Sócrates
Em 7 de
Maio do ano de 399 a.C., Sócrates foi forçado a suicidar-se com
cicuta, por condenação do tribunal dos Heliastas de Atenas. Tinha
70 anos.
O filósofo
era acusado de não reconhecer os deuses da cidade e de corromper a
juventude com as suas discussões sobre a sabedoria e a virtude. A
uma acusação difícil e a um tribunal hostil, Sócrates respondeu
com audácia. Fez a sua própria defesa, recusou hipóteses de fuga e
denunciou a injustiça. Depois de conhecer a sentença, conta Platão,
Sócrates preparou-se para o fim: “Ah! quanto melhor é morrer
depois de uma defesa, assim, do que viver por tal preço! Nem eu, nem
homem algum, seja perante um tribunal, seja na guerra, deve procurar
esquivar-se à morte por todos os meios. Sabe-se que, muitas vezes,
em uma batalha, há probabilidades de sobreviver, lançando fora as
armas e pedindo misericórdia ao inimigo que nos acossa. Do mesmo
modo, em todos os outros perigos, há muitos meios de escapar à
morte se uma pessoa se decide a fazer tudo e a dizer tudo.
Simplesmente, — prestai atenção a isto, juízes! — o difícil
não está em evitar a morte, mas em evitar fazer o mal. O mal, vede,
corre atrás de nós mais depressa que a morte. Isto explica que eu,
que sou velho e vagaroso, me deixei agarrar pelo mais lento dos dois
corredores, enquanto os meus acusadores, vigorosos e ágeis, foram
agarrados pelo mais rápido, que é o mal. Quanto à minha sorte e à
vossa, qual será a melhor?”
[Platão,
Apologia de Sócrates]
Publicados na revista Vida Mundial nos finais do séc. XX escolha efectuada por BELO, André e TAVARES, Rui.
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