DESAFIO PARA MASTERCHEF
Executar uma receita de :
(SEM ISENÇÃO DE INGREDIENTES VITAIS)
Ingredientes:
Kilos bem pesados de alegria
Um peso de tristeza
Algumas raspas de raiva
Umas barritas de medo
Repulsa em pó para polvilhar
Comece por tentar perceber os ingredientes que lhe foram entregues para fazer desta uma receita de sucesso. É o primeiro passo. É como os sabores, quando somos pequenos e começamos a distingui-los, mas não sabemos ainda o que é o salgado, o que é o doce, ou o que é o amargo. Fazemos caretas ou sorrimos com satisfação, ou então choramos com desagrado (porque podemos fazê-lo) mas não sabemos ainda distinguir bem e muito menos gerir as nossas perceções.
Com o tempo, através dos nossos sentidos, vamos adquirindo o treino que nos permite gostar ou não gostar, fazer escolhas, avaliar a qualidade e a quantidade dos ingredientes que necessitamos para as receitas que vamos preparar e que vão compor o nosso desempenho individual e muito particular.
Nem sempre o tempo é suficiente para avaliar corretamente e tomar a decisão certa, mas hoje em dia tudo se faz em várias temporadas, como tal, uma segunda ou terceira hipótese é garantida.
Comecemos então pela alegria.
A alegria é o ingrediente mais importante que existe, pois é a base e o incentivo para que todas as receitas ganhem vida e tenham um final feliz. É o fermento chave que vai insuflar a nossa massa, e vai ser decisiva para o resultado final. Este ingrediente existe em variadíssimos formatos e se for usada quantidade a mais não tem grande problema, pois os outros ingredientes se encarregarão de ir anulando pontualmente esse efeito. De qualquer modo, convém não desperdiçar e ir tentando doseá-la na quantidade certa para que dure o mais tempo possível.
Deve amassar-se a alegria com ambas as mãos, trabalhá-la com firmeza, mas com gentileza, não a deixar arrefecer e muito menos cair.
Nesta altura, se provarmos o sabor da massa, ele vai estar talvez demasiado doce, com tal temos de avaliar e não ter medo de juntar uma pitada de raiva, um ingrediente picante e forte, que poderá fazer corar ou por os cabelos em pé, mas se usarmos só um pouquinho, é saudável e espevita o sabor.
É inevitável que a esta mistura se vá adicionando ao longo do processo umas porções de tristeza, numa proporção que é sempre muito difícil de controlar, e de um sabor amargo que por si só ninguém aprecia, no entanto é através do contraste que proporciona, que aprendemos a apreciar o verdadeiro sabor da alegria.
Convém que as porções de tristeza sejam bem incorporadas na massa e que fiquem o mais diluídas possível, de forma que a massa não apresente grumos e se mostre desequilibrada na textura. Se não conseguir à primeira, vá tentando com cuidado, e acabará por ver resultados.
O medo é o ingrediente que vamos usar para untar a forma em que vamos deitar a massa, usando uma quantidade que por um lado a impeça de ficar agarrada às paredes e por outro, que a faça desprender-se com facilidade quando for preciso sair da forma para o prato.
Leve ao forno médio para que os ingredientes se misturem e interajam sem pressas ou precipitações e no tempo certo para que não se queime, mas também não fique crua. O ideal é que a massa fique bem cozida, consistente, mas não demasiado dura, com um toque algo amargo, mas que fará realçar o doce de fundo.
Decore no final com um toque de repulsa, que deverá por um lado impedir o consumo excessivo de tão deliciosa iguaria , e por outro, evitar uma possível intoxicação.
Sirva à temperatura ambiente, e mantenha em ambiente arejado a fim de preservar as qualidades da massa.
Como já referido, o maior desafio na execução desta receita aparentemente simples, é a de conhecer os ingredientes e trabalhá-los na medida certa.
A única certeza é que só a prática constante desta receita, ajudará a treinar capacidades, a desenvolver habilidade na execução e a mantê-lo motivado a alcançar um lugar de topo neste ou no próximo Masterchef de Inteligência Emocional.
Maria Teresa Estrela Lopes Alho Serras Pereira
Curso de Inteligência Emocional – Trabalho Final - Janeiro 2022
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