11 junho 2014

futebolocêntrico: vai começar o mundial!!!

7.01.2012

Intelectus Futebolisticulus

Sócrates era o único futebolista profissional do mundo... intelectual. Dava verdadeiros pontapés de bicicleta na gramática, fintava com grande capacidade de argumentação, chutava ao jeito Pollock e fazia passes subtis como uma flauta de pã.

O nome Sócrates vinha da mãe querer um Pensador e o pai um futebolista. Mas todos lhe chamavam "o arquitecto" pela sua organização de jogo. Quando era pequeno faltava aos treinos e jogos para fugir para a escola e a biblioteca, faltava aos exames para ensaiar jogadas estudadas. Em vez de preparação fisíca, Sócrates, abusava da preparação racional, artístico-cultural, intelectual, lógico-matemática e abstracta, numa verdadeira formação integral do atleta.

Sabia todas as condições óptimas para um equipamento em condições: chuteiras puma de 8 pitons nº acima do calçado normal, bla bla bla e tinha até um estudo feito que assegurava que as equipas que jogavam de vermelho e preto tinham mais probabilidade de ganhar um jogo.

Sócrates jogava na lateral porque evitava usar a cabeça compensando isso pela forte cultura táctica, sabia que o 4-4-2 estava completamente desactualizado. Antes de qualquer jogo internacional aprendia todas as coisas importantes sobre a cultura adversária, aprendia a língua, os hábitos, a geografia, as comidas, as figuras, a História.

Marcava golos e dedicava-os a Picasso, a Platão, a Fernando Pessoa ou à Ursula Wolfel. Enquanto os colegas matavam a sede junto ao banco de suplentes, ele dirigia-se lá para tomar nota das ideias fortes tidas no calor do jogo.

Sócrates era evitado pelos jornalistas nos finais de partida. Todos sabiam que daí viria outra explicação do futebol tida à imagem da Teoria da Evolução de Darwin. Adorava autógrafos e dava-os em forma de contos e poesias.

Escrevia uma coluna no jornal A Bola, outra no Jornal de Letras e escrevia sozinho o jornal da Associação do jogador profissional intelectual, por ele criada.

Aprendia com as critícas do treinador, não pelas falhas na finalização ou pela falta de esforço, mas pelas palavras caras que empregava, obrigando a equipa a pagar um salário a um intérprete especialista em Filosofia da Linguagem.

As claques que o apoiava gritavam: "Dá-lhes com a Guernica" ou "Deixa-os estáticos como a Mona Lisa" e gritavam "Xeque-mate" em vez de golooooo.

Quando acabou a sua 3ª tese de doutoramento em Criatividade da Relatividade recebeu o prémio de melhor jogador do ano. Nesse ano percebeu que não conseguia mais: - A beleza do jogo era-lhe tão maravilhosa que não podia perder tempo com jogos, teria que conseguir recriar essa emoção na Arte

Sem comentários: