CP: D de Desejo. Tudo o
que sempre quiseram saber sobre o desejo. Primeira lição: Só se pode desejar em
um conjunto. Então, sempre se deseja um todo. Vamos passar a D. Para D, preciso
de meus papéis, pois vou ler o que há no Petit Larousse Illustré, em “Deleuze”,
que também se escreve com D. Lê-se: "Deleuze, Gilles, filósofo francês,
nascido em Paris, em 1925".
GD: Talvez hoje esteja
no Larousse.
CP: Hoje, estamos em
1988.
GD: Eles mudam todo
ano.
CP: “Com Félix
Guattari, ele mostra a importância do desejo e seu aspecto revolucionário frente
a toda instituição, até mesmo psicanalítica”. E indicam a obra que demonstra
tudo isso: O anti-Édipo, em 1972. Como você é, aos olhos de todos, o filósofo
do desejo, eu gostaria que falássemos do desejo. O que era o desejo? Vamos
colocar a questão do modo mais simples: quando O anti-Édipo (…)
GD: Não era o que se
pensou, em todo caso. Estou certo disso, mesmo naquele momento, ou seja, as
pessoas mais encantadoras que eram... foi uma grande ambiguidade, um grande mal-entendido,
um pequeno mal-entendido. Queríamos dizer uma coisa bem simples.
Tínhamos uma grande
ambição, a saber, que até esse livro, quando
se faz um livro é porque se pretende dizer algo novo. Achávamos que as
pessoas antes de nós não tinham entendido bem o que era o desejo, ou seja,
fazíamos nossa tarefa de filósofo, pretendíamos propor um novo conceito de
desejo. As pessoas, quando não fazem filosofia, não devem crer que é um conceito
muito abstrato, ao contrário, ele remete a coisas bem simples, concretas.
Veremos isso. Não há conceito filosófico que não remeta a determinações não
filosóficas, é simples, é bem concreto. Queríamos dizer a coisa mais simples do
mundo: que até agora vocês falaram abstratamente do desejo, pois extraem um
objeto que é, supostamente, objeto de seu desejo. Então podem dizer: desejo uma
mulher, desejo partir, viajar, desejo isso e aquilo. E nós dizíamos algo
realmente simples: vocês nunca desejam alguém ou algo, desejam sempre um
conjunto. Não é complicado. Nossa questão era: qual é a natureza das relações
entre elementos para que haja desejo, para que eles se tornem desejáveis? Quero
dizer, não desejo uma mulher, tenho vergonha de dizer uma coisa dessas. Proust disse, e é bonito em Proust: não
desejo uma mulher, desejo também uma paisagem envolta nessa mulher, paisagem
que posso não conhecer, que pressinto e enquanto não tiver desenrolado a
paisagem que a envolve, não ficarei contente, ou seja, meu desejo não
terminará, ficará insatisfeito. Aqui considero um conjunto com dois termos,
mulher, paisagem, mas é algo bem diferente. Quando uma mulher diz: desejo
um vestido, desejo tal vestido, tal chemisier, é evidente que não deseja tal
vestido em abstrato. Ela o deseja em um contexto de vida dela, que ela vai
organizar o desejo em relação não apenas com uma paisagem, mas com pessoas que
são suas amigas, ou que não são suas amigas, com sua profissão, etc. Nunca desejo
algo sozinho, desejo bem mais, também não desejo um conjunto, desejo em um conjunto.
Podemos voltar, são fatos, ao que dizíamos há pouco sobre o álcool, beber.
Beber nunca quis dizer: desejo beber e pronto. Quer dizer: ou desejo beber
sozinho, trabalhando, ou beber sozinho, repousando, ou ir encontrar os amigos
para beber, ir a um certo bar. Não há desejo que não corra para um
agenciamento. O desejo sempre foi, para mim, se procuro o termo abstrato que
corresponde a desejo, diria: é construtivismo. Desejar é construir um agenciamento,
construir um conjunto, conjunto de uma saia, de um raio de sol...
CP: De uma mulher.
GD: De uma rua. É isso.
O agenciamento de uma mulher, de uma paisagem.
CP: De uma cor...
GD: De uma cor, é isso
um desejo. É construir um agenciamento, construir uma região, é realmente
agenciar. O desejo é construtivismo.
O anti-Édipo, que
tentava...
CP: Espere, eu
queria...
GD: Sim?
CP: É por ser um
agenciamento, que você precisou, naquele momento, ser dois para escrever por
ser em um conjunto, que precisou de Félix, que surgiu em sua vida de escritor?
GD: Félix faria parte
do que diremos, talvez, sobre a amizade, sobre a relação da filosofia com algo
que concerne à amizade, mas, com certeza, com Félix, fizemos um agenciamento. Há
agenciamentos solitários, e há agenciamentos a dois. O que fizemos com Félix
foi um agenciamento a dois, onde algo passava entre os dois, ou seja, são fenómenos
físicos, é como uma diferença, para que um acontecimento aconteça, é preciso
uma diferença de potencial, para que haja uma diferença de potencial precisa-se
de dois níveis. Então algo se passa, um raio passa, ou não, um riachinho... É
do campo do desejo. Mas um desejo é isso, é construir. Ora, cada um de nós passa
seu tempo construindo, cada vez que alguém diz: desejo isso, quer dizer que ele
está construindo um agenciamento, nada mais, o desejo não é nada mais.
CP: É um acaso se...
porque o desejo é sentido, enfim, existe em um conjunto ou em um agenciamento,
que O anti-Édipo, onde você começa a falar do desejo, é o primeiro livro que
você escreve com outra pessoa, com Félix Guattari?
GD: Não, você tem
razão, era preciso entrar nesse agenciamento novo para nós, escrever a dois,
que nós dois não vivíamos da mesma maneira, para que algo acontecesse, ou seja,
e esse algo era, finalmente, uma hostilidade, uma reação contra as concepções
dominantes do desejo, as concepções psicanalíticas. Era preciso ser dois, foi
preciso Félix, vindo da psicanálise, eu me interessando por esses temas, era
preciso tudo isso para dizermos que havia lugar para fazer uma concepção construtiva,
construtivista do desejo.
CP: Você poderia
definir, de modo sucinto, como vê a diferença entre o construtivismo e a interpretação
analítica?
GD: Acho que é bem
simples. Nossa oposição à psicanálise é múltipla, mas quanto ao problema do
desejo, é... é que os psicanalistas falam do desejo como os padres. Não é a única
aproximação, os psicanalistas são padres. De que forma falam do desejo? Falam como
um grande lamento da castração. A castração é pior que o pecado original. É uma
espécie de maledicência sobre o desejo, que é assustadora. O que tentamos fazer
em O anti-Édipo? Acho que há três pontos, que se opõem diretamente à
psicanálise. Esses três pontos são... isso por meu lado, acho que Félix
Guattari também não, não temos nada para mudar nesses três pontos. Estamos
persuadidos, achamos em todo caso, que o inconsciente não é um teatro, não é um
lugar onde há Édipo e Hamlet que representam sempre suas cenas. Não é um
teatro, é uma fábrica, é produção. O inconsciente produz. Não pára de produzir.
Funciona como uma fábrica. É o contrário da visão psicanalítica do inconsciente
como teatro, onde sempre se agita um Hamlet, ou um Édipo, ao infinito. Nosso
segundo tema é que o delírio, que é muito ligado ao desejo, desejar é delirar,
de certa forma, mas se olhar um delírio, qualquer que seja ele, se olhar de
perto, se ouvir o delírio que for, não tem nada a ver com o que a psicanálise
reteve dele, ou seja, não se delira sobre seu pai e sua mãe, delira-se sobre
algo bem diferente, é aí que está o segredo do delírio, delira-se sobre o mundo
inteiro, delira-se sobre a história, a geografia, as tribos, os desertos, os
povos...
CP: ... o clima.
GD: ... as raças, os
climas, é em cima disso que se delira. O mundo do delírio é: “Sou um bicho, um
negro!”, Rimbaud. É: onde estão minhas tribos? Como dispor minhas tribos? Sobreviver
no deserto, etc. O deserto é... O delírio é geográfico-político. E a
psicanálise reduz isso a determinações familiares. Posso dizer, sinto isso,
mesmo depois de tantos anos, depois de O anti-Édipo, digo: a psicanálise nunca
entendeu nada do fenómeno do delírio. Delira-se o mundo, e não sua pequena
família. Por isso que... Tudo isso se mistura. Eu dizia: a literatura não é um
caso privado de alguém, é a mesma coisa, o delírio não é sobre o pai e a mãe. O
terceiro ponto... Significa isso, o desejo se estabelece sempre, constrói agenciamentos,
se estabelece em agenciamentos, põe sempre em jogo vários fatores. E a psicanálise
nos reduz sempre a um único fator, e sempre o mesmo, ora o pai, ora a mãe, ora não
sei o que, ora o falo, etc. Ela ignora tudo o que é múltiplo, ignora o
construtivismo, ou seja, agenciamentos. Dou
um exemplo: falávamos de animal, há pouco. Para a psicanálise, o animal é uma
imagem do pai. Um cavalo é uma imagem do pai. É ignorar o mundo!
Penso no pequeno Hans.
O pequeno Hans é uma criança sobre a qual Freud dá sua opinião, ele assiste um
cavalo que cai na rua, e o charreteiro que lhe dá chicotadas, e o cavalo que dá
coices para todos os lados. Antes do carro, era um espetáculo comum nas ruas,
devia ser uma grande coisa para uma criança. A primeira vez que um garoto via
um cavalo caído na rua e que um cocheiro meio bêbado tentava levantá-lo com
chicotadas, devia ser uma emoção, era a chegada da rua, a chegada na rua, o
acontecimento da rua, sangrento, tudo isso... E então ouvem-se os psicanalistas,
falar, enfim, imagem de pai, etc., mas é na cabeça deles que a coisa não vai
bem. O desejo foi movido por um cavalo que cai e é batido na rua, um cavalo
morre na rua, etc. É um agenciamento fantástico para um garoto, é perturbador até
o fundo. Outro exemplo, posso dizer... Falávamos de animal. O que é um animal?
Mas não há um animal que seria a imagem do pai. Os animais, em geral, andam em
matilhas, são matilhas. Há um caso que me alegra muito. É um texto que adoro,
de Jung, que rompeu com Freud, depois de uma longa colaboração. Jung conta a
Freud que teve um sonho, um sonho de ossuário, sonhou com um ossuário. E Freud
não compreende nada, literalmente, ele diz o tempo todo: se sonhou com um osso,
é a morte de alguém, quer dizer a morte de alguém. E Jung não pára de lhe
dizer: não estou falando de um osso, sonhei com um ossuário... Freud não
compreende. Não vê a diferença entre um ossuário e um osso, ou seja, um
ossuário são centenas de ossos, são mil, dez mil ossos. Isso é uma multiplicidade,
é um agenciamento, é... passeio em um ossuário, o que significa isso? Por onde
o desejo passa? Em um agenciamento é sempre um coletivo. Coletivo,
construtivismo, etc. É isso o desejo. Onde passa meu desejo entre os mil
crânios, os mil ossos? Onde passa meu desejo na matilha? Qual é minha posição
na matilha? Sou exterior à matilha? Estou ao lado, dentro, no centro dela? Tudo
isso são fenómenos de desejo. É isso o desejo.
CP: Como o anti-Édipo foi
escrito em 72, esse agenciamento coletivo vinha a calhar depois de 68, era toda
uma reflexão... daqueles anos e contra a psicanálise, que continuava seu
negócio de pequena loja...
GD: Só o fato de dizer:
o delírio delira as raças e as tribos, delira os povos, delira a história e a geografia,
me parece ter estado de acordo com 68. Ou seja, parece-me ter trazido um pouco
de ar são a todo esse ar fechado e malsão dos delírios pseudo-familiais. Vimos
que era isso, o desejo. Se começo a delirar, não é para delirar sobre minha
infância, aí também, sobre minha história privada. Delira-se... O delírio é
cósmico... Delira-se sobre o fim do mundo, delira-se sobre as partículas, os
elétrons e não sobre papai-mamãe... é evidente.
CP: Sobre esse
agenciamento coletivo do desejo, penso em certos contra-sensos. Lembro-me que
em Vincennes, em 72, na faculdade, havia pessoas que punham em prática esse desejo
e isso acabava em amores coletivos, não tinham compreendido bem. Houve muitos loucos
em Vincennes, como vocês partiam de uma esquizo-análise para combater a psicanálise,
todo mundo achava que era legal ser louco, ser esquizo. Víamos cenas inverosímeis
entre os estudantes. Queria que contasse casos engraçados ou não desses contra-sensos
sobre o desejo.
GD: Eu poderia falar
dos contra-sensos abstratamente. Consistiam em duas coisas, havia dois casos,
que dão no mesmo. Havia os que pensavam que o desejo era o espontaneísmo, e havia
todo tipo de movimentos espontâneos, o espontaneísmo.
CP: Os célebres maos-spontex...
GD: E os outros que
pensavam que o desejo era a festa. Para nós, não era nem um nem outro, mas não
tinha importância, pois, de qualquer modo, havia agenciamentos que aconteciam,
havia coisas que mesmo os loucos... havia tantos, de todos os tipos. Fazia
parte do que acontecia naquele momento, em Vincennes. Mas os loucos tinham sua
disciplina, tinham sua maneira de... faziam seus discursos, suas intervenções,
entravam em um agenciamento, tinham seu agenciamento, mas entravam em agenciamentos.
Tinham uma espécie de astúcia, de compreensão, de grande benevolência, os
loucos. Se quiser, na prática, eram séries de agenciamentos que se faziam e
desfaziam. Na teoria, o contra-senso era dizer: o desejo é a espontaneidade. De
modo que éramos chamados de espontaneístas, ou então era a festa, mas não era
isso. Era... a filosofia dita do desejo consistia, unicamente, em dizer para as
pessoas: não vão ser psicanalizados, nunca interpretem, experimentem agenciamentos,
procurem agenciamentos que lhes convenham. O que era um agenciamento? Um
agenciamento, para mim e Félix, não que ele pensasse diferente, pois era,
talvez... não sei. Para mim, eu manteria que havia quatro componentes de agenciamento.
Por alto, quatro, não prefiro quatro a seis... Um agenciamento remetia a estados
de coisas, que cada um encontre estados de coisas que lhe convenha. Há pouco, para
beber... gosto de um bar, não gosto de outro, alguns preferem certo bar, etc...
Isso é um estado de coisas. Nas dimensões do agenciamento, enunciados, tipos de
enunciados, e cada um tem seu estilo, há um certo modo de falar, andam juntos,
no bar, por exemplo, há amigos, e há uma certa maneira de falar com os amigos,
cada bar tem seu estilo. Digo bar, mas vale para qualquer coisa. Um
agenciamento comporta estados de coisas e enunciados, estilos de enunciação. É
interessante, a História é feita disto, quando aparece um novo tipo de
enunciado? Por exemplo, na revolução russa, os enunciados do tipo leninista,
quando eles aparecem, como, em que forma? Em 68, quando apareceram os primeiros
enunciados ditos de 68? É bem complexo. Todo agenciamento implica estilos de
enunciação. Implica territórios, cada um com seu território, há territórios.
Mesmo numa sala, escolhemos um território. Entro numa sala que não conheço,
procuro o território, lugar onde me sentirei melhor. E há processos que devemos
chamar de desterritorialização, o modo como saímos do território. Um agenciamento tem quatro dimensões:
estados de coisas, enunciações, territórios, movimentos de
desterritorialização. E é aí que o desejo corre...
CP: Você não se sente
responsável pelas pessoas que tomaram drogas? Ou, lendo muito ao pé da letra O
anti-Édipo, não é como Catão, que incita os jovens a fazer bobagens?
GD:
Sentimo-nos responsáveis por tudo, se algo dá errado.
CP: E os efeitos de O
anti-Édipo?
GD: Sempre me esforcei
para que desse certo. Em todo caso, nunca, acho, é minha única honra, nunca me
fiz de esperto com essas coisas, nunca disse a um estudante: é isso, drogue-se
você tem razão. Sempre fiz o que pude para que ele saísse dessa, porque sou muito
sensível à coisa minúscula que de repente faz com que tudo vire trapo. Que ele
beba, muito bem... Ao mesmo tempo, nunca pude criticar as pessoas, não gosto de
criticá-las. Acho que se deve ficar atento para o ponto em que a coisa não
funciona mais. Que bebam, se droguem, o que quiserem, não somos policiais, nem
pais, não sou eu quem deve impedi-los ou ... mas fazer tudo para que não virem
trapos. No momento em que há risco, eu não suporto. Suporto bem alguém que se
droga, mas alguém que se droga de tal modo que, não sei, de modo selvagem, de
modo que digo para mim: pronto, ele vai se ferrar, não suporto. Sobretudo o
caso de um jovem, não suporto um jovem que se ferra, não é suportável. Um velho
que se ferra, que se suicida, ele teve sua vida, mas um jovem que se ferra por besteira,
por imprudência, porque bebeu demais... Sempre fiquei dividido entre a impossibilidade
de criticar alguém e o desejo absoluto, a recusa absoluta de que ele vire trapo.
É um desfiladeiro estreito, não posso dizer que há princípios, a gente sai fora
como pode, a cada vez. É verdade que o papel das pessoas, nesse momento, é de
tentar salvar os garotos, o quanto se pode. E salvá-los não significa fazer com
que sigam o caminho certo, mas impedi-los de virar trapo. É só o que quero.
CP: Mas sobre os
efeitos de O anti-Édipo, houve efeitos?
GD: Foi impedir que
eles virassem trapos, que naquele momento... que um cara que desenvolvia... um
início de esquizofrenia fosse colocado em boas condições, não fosse jogado num
hospital repressivo, tudo isso... Ou então que alguém que não suportava mais, um
alcoólatra, onde ia mal, fazer com que ele parasse...
CP: Porque era um livro
revolucionário, na medida em que parecia, para os inimigos desse livro, e para
os psicanalistas, uma apologia da permissividade, e dizer que tudo era
desejo...
GD: De forma alguma...
Esse livro, ou seja, quando se lê esse livro, ele sempre teve uma prudência, me
parece, extrema. A lição era: não se tornem trapos. Quando nos opúnhamos...,
não paramos de nos opor ao processo esquizofrénico como o que ocorre num hospital,
e para nós, o terror era produzir uma criatura de hospital. Tudo, menos isso! E
quase diria que louvar o aspecto de valor da “viagem”, daquilo que, naquele
momento, os anti psiquiatras chamavam de viagem ou processo esquizofrénico, era
um modo de evitar, de conjurar a produção de trapos de hospital, a produção dos
esquizofrénicos, a fabricação de esquizofrénicos.
CP: Você acha, para
terminar com O anti-Édipo, que há ainda efeitos desse livro, 16 anos depois?
GD: Sim, pois é um bom
livro, pois há uma concepção do inconsciente. É o único caso em que houve uma
concepção do inconsciente desse tipo, sobre os dois ou três pontos: as multiplicidades
do inconsciente, o delírio como delírio-mundo, e não delírio-família, o delírio
cósmico, das raças, das tribos, isso são bons. O inconsciente como máquina,
como fábrica e não como teatro. Não tenho nada a mudar nesses três pontos, que
continuam absolutamente novos, pois toda a psicanálise se reconstituiu. Para
mim, espero, é um livro que será redescoberto, talvez. Rezo para que o
redescubram.
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