Há um
mundo ficcional dentro de cada um de nós, um mundo habitual de espaços e
passos, momentos movimentos emoções e palavras. Temos pessoas em nós
mesmos que inventar e ficcionar, pessoas que existem. Os sonhos são criados com
alusões ao passado e despertares de futuros em aberto, por fechar e concluir.
Temos a responsabilidade
(parecia tudo muito bonito não era!?) de criar mundos melhores para nós e para
os outros. E (é engraçado) inventar, fazer acreditar na viagem; sermos
realizadores ou escritores burlões: caraterizar para onde queremos ir e voar em
novos amanhãs por inventar.
Temos,
à nossa disposição um leque de atores com quem estamos habituados a ser movidos
e ideias a pensar a serem estimuladas.
A principal luta é entre Nós e os outros, o egoísmo e o altruísmo.
Eu: tenho sentido crescer o
egoísmo em mim e não gosto, é que vejo, oiço, sinto, cheiro e gosto sempre por
mim e não consigo abstrair-me disso, como é convosco?
Tu: tenho o problema
oposto, contrário, sou demasiado virado para o outro, para fora, raramente penso
em mim, tenho uma fraca autoestima.
Ele: o problema dele é um
misto dos vossos dois, parece que sou um misto dos dois, nunca sou eu, nem o
outro. Sou sempre algo que nunca está aqui e agora; estou sempre noutro lugar
ou tempo. Lá longe, ontem ou amanhã, é horrível.
Nós: vocês não vêm? Até nos
fazem soltar preconceitos numerários ‘lá estão eles nas individualidades’. Eu:
calma, vocês têm mesmo a mania das grandezas, não temos de esperar pelos nomes?
Vós: esperai, esperai que eles são
muitos e muito dados a individualidades, são muito singulares. Eles: não sei se
é inteligente esperar por todos ELES, vêm aos magotes e roubam-nos as melhores
mesas, sou muito altruísta, mas a funcionalidade do grupo primeiro. Para
ajudarmos uns não podemos prejudicar o todo. Vós: já sou de um tempo passado
onde não havia tanta literatura e a modos que já me sinto meio deslocado entre
vós com o meu linguajar meio ancestral. Desculpem, mas vou-me isolar, prefiro
ir entrando se não vos incomodares?
Ele: Ora essa VÓS não devíeis
ter vindo, pelo menos, trajado com esse jeito de ancião clássico, faz-te muita
falta quem te componha, uma Vossa, talvez.
Vós: tendes razão, mas na
malta nossa já ninguém acompanha minhas valsas, agora é só tunx, tunx a dançar
sozinhos e a abanar o capacete.
RIEM-SE TODOS!
PASSADO: esta geração já
não é como as de antigamente, em que o grupo era mais valorizado.
PRESENTE: pareces um velho
do restelo, na atualidade, já não há lutas entre gerações.
FUTURO: o grupo é feito de
vários indivíduos e é nisso valorizado, no futuro. Mas não alimento
rivalidades.
EGOÍSMO: não faz sentido
haver guerras entre pessoas, entre espaços e tempos, faz parte da vida e de
quem escreve estes textos escolher como mais gostam e sentem, é a vida!
O grupo aumenta e o
burburinho também, começam a chegar as primeiras carrinhas com nomes. O NÓS:
vamos entrando, vamos entrando, bora, bora, vão-se acomodando e apresentando,
diz para os mais anónimos.
O ELES aparecem e dizem
‘que balbúrdia, ainda bem que o livro de cheques é nosso amigo e a máquina do
multibanco está bloqueada pelo Futuro’.
Eu: isto da literatura e da
escrita é uma forma de nos tirar daqui para ali e de agora para ontem e/ou
amanhã, é genial o que nos faz viajar e voar, viver, imaginar, sonhar, é passar
a vida do 8 para 800000, para escrever um número que saibas ler.
Tu: As letras e os números
são um bocadinho contrários uns aos outros, não é? Há contactos ténues, acho
que a escrita está mais à frente.
Ele: ora, isso é
incalculável, não estão numa corrida e isso é escrito por um indivíduo de
letras, tu. Se soubesses o mundo como está os números, nem sei se podemos
competir, está tudo embrulhado numa coisa maior que é o mundo.
Eu: pois, têm razão, esta
forma de pensar é pequena. Não é tudo um combate, devemos pensar muito mais em
comunicação que em adversários. não somos todos oponentes, devemos funcionar
como partes da mesma equipa.
NÓS: que discurso beato, somos todos irmãos e
amigos e queremos todos o mesmo…
EU: que mentira, sou
contrário ao grupo?
TU: que mentira, isto é bem
mais complicado, o Grupo é feito de muitos EU’s diferentes.
ELE: o ego não está oposto
ao grupo, ao NÓS.
NÓS: proponho que vamos entrando e discutimos isso à mesa.
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