18 janeiro 2017

o difícil não está em evitar a morte, mas em evitar fazer o mal.

Sócrates

Em 7 de Maio do ano de 399 a.C., Sócrates foi forçado a suicidar-se com cicuta, por condenação do tribunal dos Heliastas de Atenas. Tinha 70 anos.
O filósofo era acusado de não reconhecer os deuses da cidade e de corromper a juventude com as suas discussões sobre a sabedoria e a virtude. A uma acusação difícil e a um tribunal hostil, Sócrates respondeu com audácia. Fez a sua própria defesa, recusou hipóteses de fuga e denunciou a injustiça. Depois de conhecer a sentença, conta Platão, Sócrates preparou-se para o fim: “Ah! quanto melhor é morrer depois de uma defesa, assim, do que viver por tal preço! Nem eu, nem homem algum, seja perante um tribunal, seja na guerra, deve procurar esquivar-se à morte por todos os meios. Sabe-se que, muitas vezes, em uma batalha, há probabilidades de sobreviver, lançando fora as armas e pedindo misericórdia ao inimigo que nos acossa. Do mesmo modo, em todos os outros perigos, há muitos meios de escapar à morte se uma pessoa se decide a fazer tudo e a dizer tudo. Simplesmente, — prestai atenção a isto, juízes! — o difícil não está em evitar a morte, mas em evitar fazer o mal. O mal, vede, corre atrás de nós mais depressa que a morte. Isto explica que eu, que sou velho e vagaroso, me deixei agarrar pelo mais lento dos dois corredores, enquanto os meus acusadores, vigorosos e ágeis, foram agarrados pelo mais rápido, que é o mal. Quanto à minha sorte e à vossa, qual será a melhor?”
[Platão, Apologia de Sócrates]

Publicados na revista Vida Mundial nos finais do séc. XX escolha efectuada por BELO, André e TAVARES, Rui.

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