La Vida Tombola (com Diego Maradona, ele próprio ;) - Manu Chao
Maradona (por J. Abegão, vulgo Fino)
Ninguém sabe do que eras feito Meio pessoa meio animal Tinhas dos deuses aquele jeito Arte dança e mão divinal
Eras um génio um portento Excesso telúrico em espiral Eras um touro contra o vento Minotauro no orgasmo final
Maradona (link) morreu com 60 nos e uma vida, um talento de pasmar; não gostando de comparações há, com certeza, mais esforçados, profissionais, atléticos mas duvido que algum divirta tão bem o público (sentimos todos, com o vírus, que o futebol sem ele pede força) e a ele próprio, tem golos inacreditáveis :)
São centenas as histórias e curiosidades que por estes dias se recordam sobre Diego Armando Maradona, que faleceu na quarta-feira, aos 60 anos. Da magia nos relvados às loucuras fora deles, El Pibe tinha também as suas 'manias'. Como a de usar sempre dois relógios, um em cada pulso.
A justificação é simples: Maradona gostava de ter um dos relógios com a hora do país onde se encontrava e o outro com o fuso horário da sua Argentina para se sentir mais próximo de casa, o que fazia desde os seus tempos em que jogava no Nápoles e que manteve até depois de ter terminado a carreira.
Depois de Barack Obama (um Senhor!) veio um George Trump (sem insultos para aquele BABABA incompreensível...) que é grave, como se o mundo percebesse todo que o Rei vai nu e ninguém tivesse coragem para dizer que aquela pessoa é nojenta, estamos a educar os nossos filhos e netos para quê, para onde!?
Sai com mau perder, agarrado aos ecrãs, egocêntrico e já vai tarde, nunca devia para lá ter entrado para o mais alto cargo americano!
Entra um experiente vice-presidente de Obama, George Biden que fez uma campanha sublime sem se deixar arrastar para a lama pela Trumpa, de assinalar a coragem que ele teve quando foi provocado num debate pela toxicodependência de um filho.
Traz essa experiência Democrata como principal trunfo!
Pondo como Vice-presidente, Kamala Harris, jovem de 56 anos, advogada, filha de uma indiana e de um jamaicano sustenta o futuro.
Normalmente, quem tem cuidados como este são as mães pelos filhos; é cuidado e é meiguice!
A filha não come, ela tem fome, é um comentário usual,
Esta situação, conhecendo a situação e as personagens, se não tivesse o seu quê de grave, era terna.
Nascimentos e Mortes são duas das situações a que damos mais importância; entre elas corre a vida!
Quando alguém deixa de comer, é o primeiro sinal de falência, desistência do corpo, da vida.
É o primeiro sinal que as memórias passam a falar mais alto e todos temos memórias da gente que nos fez mal e bem: dos pais, familiares, amigos, inimigos, de amores atingidos e falhados, de situações e momentos vividos.
É brilhante o corpo humano ficar com a nossa história escrita para ser relembrada.
Há quem tenha melhor e/ou pior memória, quem reconstrua a sua História (link).
Engraçado como ele passa facilmente de uma história a outra, como se fosse num caminho e mudasse o percurso, virasse à direita, subisse à esquerda, contornasse obstáculos; leva-nos a passear com ele, várias histórias num curto caminho.
Diário da Peste,
18 de Junho
Penso num fim do mundo que passa despercebido.
Já chegou, dizem uns.
Já chegou mas já foi embora, dizem outros.
O ballet de Nova Iorque cancela apresentações até 2021.
Um ginásio da Califórnia cria cápsulas individuais.
O esforço é solitário, e tal é mais do que justo.
Em 2020, o fim do mundo é invisível.
O fim do mundo aparece e não o vemos. E nada de essencial altera.
Quando muito adia a performance exterior do mundo.
O espectáculo prossegue, mas em 2021.
Debord se estivesse vivo andaria de avião por cima das cidades a deixar cair folhetos:
Não trabalhes nunca!
Apaguem os ecrãs!
Longa vida ao efémero!
Deixem-nos viver!
Estudo a Cloud Appreciation Society - Sociedade de Apreciação das Nuvens.
O fundador é inglês, Gavin Pretor-Pinney.
Entrevista antiga, ele diz que as nuvens são "injustamente difamadas".
E diz que estão por todo o lado os "fascistas do sol".
Indivíduos que tentam espalhar a ideia “de que só seremos felizes debaixo de um céu azul e limpo”.
O céu tem estado azul e quase limpo.
Albert Cossery dizia que nunca quis ter um belo carro.
Que só se quis ter a si próprio:
“Saio à rua com as mãos nos bolsos e sinto-me um príncipe.”
Não trabalhar, longa vida ao efémero, deixem-nos viver.
Enviaram na semana passada uma sonda para estudar as origens do Sistema solar.
Saber o começo, outra vez.
Na China dizem que a segunda vaga da pandemia veio da Europa.
Onde começa o segundo começo, o terceiro começo e etc.
Documentário sobre terra planistas.
Os terra planistas fazem muitas experiências.
Todas chegam à conclusão evidente que é impossível a terra ser uma esfera.
Economia: Reino Unido com valores próximos de 1963.
Avanço pela cidade e as lojas estão com bandeira a meia haste. Um velório que tenta fazer sapateado para parecer festa.
Baudrillard e algo importante.
Muitas culturas têm imaginários da sua origem, poucas têm imaginários sobre o seu fim.
E algumas não sabem nem imaginam como terão começado e como irão acabar.
Estamos no meio e olhamos para os dois lados e nada vemos.
Falta uma ciência do apocalipse.
Em 2020, os apocalípticos, cientistas e outros, saíram à rua e já andam à solta.
Do Brasil, recebo mensagens: o céu azul está negro.
Nuvens como aquilo que educa os meninos da rua.
Não há professores e os meninos apocalípticos estão abandonados debaixo do sol.
Drummond de Andrade.
“Entre as desesperanças da hora,
e à falta de melhores notícias,
venho informar-lhes que nasceu uma orquídea.”
Debaixo do sol limpo, os apocalípticos saem à rua. E debaixo do solo também acontecem coisas.
Detectou-se o vírus nos esgotos já em Dezembro na Europa.
18 de Junho. Os esgotos do mundo continuam a falar.
Penso nisto, nestas novas pitonisas: os esgotos. Deles virá a clarividência em 2020.
Entre os esgotos e a orquídea, um caminho estreito.
Imaginação. Faculdade de formar imagens reproduzindo o que foi percebido ou registrado mentalmente o que antes foi objeto de uma percepção (imaginação reprodutora). Mas também a faculdade de combinar imagens provenientes da experiência num novo conjunto: É então a imaginação criadora ou inovadora. (1)
Imaginação. Filos. Dados históricos - Na acepção consagrada por longa tradição, a I. designa um ato ou fenômeno psíquico determinado, uma "faculdade" intermédia entre a percepção sensível do individual concreto e a abstração das ideias universais. Na sua extensão máxima e mais profunda, a problemática da I. vem de Platão que introduziu no âmago de sua filos. a afirmação de que uma coisa aparece como imagem de outra e de que remete, graças à semelhança, a uma realidade primitiva, considerada como modelo, paradigma ou arquétipo. No entanto, é a tradição aristotélica que predominou na filos. ocidental, e que as diferentes escolas se sucedem no tempo, vão desenvolvendo ou corrigindo sem a rejeitarem completamente. De acordo com o princípio fundamental de que a sua psicologia, que é a estreita união entre a alma e o corpo, Aristóteles considera a imagem como a representação analógica ou "fantasma", deixada na alma pela sensação, que persiste, e pode renovar-se com uma certa liberdade, após o ato de sensação ter cessado. As imagens, nascidas das sensações, têm pois uma vida própria e podem combinar-se, associar-se entre elas, reaparecendo à superfície da consciência. A I. ou "fantasia" está pois estreitamente unida à memória. Os Escolásticos incluem a I. entre as "faculdades" sensíveis internas e definem-na, segundo a tradição aristotélica, como a capacidade de fixar, conservar, reproduzir e combinar as imagens das coisas sensíveis. Pode-se, metaforicamente, compará-la a um reservatório ou tesouro, constituído pelas imagens recebidas pelos sentidos. Este reservatório contudo não é uma "faculdade" puramente passiva. Manifesta-se certa espontaneidade e atividade na maneira como as imagens se combinam e emergem à consciência.
Psic. - Atividade psicológica que desempenha um papel intermediário entre a atividade intelectual, essencialmente subordinada ao raciocínio lógico e ao princípio da realidade, e o pensamento autista que depende exclusivamente das leis da afetividade. A atividade imaginativa implica uma transformação dos hábitos do pensamento e dos modelos formais de raciocínio, pode revelar-se consciente ou inconscientemente, ora no domínio da originalidade e da capacidade criadora ora no do sonho e do delírio. (2)
(1) DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993.
(2) ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]
À priori, diria que sim mas imagino que a resposta não seja assim
tão óbvia?Tudo é sempre (outra) palavra como o Nada que se arrisca a erros;
numa cultura boémia (sobretudo) o Tudo é escasso.Mas, a imaginação é fértil e reinventa-se...Não sei se temos um controlo tão real da nossa imaginação, se ela
nos controla: já estás a imaginar coisas…Imagina-se com imagens passadas, criadas, inventadas, suponhamos,
conversadas com os outros aqui ou ali.Nasce de nós, do concreto; podemos transformar realidades: há
pessoas, povos e países mais imaginativos!?Acho que a imaginação pode ser trabalhada, pode ser melhorada e
pode ser em alturas melhor do que em outras.A imaginação supõe memórias, parte-se delas para inventar novos
mundos!?
Depende de quem imagina… da liberdade que essa pessoa se dá...
Circunstâncias, lugares e tempo, depende do contexto e estímulo,
cansado baixam as armas/censuras do nosso corpo.Com ele a minha imaginação cresce, ganha asas, naquele grupo e
ali, naquela época, naquele tempo éramos muito imaginativos. A imaginação não dispõe de tudo não, a imaginação é bastante
limitada.
Há pessoas a quem imaginar dá asas, outras para quem é complicado
ELA (link) dança com recordações faz lembrar uma criança, ELA é a primeira bailarina da cidade de Nova Iorque a espanhola Marta C. Gonzalez em Valência, em 2019 a ouvir o Lago do Cisnes de Tchaikovsky.
Há um problema: fala-se mais no perdedor que na delicadeza e subtileza do vencedor...
Há mais a vibrar em o pior presidente da história da América democrática ter saído de cena (gosta tanto de flash's que não sai por ele próprio!) é preciso que não lhe demos palco.
Biden não vem sozinho, nem com a família, vem com a maturidade democrata e a clarividência futura da comunicadora vice presidente Kamala Harris feminina em traços africanos.
É com Alegria e certeza enormes que nós (não tão longe como isso) recebemos esta mudança, traz segurança e confiança; que este tempo ultrapassado ganhe memória para não se repetir!
Viver sem excessivas cautelas, deixar cair o que impede os cuidados simples,
a alegria diária que tem o seu esteio no hábito, no retorno da luz, no que vem
ter connosco e confirma a nossa existência, esforçando -nos por fazer diluir os
pontos de dor, às vezes por esquecimento, outras, para quem souber, por uma
espécie de massagem, à procura dos harmónicos modestos: «O bem -estar. É
uma coisa muito estranha: a comida é boa, o coração é simples, encontro um
menino na rua jogando bola, eu lhe digo: não quero que você brinque de bola
em cima de mim, ele responde: vou tomar cuidado».
2ª forma de alegria: animalidades
Descobrir que o corpo é um dom, saber isso sem esforço, como o gato ao sol.
O que é equivalente a «tornar -se real». O estado de graça de existir (não a
da inspiração), tranquila felicidade, lucidez, bem -aventurança física. Não é
um êxtase, não precisa de mediadores, maravilhosos fossem eles, anjos, ninguém ajuda, é só contacto, intimidade, com a mudez simples, sem máscara,
dos animais. Para nós, que conhecemos tantos obstáculos (isto é, falamos,
inventámos as máscaras e os corpos para prolongar e substituir os nossos), é
difícil permanecer muito tempo aí: «Sai -se melhor do que se entrou», porém
«sai -se lentamente (suspira -se ao sair), mas ficamos por assim dizer indizíveis
e incomunicáveis». O que Clarice Lispector gostaria de ser, integra -se nesta
segunda forma de alegria: «uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana
ou animal».
3ª forma de alegria: estar vivo
A aceitação acima de tudo o que sabemos e podemos. A alegria mansa: acordo
sem contrato nem disciplina, sem agradecimentos, sem consolação, sem emoção nem torpor, acontecimento puro: «Estou à janela e só acontece isto: vejo
com olhos benéficos a chuva, e a chuva me vê de acordo comigo. Estamos ocupadas ambas em fluir […] Talvez seja isso que se poderia chamar de estar vivo.
Não mais que isto: vivo. E apenas vivo é uma alegria mansa». Consideremos
o uso de «talvez»: não tem a ver com a incerteza do saber -se vivo, mas com a
precaução subtil que impede a formação de qualquer doutrina.
4ª forma de alegria: implorar e receber
«Talvez valha a pena ter nascido para que um dia mudamente se implore e
mudamente se receba». Demoremo -nos neste outro uso de «talvez» (que não
pede a simétrica: «talvez não valha a pena ter nascido», quem pensa assim não
diz «talvez»), sem sombra de reserva nem ressentimento, apenas consciência de
que não haverá argumentos definitivos.
5ª forma de alegria: uma plenitude severa
A alegria como fatalidade (que toma conta de nós e não nos deixa sorrir).
É como ser executante da vida, descobrir isso é descobrir o carácter sagrado da
vida: «[A mulher] sabe que está brilhando de água, e sal e sol. Mesmo que o
esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algum
modo obscuro que seus cabelos escorridos são de náufrago», 169.
6ª forma de alegria: serviço de urgência
…
precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a fcar contente
porque esta está tão contente que não pode fcar sozinha com a alegria, e precisa
reparti -la […] é urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes,
que até parece que só se as viu depois que tombaram […].
7ª forma de alegria: memento vivere!
O dia de amanhã, o dia do nosso medo, da nossa previdência, o dia da formiga,
é um dia da prudência que não convém idolatrar (haverá outro dia da amanhã, o da herança, mas o seu uso não vem agora ao caso), pois impede o estar
diante dos agoras, uma sombra que não deixa ver o risco que nos cabe por estarmos vivos. Nestes tempos que correm, o mais grave dos esquecimentos, pois
só aprofundando o risco poderemos salvar -nos (é em Thoreau e a Bernarnos
que Clarice Lispector vai alicerçar a sua compreensão). Ainda mais que um
esquecimento, um irreconhecimento combativo: a luta cega pela segurança. O
carácter anestesiador dessa luta observa -se no viver como se houvesse outra
vida para viver, fazendo soar a cantilena do diabo: adia, adia…
Ora, diz Clarice: «A mensagem é clara: não sacrifique o dia de hoje pelo de
amanhã» — ecoando o carpe diem de Horácio e a exigência goethiana de fazer
jus ao dia, no sentido de «não te esqueças de viver!» (mote de um maravilhoso livro de Pierre Hadot) — o que se prolonga na aceitação de que há um tempo para
cada coisa, para cada nascimento, sejam rosas ou morangos: «Sentia que havia
um tempo inadiável correspondente a cada momento […] Nada guardando para
o dia seguinte, ali mesmo ofereci o que eu sentia àquilo que me fazia sentir».
O discurso no vídeo é do melhor que tenho ouvido, por alguém que já esteve em guerras e batalhas e vive o dia a dia do SNS ao vivo.
Há quem seja ingénuo, realista, surrealista, irrealista, revivalista, pessimista, sonhador, otimista, quimérico, utópico mas ninguém sabe bem como será o futuro.
Se voltará a haver beijos e abraços, se os deves dar agora porque são os últimos ou se o ZOOM e os telefonemas são do mal o menos e conservam sorrisos.
De alguma forma isto é uma aprendizagem e dá valor ao que tínhamos por garantido.