27 setembro 2015

NÓS POR CÁ É MAIS BOLA...




 Empate Técnico no clássico do Bloco Central: Isto vai a penaltis  

(Rui Cardoso Martins)


Prognósticos só no fim do défice. Ou da venda do BES com lucro. Ou no dia em que as galinhas tiverem dentes. A eliminatória para a conquista da taça do Bloco Central (PàF contra PS) está empatada. Num estádio com grandes clareiras abstencionistas, a segunda mão da campanha — e a final marcada para daqui a uma semana — promete levar ao rubro ?o campeonato da demagogia.
Nem mão na bola nem bola na mão, isto continua a jogar-se muito mal e com os pés. A primeira mão do clássico do “centrão” foi um jogo viril, com ocasionais momentos de violência, mas é notório que o “jogo jogado” continua muito mastigado ali no miolo.

Esta semana, a coligação PàF surpreendeu ao entrar em campo com uma estratégia nova — aliás não assumida no briefing habitual com a imprensa — de “falsa social-democracia + falsa democracia-cristã”. Mas foi evidente no relvado que Passos Coelho lançava no ataque um ponta-de-lança supostamente especialista no “combate às desigualdades”. Isto depois de quatro épocas de tácticas neoliberais a apostar em cortes na educação, nas pensões e na saúde, substituídas pela entrega da bola aos grupos privados e superprivatizações dados a preço zero aos maiores clubes internacionais, com resultados muito discutíveis para as tesourarias. Além disso, os espectadores assistiram a uma verdadeira sangria no plantel dos jovens com talento formados nas academias portuguesas, que foram “chutados” a tentar a sua sorte em campeonatos lá fora, mais competitivos.
Não contente com o espectáculo, o mister da Pàf e os adjuntos Paulo Portas e Maria Luís (fizeram as pazes depois da chicotada psicológica de Vítor Gaspar, que foi treinar os americanos do FMI) reforçaram a táctica do “autocarro em frente da baliza”, a par de aumentos brutais no preço dos bilhetes. O resultado foram duras entradas de carrinho e pés em riste sobre os portugueses, não sancionadas pelo árbitro Aníbal Cavaco Silva, de Boliqueime, que não viu os lances ou fez que não viu.

O jogo arrastou-se pelo lado esquerdo e só animou depois de saltar do banco José Sócrates (n.º 44 em Évora e 33 em Lisboa). Não sendo titular absoluto de Passos Coelho, este falso líbero apareceu mais magro e com pitons novos nas chuteiras Prada, mas logo escorregou ao pisar pepperoni e extraqueijo. A substituição também falhou porque António Costa conseguiu anular momentaneamente um adversário que tão bem conhece (jogaram juntos no Rato) isolando-o à entrada da área. Passos Coelho enviou Sócrates mais cedo para o balneário, decisão que não agradou ao irascível atleta, que pontapeou o banco dos suplentes e até pôs uma fotografia no Twitter numa pândega com o retirado José Lello, antiga glória do jogo sarrafeiro. Mas é provável que Sócrates volte para disputar a segunda mão, pelo menos continua na lista dos pré-convocados das eleições.

A segunda parte foi bastante diferente, um filme com outras cores e com várias oportunidades para ambos os lados. Logo nos primeiros minutos, Passos Coelho ameaçou com o inesperado regresso da “bancarrota do PS” e lançou-se numa “alteração à lei do aborto”, jogada cometida em claro fora-de-jogo ideológico, mas que o juiz algarvio, mais uma vez, não castigou. Em campo entraram então, num decalque habitual da ficha de jogo, os avançados de esquerda Jerónimo de Sousa (do Atlético PCP) e Catarina Martins (do Bloco de Esquerda Vitória Clube) que somaram minutos de grande entrega contra a PàF. Até que, a meio do segundo tempo, se viraram desta vez contra o PS, tentando encostá-lo ao último reduto contrário. Costa tentou chutar para canto, mas os jogadores à sua esquerda lutaram como bravos contra a alternância no “centrão de direita” e a bipolarização do desporto-rei.

Ao minuto 64 entrou em campo uma mulher nua e grávida, de cara bonita e uma bandeira da Agir, obrigando à interrupção temporária da partida, para divertimento dos espectadores.

Depois, a surpresa Tsipras, mais um grego que dá cartas nos campeonatos europeus por ser ao mesmo tempo avançado, médio, defesa, extremo, lateral-esquerdo, lateral-direito, guarda-redes, árbitro, espectador e vendedor de queijadas de Sintra, sem nunca abandonar as quatro linhas.

O momento crucial da partida veio logo a seguir. Ferido por um vendaval de cartões amarelos das sondagens, que lhe enfraqueceram as defesas, António Costa arranjou forças para reagir à investida do adversário. Passos Coelho, de repente, já não tinha pernas para o défice real de 2014, (trocou o número 2,7 pelo 7,2%, um “mero reporte contabilístico”) e, ao cair do pano, Costa apontou a “armada” de submarinos alemães (as mais caras contratações de sempre no campeonato) para mandar a privatização do BES ao fundo. Com isto, o “olheiro” Paulo Portas, tão atrevido até então, sempre à espera do erro do adversário, encolheu-se um pouco nas covas.

Em resumo, um clássico incaracterístico e muito mal jogado, com os dois adversários alheados da partida e a meter autogolos caricatos. Por exemplo, o minuto em que se perderam mil milhões de euros em “condições de recurso” na Segurança Social (uma “rosca” de António Costa) e o instante em que Passos Coelho rompeu o menisco ao confundir pagamentos de dívida antigos com pagamentos antecipados ao FMI. Momentos indignos até para a Divisão de Honra ou para um jogo solteiros-casados. Mas esta é a I Liga que temos.
Como dizia o mestre Dinis Machado*: “O futebol tem uma grande vocação dos movimentos imprevisíveis, dos lances incomuns e da escolha do acaso que o retiram, inexoravelmente, do universo da lógica.”

Já a política tem a vocação dos movimentos estafados, dos lances do costume e da escolha das demagogias que a retiram, inexoravelmente, do universo da lógica, da verdade e do bom senso.

A bola é redonda, a política quadrada.

Numa coisa são iguais, mestre Dinis: a mortalidade.

Quanto ao futuro campeão e patrão da equipa de Portugal, só a final do próximo domingo tirará as dúvidas. Passos? Costa? Não, o mister de sempre: Angela Merkel.

* A Liberdade do Drible, Crónicas de Futebol (Quetzal, 2015)

26 setembro 2015

Vida de Político por Clara Ferreira Alves

 O político a tempo inteiro não age, reage. Reage aos media, reage aos rumores, reage às notícias, reage às frases, reage às definições e, por grosso, reage à realidade
Não sei muito bem qual a vida de um político. Um político de um grande partido. Sei que não é fácil estar num palco 24 em 24 horas. Faz perder de vista a realidade. Um político vive rodeado de uma corte, que serve simultaneamente de barreira contra o mundo real e de filtro da realidade. Os cortesãos e conselheiros vão mediando a relação com os outros e com os factos e vão-lhe dizendo como se comportar perante este ou aquele acontecimento ou pessoa. O político a tempo inteiro não age, reage. Reage aos media, reage aos rumores, reage às notícias, reage às frases, reage às definições e, por grosso, reage à realidade. A reação é o resultado da ação, não a sua, a que os cortesãos lhe aconselharam. Além dos cortesãos existem os corpos políticos nacionais e internacionais que rodeiam o político. No caso do político no governo, os ministros e os secretários e subsecretários e a legião de burocratas que os acompanham mais os respetivos cortesãos e conselheiros. Toda esta massa, que podia ser massa crítica, silenciosa ou não, reage entre si como substâncias químicas. Dadas as relações de interdependência, tendem a reagir corporativamente. A lealdade ao partido sobrepõe-se a todas as lealdades, e a lealdade ao primeiro-ministro sobrepõe-se às veleidades de um pensamento próprio. O acesso aos cargos de topo é condicionado pelo exercício desta lealdade. Os irreverentes, rebeldes e independentes são mal tolerados na hierarquia e perdem acesso.

No caso do político na oposição, a vida não é muito diferente, com a diferença de que os gabinetes substituem os ministérios e a vida partidária sobrepõe-se, com a sua estratificação de lealdades, à vida governamental. O acesso é novamente condicionado, embora mais aberto do que no caso do governo. Apesar de o acesso ser mais livre, a querela intrapartidária obriga à formação de grupos de ação e reação que tendem a anular-se uns aos outros em segredo e aos quais os jornalistas gostam de chamar nomes terminados em istas. Costistas, seguristas, socratistas, soaristas, guterristas, etc. Os istas do contra vão-se diluindo com o tempo no poder.

A tarefa principal do político na oposição é reagir ao político no governo, que tem o privilégio e a desvantagem da ação política. O político do governo fez, o da oposição diz que vai fazer. Exige crença suplementar. A de que fará melhor do que o adversário. A articulação deste futuro indicativo, torpedeado pelos adversários e pelos comentadores, é hoje decidida pelos tecnocratas. Mais do que a crença, que está fora de uso, o que beneficia o político da oposição é a oposição popular. Aqui se encontra a única margem de manipulação política. Hoje ganham-se eleições porque outros as perdem. O que quer dizer que a ação e a reação devem ser voltadas para o discurso negativo e não para o positivo. Não é tanto o que vou fazer como aquilo que o outro não fez ou fez mal. Os articulados exigiriam subtilezas que, novamente, são abolidas ou filtradas pelas legiões de profissionais e políticos que rodeiam o político e pelos media ávidos de título e soundbite. No news is bad news para a informação. As legiões substituem a convicção pelo efeito. Não diga o que ele faz mal, diga o que as pessoas acham que ele faz mal mesmo que ache que faz bem.

O político do governo está manietado pela continuação da ação. Se mudar de ação, será acusado de fraqueza. Se não mudar de ação, pode ser punido com a derrota. Introduzir neste círculo vicioso da política mediada um elemento de verdade é impossível. Todo o sistema de ação e reação assenta na previsibilidade. Tanto mais que o jornalismo, que se tornou perito em prever e aconselhar em vez de noticiar, é tão previsível como a política. Os segredos e as verdades são para serem camuflados pela diplomacia e a hipocrisia de interesses e cumplicidades. Eu sei que tu sabes que eu sei.

Não admira que a campanha eleitoral pareça — e não passa de aparência — uma abertura, uma brecha no muro. Os pássaros saem da gaiola. Não podem dizer o que querem, mas podem sair do carro oficial, do círculo de cortesãos e conselheiros, sair da rota entre a casa e a sede, entre o gabinete e o gabinete, entre o avião e a reunião. Podem comer um pastel de bacalhau com o povo. Não são as inaugurações e as feiras, as Ovibejas e as fábricas, são instantes de vida quase normal. Tomam uma bica no café da vila, cumprimentam os velhos, ouvem as queixas das mulheres, pisam a rua. São vaiados e ovacionados com alguma sinceridade, apesar da camioneta que o partido manda “para compor a coisa, senhor doutor”. Podem dizer uma graça da sua cabeça, podem engasgar-se, podem chorar, podem rir. E podem divertir-se se fizerem parte do grupo de políticos que aprecia o banho de multidão e as imperiais ao balcão.

As campanhas eleitorais são dias de folga. Tirando isto, não sei para que servem.

24 setembro 2015

Gente humana ri com vontade e prazer

'O Personalismo coloca a pessoa acima de quaisquer instituições ou colectividade, pois o ser humano com sua pessoalidade é único e peculiar, e essa peculiaridade impossibilita que todo o seu querer e as suas ânsias, estejam totalmente em harmonia ou satisfeitos com as vontades, aspirações ou conquistas de uma classe, grupo ou instituição.'

Um presidente norte americano  Barack (Hussein) Obama (II, é o primeiro afro-americano a ocupar o cargo) e o Papa argentino Fracisco (Jorge Mario Bergoglio) brincam e passam saúde!

Cultura exemplar dá boa disposição... :)

DIGNIDADE EXEMPLAR!

Longa vida a ELES!

22 setembro 2015

AVANÇAR com mudanças



Já não se pode com esta gentinha...

Acredito que somos melhores que isto...

A ideia de mais quatro anos desta parvoíce e engano põe-me amarelo...

SOS!!!

14 setembro 2015

A dúvida: Se há convicções tão fortes nas esquerdas, por que não trabalham elas juntas?



RUI TAVARES, dirigente do Livre, Tempo de Avançar
HORA DE FECHO
O jornalismo — como nós todos — vive de fazer sentido das coisas através de narrativas. As narrativas são às vezes tão fortes, ou tão apetitosas, que se impõem ao sentido das coisas.
Assim foi nesta campanha com a ideia de que estávamos a viver um "empate técnico" nas sondagens eleitorais. Na realidade, não há empate técnico nenhum. A direita toda junta encontra-se muito perto dos seus mínimos históricos, e recolhe em torno de um terço do eleitorado. A esquerda toda junta tem perto dos restantes dois terços. Num quadro em que nenhum dos maiores partidos está próximo da maioria absoluta, o que é importante é saber para que lado pendem a maior parte das vontades eleitorais. Ora, parece claro que os eleitores que estão contra as políticas dos últimos anos são o dobro dos que preferem a sua continuação.

A partir deste equívoco gerou-se uma outra subnarrativa, a saber: como puderam Pedro Passos Coelho e Paulo Portas perder os seus debates? A questão é mais o contrário: como poderiam eles ganhá-los? Que tem este governo para apresentar em sua defesa? Os 400 mil portugueses que saíram do país? O risco de pobreza que chega quase a um quinto da população? O desemprego que, mesmo nos números ilusórios do governo, é o quinto mais alto da União Europeia?

 A direita está neste momento a falar para o seu reduto ideológico; as pessoas que concordam com o diagnóstico do "viver acima dos seus meios" para a crise e com a austeridade para a sua resolução. Mesmo esses, embora aceitando a validade da receita seguida, têm dificuldades em engolir uma série de outras peripécias do governo.

A esquerda, por outro lado, independentemente das suas próprias peripécias, tem ganho os debates não graças à repetição das suas profissões de fé mas por ter fácil acesso a uma realidade palpável e sentida por parte das pessoas: a das dificuldades financeiras, da precariedade, da ausência de oportunidades e dos obstáculos no acesso aos serviços públicos.

A propósito — é justo deixá-lo escrito — esta realidade não se convoca sozinha, e tanto António Costa como Catarina Martins estiveram muito bem ao recordá-la sustentadamente, deixando os seus interlocutores na necessidade de recorrer a Sócrates e a Tsipras para mudar de assunto. O eleitor de esquerda, mesmo que de outro partido, sentiu-se representado.

A responsabilidade que pesa sobre a esquerda é maior, contudo, do que ganhar debates. Ela transcende até o ganhar eleições. A grande questão é: se há convicções tão fortes nas esquerdas, por que não trabalham elas juntas?

Para o futuro, a esquerda não pode cometer o mesmo erro que cometeu a direita: falar ou governar apenas para o seu reduto ideológico. Será necessário passar da recusa da austeridade ao estabelecimento de um plano alternativo que passe por transformar as relações entre o estado e os cidadãos, no sentido da inclusão social e da autonomização dos indivíduos que dá futuro e desenvolvimento às comunidades.

Esse desafio é o mais difícil, e é crucial que venha a ter resposta. Não há muito tempo. Até lá, regozijemo-nos nós à esquerda com a hora de fecho para este governo, na consciência porém de que isso é excelente mas não suficiente.

13 setembro 2015

dentro de ti há gente?

“Se tu não vês ainda tua própria beleza, faz como o escultor de uma estátua que deve ser bela: tira isto, raspa aquilo, deixa tal lugar liso, limpa tal outro, até fazer aparecer uma bela aparência na estátua. 

Da mesma maneira, tu também tira tudo o que é supérfluo, corrige o que é torto, purificando tudo que é tenebroso para torná-lo mais brilhante, e não cesses de esculpir a tua própria estátua até que brilhe em ti a luz divina da virtude.” 

(Plotino, Eneadas)

entrada abissal do livro 'le philosophe nu' por Alexandre Jollien...

10 setembro 2015

o abafo: temos Costa!!!

um cheirinho!!!



Só para quem andasse distraído foi surpresa e não confirmação o debate noturno entre Passos de Coelho e António Costa...

O trabalho um bom/excelente na Câmara de Lisboa como presidente e outro mau/péssimo no pior governo que há memória dão garantias: lembra-me por exemplo dos 6 meses consecutivos em que viajei do Porto para Lisboa ao fim de semana e como chegar à baixa Lisboeta tem um sem número de pessoas com ar liberto e desperto.

A Baixa está muito melhor, tem abertura!

mas o debate...

notou-se bem que (apesar de estar por dentro com maior facilidade de recorrer dados referentes aos principais assuntos primordiais para o presente e futuro dos portugueses) Costa tem melhor estudadas as ideias que pretende pôr em prática no Governo por si liderado. Num debate em que o estilo passou muito a ideia de concurso de gladiadores americanos Costa soube elevar-se demonstrando que 'há primeira quem quer cai; há segunda só cai quem quer!'

António Costa não  soube aproveitar o calcanhar de Aquiles deste (des)governo: o ministro Nuno Crato e a Educação...

A Saúde e a Segurança Social foram temas alguns (mal) abordados pelos 3 jornalistas...

Demonstrou confiança/segurança em construir/arranjar uma casa onde saiba bem viver!

Temos HOMEM!

09 setembro 2015

sábado 12 de Setembro piquenique



'A vida é um piquenique!'

 
Vem fugir ao calor e aproveitar o fresco da maresia e da sombra (pareço um guia turístico) com um piquenique! 

Em doze de Setembro, sábado, ao longo do dia  na zona de Sintra (sopé da entrada para o mosteiro da Peninha) juntos será simples e exigente mas não fácil existir; venham todos festejar: bebés, crianças, adolescentes, novos, meia-idade, e velhos, escanzelados, anafados, gordos e magros, homens e mulheres, nacionais e estrangeiros, regionais, do norte, do centro, do sul, de longe e de perto, negros, morenos, loiros, amarelos e brancos, todos: vamos ser muitos !!! 

Vamos partilhar gostos e sabores; personalidades diferentes constroem o puzzle do descobrir, não deixemos peças vazias e em branco; sejamos curiosos! Com aquele diferente eu vou… e construo-me!

Vamos brincar ao jogo da descoberta, do Ser Estrageiro: descobrir espaços e tomarmos conta deles, melhorá-los, estaremos todos juntos longe e no desconhecido.

Inventar e descobrir sabores, gostos e prazeres.

Trazer comida e bebida fresca, doce e ácida a partilhar. Carne, Peixe, Vegetais, Alimentos energéticos: vai-se tornar em nós…

Reafirmar coisas que saibam bem e que passam de geração em geração. Conversar, pensar, imaginar, desenhar, escrever palavras, frases, textos, ouvir música e ritmo com e entre gente boa; criar projectos, ter ideias e desafios que façam avançar.

Cantar e dançar, dar vontade de fazer coisas boas e exigentes; e no meio disto tudo: descansar, preguiçar e inventar sonhos.

Acreditar no mundo, na criança que nasce, em fazê-la sorrir a pensar e criar, motivá-la;

Andar e falar bem,

Mimar e ser mimado,

Passear,

Dar luta,

Tornar existir lutador,

Às vezes fácil,

Mas, a maior parte do tempo, difícil para ter piada/graça,

Tentar fazer nascer sorrisos nos outros,

Agir longe e perto,

Com leveza,

Estar sozinho e aos magotes,

Refugiado e em matilha.

Juntar gente, juntar pessoas, juntar malta boa: juntar!

Comer,

Saborear,

Cozinhar,

Refrescar,

Ternura,

Carinho,

Sentir,

Ouvir,

Olhar,

Encostar,

Acarinhar, 

Amaciar: gente amiga a conversar alegre.

Desafios que põem em causa,

Cansar e descansar,

Viver o tempo e espaço,

Jogos e construções,

Ar fresco a inspirar e ir a toda a célula,

Natureza viva,

Humanos e animais,

Sol e cor,

Bons Sabores,

Luz e calor no corpo,

Sombra e líquidos frescos.

07 setembro 2015

Uma cultura do aviltamento democrático

Quando os clubes de futebol decidem que vão jogar no dia das eleições, as elites políticas desbarataram já a autoridade moral que lhes permitiria corrigir esta situação.
Quando um primeiro-ministro no fim do seu mandato evita ao máximo dar entrevistas no período pré-eleitoral, incorre numa desvalorização da escolha democrática, e assim prejudica a todos os portugueses. Quando a coligação governativa inventa desculpas para não ir a debates eleitorais, ajuda a minar a lei de cobertura de campanha por ela aprovada ainda há poucos meses, e é toda a política que sai descredibilizada.
Moral da história: quando os clubes de futebol decidem que vão jogar no dia das eleições, as elites políticas desbarataram já a autoridade moral que lhes permitiria corrigir esta situação. Dificilmente conseguirão manter o respeito por um ato eleitoral que desvalorizaram.

Por outro lado, quando a imprensa se deixa enredar por esta cultura do aviltamento democrático, também dificilmente poderá cumprir com o papel de controle do poder político que lhes cabe. Já nem falo do levantamento pela liberdade de informar, aqui há uns meses, a que se seguiu o mais completo rebaixamento (pelo menos nas televisões) às vontades e caprichos dos partidos instalados. De pouco vale já notá-lo, de tal forma essa atitude está entranhada nos hábitos redatoriais. Mas o problema já há muito deixou de ser quando os jornalistas são parte passiva. Quando todos os canais televisivos só interrompem a sua dieta "informativa" de comentário político e futebol para se apinharem em frente à porta do prédio onde está José Sócrates e nos dizerem quais são os ingredientes da pizza que ele terá encomendado. Quando só interrompem essa pseudo-cobertura para relatar uma qualquer falsa controvérsia política sem conteúdo político. Quando Portugal é o primeiro país a atirar a crise dos refugiados para terceiro lugar na lista de prioridades jornalísticas bem, quando tudo isso acontece, pouco ou nenhum espaço resta à imprensa para cumprir com a sua missão de defesa e elevação da democracia.

Poder-se-ia dizer que, numa situação destas, competiria ao Presidente da República apelar à exigência cívica e política num momento crucial para as escolhas dos portugueses. Mas quando ele próprio gastou os seus créditos a dar recados sobre o tipo de resultados eleitorais e de entendimentos políticos que prefere para o futuro, também ele diminuiu a possibilidade de que tal apelo seja eficaz.
O falhanço da democracia – e do estado de direito – em qualquer país do mundo é sempre o falhanço de todos aqueles a quem compete defendê-la. Em Portugal, infelizmente, já estivemos mais longe do momento em que ao cidadão comum não seja dada possibilidade de, com alguma facilidade, usufruir de uma esfera cívica saudável. A consideração minimamente séria dos problemas do país e dos desafios do mundo será nesse dia uma tarefa praticamente clandestina.
E sim, até uma crónica destas participa desse ambiente geral. Chega um momento em que não se pode mais fingir que não se vê aquilo que nos entra pelos olhos adentro: uma democracia só vale aquilo que todos os seus componentes quiserem que ela valha. E neste momento há quem queira em Portugal que ela valha demasiado pouco, porque só no meio do lixo podem luzir.

06 setembro 2015

memória curta ou que raio de gente...



Chico Buarque Acorda amor

... que somos!!!

Vergonhosa a ideia de mais quatro anos com este ABSURDO!

A direita é mais de uniões e shopings; a esquerda de divergências...

É incrível e assustadora a hipótese de ficar com esta gente (!?) no governo... a filha da putice de porem o Sócrates na berlinda a um mês das eleições para terem uma conversa a fazer de nós parvos vai renascer: 

'lembram-se como era mau quando lá estava o PS!? Agora depois de 4 anos connosco ('Portugal à frente') estamos bem melhor, equilibrámos as contas/o défice, viram? Deixem-nos ficar lá mais quatro anos, vá lá...'.

Tantas opiniões dispersas...BE, PCP, PS, TEMPO DE AVANÇAR/LIVRE, VERDES e afins...

Muita coisa vos separa mas muita mais que une: entregam o oiro ao bandido...

Ó Esquerda juntem-se! Não se dividam porque unidos temos mais força!!!

04 setembro 2015

óbvio!: esta corja já está lá há tempo demais...

O combate político é um combate


A lata do homem que mais portugueses atirou para a pobreza não tem limites, a sua falta de vergonha é abissal, o seu decoro inexistente.
É possível amalgamar quase tudo, apresentar propostas que são mantas de retalhos de ideias contraditórias, apresentar propostas que nem são propostas mas apenas postas, fazer discursos que são sopas de pedra onde se juntam ingredientes à medida das assistências, atirar ao ar frases soltas de efeito fácil para repetição nos jornais e passagem nas televisões, prometer mundos e fundos, manipular as estatísticas, mentir descaradamente e jurar pela virgem Maria que nunca se disse outra coisa, dizer que agora é que é, que os outros são piores, que os outros são o demo, sorrir para parecer simpático, fazer ar sério para parecer honesto, acenar para parecer popular, tirar a gravata para parecer modesto, pôr a gravata para parecer ponderado. As campanhas e pré-campanhas eleitorais são férteis nisto. São quase só isto. Quem ouça e veja com atenção o que dizem e fazem os políticos do costume em campanha e se atenha a algo mais que os gritos e as bandeiras e os sorrisos e os beijos aos bebés e os olhares às mamãs corre o sério risco de uma indigestão, de uma congestão, de uma apoplexia.

Os partidos são todos assim? Não. Os políticos são todos assim? Não. As campanhas são todas assim? Não. Mas a campanha eleitoral que vemos na televisão é (com as intervenções dos membros do Governo à cabeça) e, para a esmagadora maioria dos portugueses, essa é a campanha eleitoral. A campanha eleitoral do “arco da governação”, seguindo a lógica da Quadratura do Círculo, onde o círculo nem sequer é quadrado mas apenas um triângulo com o PSD, o CDS e o PS como lados. Não houvesse Pacheco Pereira na Quadratura do Círculo e o programa seria o melhor exemplo de manipulação da opinião pública desde que a Fox News começou as emissões. E, nas campanhas eleitorais, não está o Pacheco Pereira.

A campanha das televisões — mesmo com os debates anunciados será a gigantesca lavagem ao cérebro do Portugal à Frente e o número de equilibrismo da obsessão centrista de António Costa.
As campanhas eleitorais têm uma perversidade intrínseca. Tem vantagem quem mais mente e quem tem maior descaramento. Tudo seria diferente se os media fizessem um papel de verdadeira fiscalização dos poderes, mas os media consideram que publicar um texto ou fazer um programa de fact-checking das aldrabices do PSD e do CDS é uma “reportagem especial” e não a sua razão de ser.

É como se o Nicola decidisse que servir café é algo para fazer apenas nos dias feriados.

Um dos problemas da falta de escrúpulo da campanha do PAF e da navegação prudentíssima da campanha do PS é que se tornam indistinguíveis. Passos Coelho chegou agora ao cúmulo de erigir o combate às desigualdades como um dos objectivos de um futuro governo PAF e de garantir que esse sempre foi uma das preocupações do actual Governo. A lata do homem que mais portugueses atirou para a pobreza não tem limites, a sua falta de vergonha é abissal, o seu decoro inexistente. Mas quem o dirá com a veemência que o facto exige?

A campanha eleitoral cirurgicamente podada pelas televisões das intervenções à esquerda do PS , que devia ser o local do choque ideológico e do debate de políticas, torna-se o lugar da amálgama morna, sem confronto de políticas alternativas, um choque de imagens onde apenas se pode comentar o sorriso dos oradores, onde cada vez mais se repete que a diferença entre esquerda e direita é uma coisa antiquada que “deixou de fazer sentido”.

A declaração é um dos bons exemplos da manipulação ideológica actual. Uma declaração pretensamente “equidistante dos extremos” que é de facto um grito de batalha, que visa convencer os eleitores de que a “boa governação” não tem cor política e convencer as massas a abdicar da luta de classes e de lutar pelos seus direitos.

Um dos sinais dos tempos no actual combate político, nesta campanha onde Passos Coelho se recém-arvorou em campeão da igualdade, é a ausência dos pobres. Os pobres sempre foram invisíveis mas nunca foram tão invisíveis. Os desempregados conhecem todos os dias novas indignidades nas bichas dos centros de emprego, nas lojas onde não podem comprar nada. Os velhos e doentes nem sequer podem ocupar a rua, o último lugar do poder. Os remediados degradados para novos pobres aguentam a respiração e tentam adaptar-se à humilhação, tentando passar despercebidos. A responsabilidade da política deveria ser destruir este silêncio, que rouba aos que nada têm a soberania que é sua, devolver a voz aos que não falam, combater a iniquidade, mas a campanha eleitoral, desideologizada, higienizada, soundbitizada, receia fazer aparecer a luta de classes e isso acontece mesmo à esquerda. Receia parecer radical, mesmo quando a direita lança uma guerra sem quartel aos velhos, aos pobres e aos doentes através dos cortes na saúde e na segurança social. Mas o combate político não é uma valsa. O combate político é um combate, para o qual só poderemos mobilizar vontades com clareza nos objectivos e audácia nas propostas.


 Candidato independente às eleições legislativas pela coligação cidadã Livre/Tempo  de Avançar