Um pouco mais pra esquerda.
— Aí?
— Não, mais pra cima, tá quase, vai.
— Pronto?
— Aí, tô vendo, tô vendo.
Que lindo, é ele mesmo. Bola de fogo, quente, luz, bate na minha retina me cegando por instantes, mas logo a visão se acostumou e pude ver o mais belo espectáculo da Terra: o pôr do sol. Cassy pendurado na janela com um espelho e a Laurinha, em cima de mim, com outro. Pude acompanhar seu deslizar pelo poluído horizonte do Pacaembu.
Havia dias que não sentia sol na minha cara, e o desgraçado se punha bem nas minhas costas.
Ele brilhava vermelhantemente, e a mão trêmula e emocionada de Laurinha fazia-o tocar em todas as partes da minha face. Magnífico, cenários que todo mundo via e eu apenas sentia. Nesse dia especial, muita coisa mudaria. Depois de quatro dias me acostumando com o colete, chegara a hora de inclinar um pouco a cama. Era incrível, mas eu estava pronto para sentar, banalidade que tanto esperava.
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