"Eu quero acompanhar o meu cantar vagabundo de todos aqueles que velam pela alegria no mundo" (caetano veloso)
26 setembro 2022
25 setembro 2022
Otimismo, realismo OU pessimismo
Boa sorte!
Não se escolhe ser mais otimista, realista ou pessimista!
Costumo dizer que sou otimista, que a sorte e os astros
sorriem mais facilmente a quem sorri para eles… hoje
percebi que não é uma opção e que todos preferimos ser
otimistas, ou não!?
Talvez não e o mais sensato seja ser realista.
Pessimista é saber que a vida não é fácil mas que é
melhor viver não esperando nada de extraordinário, se
acontecer, estamos cá para desfrutar/aproveitar.
Não é uma opção, ser um ou outro.
Em cada momento pesamos o encontrado e escolhemos
o olhar, a perspetiva!
Sorrir é importante com realismo, pessimismo ou
otimismo?
24 setembro 2022
Diz as coisas como elas são!
21 setembro 2022
Patrícia Pedrosa - Género em Arquitectura
Our Souls At Night na Netflix
20 setembro 2022
A bicicleta não era autorizada!
Já estava encostada ao poste há uma eternidade...
A sombra ditava linhas, curvas, mais largas, compridas, curtas,
suavidades.
Era não autorizado aquele desenho: onde já se viu aquilo?
Não tinha movimento.
Estava parada: uma bicicleta não era feita para aquelas artes!
Sombreado em quadrícula: a coisa parecia imaginada, suspeita!
Vamos dar uma volta a pé, ali ao jardim, onde há um lago e pombas
que cagam e voam.
Cagam de cima, cagar é feio, desculpem este voo imaginado que vos
põe caca na cabeça.
Vamos limpar ali ao lago, molhada a caca ainda é pior, fica
enlameada.
Já vinha cheio de óleo e queimado pelo sol.
A bicicleta não se quis mexer!
Que poético podia ser este passeio imaginando um casal pelo jardim.
Podia mas não queria ser, não era poeta nem poesia.
Que doce este movimento de linhas dançantes levadas pelo sol ao
fim da tarde, lembravam romance, imagens
musicadas.
E cores mais claras, compridas, doces, amargas e brincalhonas.
Iam o casal deitar-se no relvado a sorrir aos beijos, mãos brincando
aos dedos que festejam energias.
Abraços e olhares soltos assim.
Entre cruzar as pernas e braços que abriam a deixar entrar magia
inspirada.
Repoisar e escolher um bote para passear por entre os patos.
Remar. Chop chop choi Choi. Chop chop choi Choi.
Água a lavar a cara e peixes a brincar no fundo entre algas e verdes.
Remos rente à superfície desenhavam outras linhas e geometrias.
Chop chop choi Choi. Chop chop choi Choi.
Era um barco artista que se enchia de vaidades num orgulho.
E lanchavam sacando sandes, sumo e fruta da mala; partilhavam
com os patos e peixes o amor!
Chop chop choi Choi. Chop chop choi Choi.
19 setembro 2022
A sociedade da avaliação contínua (Vítor Belanciano)
Nas sociedades dominadas pela ideologia hiper - individualista, por um lado, temos aqueles que são enaltecidos como clientes, e muitos outros que são culpabilizados pelo aparente insucesso na corrida implacável pela competitividade.
Dessa maneira é produzida uma nova normalidade social que se caracteriza pela indiferença para com aqueles que não são considerados úteis. Nas sociedades dominadas pela ideologia hiper-individualista, por um lado, temos aqueles que são enaltecidos como clientes, e muitos outros que são culpabilizados pelo aparente insucesso na corrida implacável pela competitividade. Quanto mais somos influenciados por esta ideologia, mais nos enredamos num ciclo destrutivo, que gera angústia, mina a auto-estima e produz ressentimento.
17 setembro 2022
Studio B, Unscripted
16 setembro 2022
Como afastar adeptos dos estádios: um manual
A Liga de Clubes diz que uma das prioridades este ano foi o “regresso das famílias aos estádios”. E isso é tudo muito bonito em teoria e nas intenções, analisa Bruno Vieira Amaral, ao escrever sobre a criança de 10 anos que, na bancada do estádio do Famalicão-Benfica, foi obrigado a despir a camisola da equipa que apoia: “há ideias que nunca chegam a sair do papel e há outras que nunca deviam ter chegado ao papel porque, quando chegam, podemos ter a certeza de que haverá sempre alguém alegremente disposto a aplicá-las”
12.09.2022 ÀS 12H33
DEFODI IMAGES
Os adeptos de futebol em Portugal são uns privilegiados. Enquanto os jogadores levam cartões amarelos por despir a camisola na comemoração de um golo, nas bancadas os adeptos são obrigados a fazê-lo, ou seja, o que é proibido para o jogador é obrigatório para o adepto. Sortudos! Mas o melhor é não exagerar nos privilégios. Ainda bem que o adepto obrigado a tirar a camisola do Benfica por se encontrar em zona proibida, na chamada “bancada dos adeptos da casa” em que não são admitidas exceções à monocromia clubística, era uma criança. Imagine-se que fosse uma senhora ou um senhor mais complexados. Teríamos um caso bicudo para resolver, programação normal interrompida, diretos de nutricionistas via Skype, comentários do Presidente da República e do Dr. Quintino Aires (que lamento muito que não sejam a mesma pessoa).
Mesmo assim, não nos podemos queixar das instituições. Ao que parece, Pedro Proença agendou uma reunião. Valha-nos São Pedro! As reuniões são a aspirina das dores de cabeça da Liga. Qualquer que seja o problema, marca-se uma reunião. Em casos de maior gravidade, marcam-se logo duas não por não se acreditar que o problema seja resolvido à primeira, mas porque duas reuniões de rajada, anunciadas com aquele tom ponderoso de Conselho de Estado, revelam uma determinação irreprimível para marcar reuniões.
Diz a imprensa que essa reunião será com os diretores de segurança dos clubes a quem presumivelmente serão dadas indicações de comportamentos que os funcionários a seu cargo devem evitar: obrigar uma criança a ficar em tronco nu, empurrar pessoas em cadeiras de rodas pelas escadas abaixo, acariciar o crânio lustroso de um adepto careca, etc. Sabemos que são comportamentos quase irresistíveis, mas estes heróis têm de combater a sua própria natureza e usar o bom-senso. Dir-me-ão que exagero e distorço, que os regulamentos não obrigam a que as crianças fiquem em tronco nu na bancada dos adeptos da casa, que “apenas” proíbem a entrada de adereços associados ao adversário. Mas quando o resultado é esse, ninguém se livra da ignomínia usando como escudo a letra da lei.
O que me leva à hipótese de que a segurança terá feito mais do que aplicar, com zelo e imparcialidade, o regulamento. Suspeito de um prazer sádico na ortodoxia ainda que instigado pelo ambiente dos “adeptos da casa”. Os seguranças, cuja presença tinha sido notada pela última vez num túnel aqui há uns anos, têm agora uma área em que podem exercer a sua autoridade sem temor de serem espancados: de acordo com o artº 15.º, alínea c) do Código da Indumentária em Recintos Desportivos (que acabei de inventar), o segurança que detete a presença de um intruso menor de idade em zona proibida deve recorrer a todos os meios ao seu alcance, inclusive comunicações via rádio, para imobilizar o indivíduo e retê-lo até à chegada da polícia, devidamente acompanhada do polícia da moda ou avaliador de adereços.
Deve o segurança certificar-se que o indivíduo provocador retira a camisola e que não tem outra escondida nos calções, perguntando-lhe nomeadamente o seguinte: “por acaso não tens outra camisola escondida nos calções ou na bolsinha do teu pai?” Conhecendo a natureza manhosa e traiçoeira dos petizes, o segurança deve desconfiar de uma obediência célere às suas ordens. Mesmo pressionada pelos urros de adeptos da casa, a criança pode tentar vestir a camisola de novo com argumentos que não devem comover o representante da autoridade enquanto a autoridade não chega: ter frio, ter calor, estar a recuperar de uma pneumonia.
Agora, sim, exagero. A culpa não é minha, é dos cenários absurdos que os responsáveis do nosso futebol insistem em transformar em realidades risíveis. A Liga defende que medidas como esta são pensadas para trazer mais adeptos aos estádios e reforçar o sentimento de segurança dos que lá vão. Diz mesmo que uma das prioridades este ano foi o “regresso das famílias aos estádios”. E isso é tudo muito bonito em teoria e nas intenções. Mas como é que conciliamos essas ideias extraordinárias com o facto puro e duro de uma criança de dez anos acabar a ver um jogo meio despida? No nosso futebol ciclotímico, tão depressa vitorioso como logo a seguir deprimente, há ideias que nunca chegam a sair do papel e há outras que nunca deviam ter chegado ao papel porque quando chegam podemos ter a certeza de que haverá sempre alguém alegremente disposto a aplicá-las
Campo dos Bargos: O Futebol ou a Recuperação Semanal da Infância por Jorge Reis do Sá
07 setembro 2022
O esconderijo do ciúme
Conheço um gato e uma gata que são irmãos. A gata odeia o irmão e odeia-me a mim, mas já percebi tudo. São ciúmes. Gosta do irmão e gosta de mim — mas não suporta que eu goste do irmão e que o irmão goste de mim.
Aliás, é por isso que costuma ser mal interpretada a famosa frase de Platão: “Eu só sei que nada sei.” Sócrates não está a dizer que não sabe nada. Está a dizer que sabe uma coisa, com toda a força (e alegria, e alívio) de saber uma coisa. Essa coisa que ele sabe, baseada no que ele veio a saber, é que não sabe nada. Por outras palavras, não está na dúvida: sabe quase de certeza que não sabe nada.
Conheço um gato e uma gata que são irmãos. Conheci primeiro o gato e só passado um ano é que começou a aparecer a irmã. Ao contrário do gato, a gata tem muito mau feitio. Odeia o irmão e odeia-me a mim, tolerando-me só por causa dos petiscos que lhes levo. Nem se limita a soprar. De vez em quando, se me atraso na abertura do envelope do manduco, arranha-me, para eu aprender como é que é.
Mas um dia apanhei-a sozinha e parecia outra gata: ternurenta e paciente, calma e solícita. Concluí que era o irmão que a punha fora dela própria. E assim se confirmou durante os meses seguintes.
Até ontem. Ontem apanhei-a às marradinhas ao irmão e pus-me a observá-los a brincar, com grandes correrias e grandes cumplicidades. Afinal, são muitos amigos.
Hoje de manhã, voltou a assanhar-se quando fui ter com eles e, de repente, percebi tudo.
São ciúmes. Gosta do irmão e gosta de mim — mas não suporta que eu goste do irmão e que o irmão goste de mim.
Os ciúmes põem-nos monstros. Fazem tudo para se disfarçar de outras emoções, como a raiva, a desilusão, o desgosto.
Por isso é que são difíceis de apanhar: parecem outras coisas. Será que as pessoas ainda são piores?