada e lhe desagradava ir a um supermercado e ver como as prateleiras estavam sempre desorganizadas do esquema que tinha na cabeça.

A Dina disse que trazia uma batota, um saco de rebuçados. O saco ia rodar e cada um escolher a sua fruta preferida.

O Zé Maria também fez batota ou batotas.

Primeiro, trouxe a Beatriz, pessoa marcante que foi animada por mim no meu primeiro campo de pinóquios em 1999, que leu o texto!

Depois, tinha escrito o texto abaixo de avante.

Ainda, levou o andarilho para dar uma voltinha.
 
 
Caturras

‘Passo, passo, passo.

Oiçam os berros,

Pé direito,

Pé esquerdo,

Todos começamos num parto, num nascimento

Tudo começou em sangue, em berros, em pranto!

Nenhum nascimento foi pacífico

Toda a criação dá luta.

Passo, passo, passo.

Num primeiro murmúrio,

Num último berro

Existimos.

Por um começo todos iniciamos

Um passo,

Um pé de cada vez,

Pé direito,

Pé esquerdo,

Passo, passo, passo

Um depois do outro,

Um de cada vez,

Um avança,

O outro alcança, ao lado

Estica os joelhos

Passo, passo, passo

Nascemos em guerra, todos sujos

Nunca crescer foi só isso

Há sempre algum conflito

Cada passo é único, irrepetível,

Todo o caminho para o fim tem um tempo e um espaço muito pessoais.

Passo, passo, passo

A quantidade de gestos que todos fazemos sem pensar.

Inspirar e expirar

Criar relações.

O homem é um ser social

Namora

Casa,

Faz amigos,

Tem filhos,

Cria família.

Também vive sozinho

O homem também é a mulher

Também é o ser humano.
Cai,

Deita-se

Fecha os olhos,

Adormece,

Sonha,

Acorda,

Ergue-se

E recomeça.

Passo, passo, passo.

Por um fim todos acabamos,

Todos terminamos na morte

Todos os dias nasce uma pessoa,

Todos os dias morre alguém também

Passo, passo, passo…
 
 
Os caturras estão a preparar um mini-vídeo que estará num cinema perto de si em breve!

E voltar foi como acabar um campo com muita lamechice e como se faltasse algo!

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