26 julho 2021

(DES) ABAFO

Já imaginei ser corredor de hipodrismo nas paraolimpíadas.

Já fui futebolista, é uma boa forma de fazer amigos.

Já fui escritor.

Já ouvi e fui ouvido, conversei.

Carnide já foi um lugar único e mágico no dia a dia em mais um step.

Política social é uma forma ganha de estar na vida. 

Já fui dançarino CIMpático, ao vivo tem presença e é outra coisa.

Já estive para ir como voluntário numa ONG para Angola.

Já encornei e fui encornado.

Já tive bom e mau humor.

Passo a maior parte do tempo a brincar, o que nem sempre é bem entendido.

Já fui eficiente e deficiente, nunca fui normal.

Amo e sou amado diariamente.

Já fui emigrante (participar em projetos europeus é próximo).

Já fui boémio, amante do bairro alto, praia das maçãs, Albufeira é muito mau e afins.

Já fui animador e diretor em campo/colónias de férias.

Já fui turista.

Já fui à pinha, roubei uma mesa de matrecos.

Já joguei (mal) snooker, às cartas, paus, rummy, trivial, risco e afins.

Já namorei.

Já fumei e bebi mais do que uma dose habitual.

Já estive em Marrocos, Amesterdão, Barcelona, Paris, Londres, Bélgica, Praga, Auschwitz, Múrcia, Pontevedra e há muito tempo que não vou a nenhum lado.

Já fiz parte de um lobby na Universidade Católica Portuguesa de uma pós graduação on line com o nome de Diálogos e narrativas para a inclusão na deficiência (ou!?) com um grupo muito giro...

Já estive sem poder andar, nem falar de todo: sempre numa cadeira de rodas e apontar letras num alfabeto.

Já estive dois meses em coma.

Já tive terapias em, pelo menos, 10 espaços; de norte a sul, internacional e nacionalmente.

Isto estava a abafar-me o peito: a vida passada e tenho excelentes aliceces para construir futuros

1 comentário:

Mira Rio 74 disse...

Ótimo (des) abafo Zé Maria! Obrigada!