13 novembro 2025

O aleatório é mágico...



Ninguém sabe como funciona o aleatório. 

Está na sua definição este conceito. 

Que depende de acasos ou de circunstâncias imprevisíveissujeito a  contingênciascasuais e/ou fortuitas.

A vida é aleatória, acontece ou faz-se acontecer: é livre!

Porque nos cruzamos com X pessoa ou Y aqui ou ali ninguém sabe: é sorte ou azar... 

É do além, aleatório.

O caminho que traçamos como caminhantes nos nossos passeios têm magia.

Ninguém é certo das suas vontades, das suas forças e saberes.

Também muita coisa não se sabia ontem e muita está por descobrir amanhã.

09 novembro 2025

- Os primeiros laços no ser -

 


A Verónica era uma mulher inteligente, forte, boa, realista, velhota e com uma alma cheia de força feminina nos seus 75 anos de idade, pedia mais. Funcionária de uma antiga escola secundária renovada e profícua de juventude e de novidades.

As durezas da vida tinham-na tornado algo bruta e com longos momentos masculinos.

Cada Ano Letivo Novo lhe dava brilho no olhar sentir que a escola se rejuvenescia, mas essa energia ia-se ao longo do ano passar com as épocas festivas. Passagem de ano, Páscoa, Carnaval, Verão, fins de semana motivavam o ritmo oscilante em que vivia.

Sentia-se envelhecer, o corpo emperrar, ganhar sons ferrugentos e melancolia no olhar, cada dia pior; às vezes, porque de vez em quando era melhor; mais míope; os ouvidos ensurdeciam; o sabor e gosto perdiam-se; o faro passou a ser cada vez mais unicamente uma cidade capital no Algarve e o tato parecia ter ganho novas credenciais pela perda dos outros sentidos: via, ouvia, cheirava e saboreava pela ponta dos dedos e pela palma das mãos. Mas a alma jovem parecia contrária a esse corpo antigo: desabrochava.

Estava a envelhecer e gostava que os jovens do liceu alimentassem a curiosidade nela nas horas vagas, transbordava experiência que enriquecia com as novas brincadeiras sorridentes, energéticas, alegres e contagiavam.


Era bom um professor faltar, mas contrária à sua profissão e missão; só auxiliava porque havia necessidade, mas as ausências cada vez mais comuns, davam-lhe alimento ao sabor, davam-lhe alunos e dotavam de vida as horas mortas.

Pontuava o seu ser nas horas quando faltava um professor e que insistia em dar alguma alma contrariando a frase inicial deste conto ‘A Verónica era uma mulher boa, realista’, tornando-a algo mágica, longe da realidade.

Inês era uma caloira de 15 anos, baixinha, tinha a alcunha de ‘anã’, era mimada, muito magrinha, quase enfezada, branquinha, olhar esperto e muito desenrascada que já aprendera que tinha mais a ganhar em passar as horas soltas e iniciais da manhã que nas aulas. Passava, primeiro, célere pelo bar, madrugando para comprar algo a partilhar com a amiga velhota Verónica.

Com quem partilhava amigos, conversas e curiosidades: isto do mundo é muito curioso, todos sabemos que é bom comer e descansar, mas quando abusamos há logo uma alma carinhosa que nos apelida de Preguiçosos. E o Amor? Passamos sempre mais tempo a trabalhar: coisa suja e cansativa, que dizes disto meu velho?

Verónica ri e responde: não sei se é tão verdade como isso, como se diz. Comer e descansar é bom, mas não em excesso, depende muito do momento, da idade, da altura do ano. Quando temos algo para fazer não há fome, nem cansaço que nos demova. O amor é das coisas mais mal-amadas nesta vida, sem razão, tens razão; falo do amor na amizade, entre nós dois por exemplo, o palmier e o sumo que nos trazes a partilhar…



- As Verónicas são corajosas e têm muita qualidade -

Após o primeiro período, após as férias, Matilde e Xavier e Matias também começaram a aparecer, mas só nas horas livres por convite de Inês; a Matilde era gordinha, de cor e com a boca cheia de asneiras e sorriso fácil; o Matias era beto, feinho, aloirado, animado, alto e encorpado; Xavier era o bonacheirão, bonito e gordinho.

Verónica surpresa: tantos? Inês, podias ter avisado que melhorava o estabelecimento para receber convidados deste nível. Verónica: acho que está muito acima do requerido, esperado e perspetivado pelo nosso humilde público e convidados. Somos só três, quatro contigo… e sem cerimónias, somos simples ora essa.

Matilde: sentimo-nos honrados por nos receberem no vosso simpático e cordial esconderijo.

Matias: claro, a Inês tem publicitado muito as horas que passa em convívio consigo, ficamos com pena de não termos tido a honra antes. Verónica: o problema foi vosso, da vossa falta de organização, já podiam ter aparecido antes… Matilde: não somos baldas como certas pessoas diz fingindo olhar para o céu a assobiar. E não tínhamos noção que a Verónica tinha um sorriso tão bom e bonito. Verónica: não quero que faltem às aulas para partilhar vida comigo, vocês vêm à escola para aprender. Mas ainda não se apresentaram, quem são vocês?

Inês: bem eu sou a Inês, diz sorrindoVerónica: de ti, já estou farto de saber, mas e os outros!? Matias: first the ladies e faz sinal com a mão ‘avança’.

Matilde: eu!? Opaaaa, o meu nome é Matilde e não gosto de ser chamada por Lady, prefiro Madame ou em tuga: dama!

Xavier a rir: eu, sou o damo dela, o Xavier pa… Matilde interrompe: seu parvo, sou nada dele, eu aqui e tu aí e aponta com as mãos.

Matias: sou eu que educo estas 4 crianças, sou o Matias e ainda vem que encontro uma voz mais serena, saudável e adulta para me ajudar, prazer!

Os protestos do público à provocação fazem-se ouvir… buuuuuu!

Verónica ainda a rir: muito prazer juventude, espero que se sintam à vontade para vir cá dar sem a Inês e que as horas lives sejam passadas com maior gosto aqui

Verónica: quem sou eu com 75 anos de idade, sou experiência por sentir, sorriso por fortalecer e muito ainda por descobrir.

Sou contínua ou auxiliar da ação educativa para os doutores e uma boa companhia.

Já pouco oiço, vejo, cheiro e saboreio, mas tenho imensa curiosidade no mundo por tatear.

O mundo real está muito por criar e imaginar, venha ele...

Burlões

Há um mundo ficcional dentro de cada um de nós, um mundo habitual de espaços e passos, momentos movimentos emoções e palavras. Temos pessoas em nós mesmos que inventar e ficcionar, pessoas que existem. Os sonhos são criados com alusões ao passado e despertares de futuros em aberto, por fechar e concluir.

Temos a responsabilidade (parecia tudo muito bonito não era!?) de criar mundos melhores para nós e para os outros. E (é engraçado) inventar, fazer acreditar na viagem; sermos realizadores ou escritores burlões: caraterizar para onde queremos ir e voar em novos amanhãs por inventar.

Temos, à nossa disposição um leque de atores com quem estamos habituados a ser movidos e ideias a pensar a serem estimuladas.

A principal luta é entre Nós e os outros, o egoísmo e o altruísmo.



 Estavam os seis sujeitos à espera dos nomes para entrar na comunicação real; ainda sem o feminino e o masculino, que iria tornar a refeição um manjar hiperbólico. O Eu, o Tu e o Ele individual conservavam-se à parte em diálogo do Nós, Vós e Eles de grupo geral das massas.

Eu: tenho sentido crescer o egoísmo em mim e não gosto, é que vejo, oiço, sinto, cheiro e gosto sempre por mim e não consigo abstrair-me disso, como é convosco?

Tu: tenho o problema oposto, contrário, sou demasiado virado para o outro, para fora, raramente penso em mim, tenho uma fraca autoestima.

Ele: o problema dele é um misto dos vossos dois, parece que sou um misto dos dois, nunca sou eu, nem o outro. Sou sempre algo que nunca está aqui e agora; estou sempre noutro lugar ou tempo. Lá longe, ontem ou amanhã, é horrível.

Nós: vocês não vêm? Até nos fazem soltar preconceitos numerários ‘lá estão eles nas individualidades’. Eu: calma, vocês têm mesmo a mania das grandezas, não temos de esperar pelos nomes? Vós:  esperai, esperai que eles são muitos e muito dados a individualidades, são muito singulares. Eles: não sei se é inteligente esperar por todos ELES, vêm aos magotes e roubam-nos as melhores mesas, sou muito altruísta, mas a funcionalidade do grupo primeiro. Para ajudarmos uns não podemos prejudicar o todo. Vós: já sou de um tempo passado onde não havia tanta literatura e a modos que já me sinto meio deslocado entre vós com o meu linguajar meio ancestral. Desculpem, mas vou-me isolar, prefiro ir entrando se não vos incomodares?

Ele: Ora essa VÓS não devíeis ter vindo, pelo menos, trajado com esse jeito de ancião clássico, faz-te muita falta quem te componha, uma Vossa, talvez.

Vós: tendes razão, mas na malta nossa já ninguém acompanha minhas valsas, agora é só tunx, tunx a dançar sozinhos e a abanar o capacete.

 


RIEM-SE TODOS!

 

PASSADO: esta geração já não é como as de antigamente, em que o grupo era mais valorizado.

PRESENTE: pareces um velho do restelo, na atualidade, já não há lutas entre gerações.

FUTURO: o grupo é feito de vários indivíduos e é nisso valorizado, no futuro. Mas não alimento rivalidades.

EGOÍSMO: não faz sentido haver guerras entre pessoas, entre espaços e tempos, faz parte da vida e de quem escreve estes textos escolher como mais gostam e sentem, é a vida!

O grupo aumenta e o burburinho também, começam a chegar as primeiras carrinhas com nomes. O NÓS: vamos entrando, vamos entrando, bora, bora, vão-se acomodando e apresentando, diz para os mais anónimos.

O ELES aparecem e dizem ‘que balbúrdia, ainda bem que o livro de cheques é nosso amigo e a máquina do multibanco está bloqueada pelo Futuro’.

Eu: isto da literatura e da escrita é uma forma de nos tirar daqui para ali e de agora para ontem e/ou amanhã, é genial o que nos faz viajar e voar, viver, imaginar, sonhar, é passar a vida do 8 para 800000, para escrever um número que saibas ler.

Tu: As letras e os números são um bocadinho contrários uns aos outros, não é? Há contactos ténues, acho que a escrita está mais à frente.

Ele: ora, isso é incalculável, não estão numa corrida e isso é escrito por um indivíduo de letras, tu. Se soubesses o mundo como está os números, nem sei se podemos competir, está tudo embrulhado numa coisa maior que é o mundo.

Eu: pois, têm razão, esta forma de pensar é pequena. Não é tudo um combate, devemos pensar muito mais em comunicação que em adversários. não somos todos oponentes, devemos funcionar como partes da mesma equipa.

NÓS:  que discurso beato, somos todos irmãos e amigos e queremos todos o mesmo…

EU: que mentira, sou contrário ao grupo?

TU: que mentira, isto é bem mais complicado, o Grupo é feito de muitos EU’s diferentes.

ELE: o ego não está oposto ao grupo, ao NÓS.

NÓS: proponho que vamos entrando e discutimos isso à mesa.

um outro dia...

O OUTRO DIA pode ser já o próximo.



 
Era um café de bairro chamado Beatnik aludindo à juventude inconformista que
nascera nos Estados Unidos da América. 

Os beatniks foram artistas, escritores, poetas,
músicos, entre outros, que participaram do movimento beat nos anos 50 do século XX e
princípios dos anos 60 que subscreveram um estilo de vida anti materialista, na
sequência da 2.ª Guerra Mundial.

Semanalmente um grupo de amigas artistas e produtoras as que eram também
consumidoras e tinham experiências diferentes que partilhavam, a Teresa, a Mónica, a
Sylvia e a Cristina encontravam-se no Beatnik.

 Tinham criado aquele grupo de forma
bastante informal e sem querer nada mais do que partilhar tempo juntas. Tinham
descoberto o gosto da escrita e da leitura casualmente. Reuniam-se, com gosto,
semanalmente. O espaço e tempo não eram indiferentes, tinham sido colegas de turma
na faculdade em Lisboa e procuravam o primeiro emprego. Eram alentejanas convictas.

Tinham ganho o hábito de trocar experiências que tinham vivido isoladamente e
animavam o grupo. Eram assim como um esboço, rascunho de vida futura que criam
criar em conjunto. Estavam abertas a novas ideias e o local ser o Café Beatnik vinha a
propósito.

Mónica: hoje começo eu rápido porque a vida chama por nós, não temos tempo a
perder, vi ontem um filme muito giro com a Juliette Binoche chamado O sabor da vida:
é de 2024.


O SABOR DA VIDA 

É um filme de drama romântico histórico francês, ambientado em 1885 que
retrata os prazeres de fazer refeições e interliga-se com relações entre as personagens,
muito engraçado. É um filme que explora os sentidos: as imagens, as cores, o gosto,
tanto requinte leva-nos a saborear.

Teresa: comecei a escrever, um pequeno texto sobre como o escritor pode levar o leitor
a sentir experiências e parece-me que esse filme vai nessa onda, vou procurar O sabor
da vida deu ontem na RTP 2. Já vai acrescentar ao pequeno rascunho, esboço que
comecei.

Sylvia: ontem vi também na RTP 2 um filme espetáculo Loop(ing), música eletrónica
passado em 2022 em Lyon. 



Rone, Dirk Brossé, Orchestre national de Lyon - Bora Vocal (Looping)

Era outra coisa, outra época, mais atual, mais dançado, mas
fez-me sentir os 5 sentidos, como se estivessem interligados, também devias ver Teresa e vocês todas, é muito bom.

Cristina: ótimo, vou daqui sempre com muita coisa para ver destes encontros, a televisão agora é
genial, assombrosa. Podemos ir ao passado, gravar do futuro, dos 2 RTP, passámos aos
4 coma SIC e TVI e na altura, já era o futuro…

Teresa: Engraçado como precisamos de experiência para criar mundo e procuramos
experiência noutras Artes: cinema, pintura, música, museus, filmes, desportos vidas.

Mónica: dizia Santo Agostinho que a felicidade é continuar a desejar o que já se tem. É
uma rica experiência que nos passa, se conseguirmos viver segundo esta frase à procura
da felicidade. Tantos séculos a viver segundo os homens, fazem falta, mas nada que um
vibrador não resolva.

Cristina interrompe a rir: não é assim tão verdade, os homens não são só sexo, pelo
menos o André não é. Tenho conversas e segredos com ele que não vos lembra a vocês,
muito inteligentes, aprendo imenso com ele.

Sylvia: é curioso como todos temos novas experiências do que somos, fazemos e
queremos nas nossas vidas. Cada leitor lê o seu texto do mesmo livro de acordo com o
tempo e o espaço onde lê.

Cristina: mais essa, estou muito otimista acerca do mundo que virá com novos livros
que formarão o muitas ideias novas que irão criar espaços fabulosos, fantásticos por
descobrir, mas temos de fazer por eles, por nós. A vida chama por nós, até para a
semana e levanta-se em despedidas… (num dia moderno as 24h eram cada vez
menos… mais curtas)

Um OUTRO DIA virá!?

07 novembro 2025

sintam o novo ar que aí vem na América

Zohran Mamdani Says He's Ready for Donald Trump | The New Yorker Interview


Em Nova York!

Após um mau presidente tem que vir um rapper, que pensa bem, é de esquerda, foi eleito na câmara de nova York e sobretudo é anti Trump