30 outubro 2012

a ondina



o jardim da estrela era onde passeava mais novo, quando era criança.

queria colocar uma foto dos senhores a jogar à sueca enquanto observava com o ar honesto o avô.

quando tudo faz sentido.

talvez seja bom só estar reservada à minha memória.

hoje ganhei forças ao reconhecer a sua voz ao longe.

'ela tem uma voz jovem' (pai)

olhei para uma foto que tenho minha e da avó abraçados e de novo fez sentido.

são pequenos privilégios destes que dão força ao existir!

manhã de vida: o pai faz 80-1 anos, 79 anos.

gerações seguem-se, a mãe da minha mãe e tia são filhas da minha avó que é amiga, quase mana, da ondina.

'tens os olhos a brilhar', diz o pai. 'e isso é bom!?', pergunto eu.

ele ri-se também com os olhos a brilhar:

'é um esplendor'.

'porquê!?', pergunto eu,

'então lá se explica porque é um esplendor!?', diz ele com o ar de miúdo pequeno.

as gerações sucedem-se, o meu pai é marido da teresa.

espanto. depois o meu pai contou que a catarina, filha do andré e neta dele, perguntou no outro dia 'o que era filosofia?', o andré disse-lhe que tinha que perguntar ao avô fernando, meu pai!

rennes-sintra-rennes.

o avô fernando contou que a filosofia era andar espantado com as coisas.

ora, das pessoas que conheço que imagem mais forte me deixaram de andar espantadas com o mundo que me mostravam foram com calma e ternura a ondina e a avó carolina.

vocês não sabem mas são preciosas filósofas!

hoje o teu cantar deu-me força, ondina!

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