20 setembro 2022

A bicicleta não era autorizada!

Nem o computador me autoriza publicar a bela fotografia tirada pelo Rui Gato que deu mote a este texto: uma bicicleta presa/amarrada a um poste numa calçada e sua sombra. 

Por falta de documentos: licença, livrete e carta para pedalarem nela;

Já estava encostada ao poste há uma eternidade...

A sombra ditava linhas, curvas, mais largas, compridas, curtas, 

suavidades.

Era não autorizado aquele desenho: onde já se viu aquilo?

Não tinha movimento.

Estava parada: uma bicicleta não era feita para aquelas artes!

Sombreado em quadrícula: a coisa parecia imaginada, suspeita!

Vamos dar uma volta a pé, ali ao jardim, onde há um lago e pombas 

que cagam e voam.

Cagam de cima, cagar é feio, desculpem este voo imaginado que vos

põe caca na cabeça.

Vamos limpar ali ao lago, molhada a caca ainda é pior, fica 

enlameada.

Já vinha cheio de óleo e queimado pelo sol.

A bicicleta não se quis mexer!


Que poético podia ser este passeio imaginando um casal pelo jardim.

Podia mas não queria ser, não era poeta nem poesia.

Que doce este movimento de linhas dançantes levadas pelo sol ao 

fim da tarde, lembravam romance, imagens

 musicadas.

E cores mais claras, compridas, doces, amargas e brincalhonas.

Iam o casal deitar-se no relvado a sorrir aos beijos, mãos brincando 

aos dedos que festejam energias.

Abraços e olhares soltos assim.

Entre cruzar as pernas e braços que abriam a deixar entrar magia

 inspirada. 

Repoisar e escolher um bote para passear por entre os patos.

Remar. Chop chop choi Choi. Chop chop choi Choi.

Água a lavar a cara e peixes a brincar no fundo entre algas e verdes.

Remos rente à superfície desenhavam outras linhas e geometrias.

Chop chop choi Choi. Chop chop choi Choi.

Era um barco artista que se enchia de vaidades num orgulho.

E lanchavam sacando sandes, sumo e fruta da mala; partilhavam 

com os patos e peixes o amor!

Chop chop choi Choi. Chop chop choi Choi.

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