Já estava encostada ao poste há uma eternidade...
A sombra ditava linhas, curvas, mais largas, compridas, curtas,
suavidades.
Era não autorizado aquele desenho: onde já se viu aquilo?
Não tinha movimento.
Estava parada: uma bicicleta não era feita para aquelas artes!
Sombreado em quadrícula: a coisa parecia imaginada, suspeita!
Vamos dar uma volta a pé, ali ao jardim, onde há um lago e pombas
que cagam e voam.
Cagam de cima, cagar é feio, desculpem este voo imaginado que vos
põe caca na cabeça.
Vamos limpar ali ao lago, molhada a caca ainda é pior, fica
enlameada.
Já vinha cheio de óleo e queimado pelo sol.
A bicicleta não se quis mexer!
Que poético podia ser este passeio imaginando um casal pelo jardim.
Podia mas não queria ser, não era poeta nem poesia.
Que doce este movimento de linhas dançantes levadas pelo sol ao
fim da tarde, lembravam romance, imagens
musicadas.
E cores mais claras, compridas, doces, amargas e brincalhonas.
Iam o casal deitar-se no relvado a sorrir aos beijos, mãos brincando
aos dedos que festejam energias.
Abraços e olhares soltos assim.
Entre cruzar as pernas e braços que abriam a deixar entrar magia
inspirada.
Repoisar e escolher um bote para passear por entre os patos.
Remar. Chop chop choi Choi. Chop chop choi Choi.
Água a lavar a cara e peixes a brincar no fundo entre algas e verdes.
Remos rente à superfície desenhavam outras linhas e geometrias.
Chop chop choi Choi. Chop chop choi Choi.
Era um barco artista que se enchia de vaidades num orgulho.
E lanchavam sacando sandes, sumo e fruta da mala; partilhavam
com os patos e peixes o amor!
Chop chop choi Choi. Chop chop choi Choi.
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