26 fevereiro 2014

o olhar




volta o visionário:


há um menino, o D, de 7 anos que eu reencontro assiduamente, semanalmente, entre o fim da minha sessão de terapia da fala e o príncipio da dele.

agora mudámos o espaço onde é o nosso encontro e... tudo mudou!!!

ele mudou!!!

antes escondia-se atrás dos pais e não queria/gostava de cumprimentar.

agora mudou o local de encontro e mudou tudo.

estende-me a mão e diz 'olá Zé!' a olhar na cara.

ainda tem dificuldade em olhar.

talvez seja vergonha.

o meu pai ensinou-me a olhar nos olhos de quem cumprimentas e quando cumprimento.

é uma maneira de demonstrar confiança e passar segurança no/ao outro.

há sempre a reacção de olhar para as mãos a tentar ver se se encontram uma na outra bem mas elas encontram-se sem precisares de olhar.

ele tem um olhar bem bonito, grande e sério sorridente quando diz 'olá Zé! mas gostava que ele aprendesse a apreciar a troca de olhares e a doçura no olhar durante mais tempo.

faz mesmo diferença: fui mais bem disposto para o meu caminho a primeira vez que me cumprimentou, fui mais leve.


nos Bombeiros de Colares:

'agora vou deixar-te aqui enquanto vou ali ao centro de saúde buscar umas receitas.

ficas aqui em frente à igreja e à serra em frente aos carros de bombeiros a ver que eu já volto.'


a chegar a casa:

'como são bonitas as árvores, passamos aqui todos os dias sem dar por elas!'


com este renovado olhar tenho o privilégio de andar e olhar.

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