03 dezembro 2018

ensinaste-nos que isto, da vida, é divertido...


Segunda feira, 03 de Dezembro de 2018
Olha o sol que vai nascendo, anda ver o mar… e se
até dá gosto cantar, se toda a terra sorri… (de
José Afonso)
Cantavas e eu adormecia, sempre foste muito
afinado, é das primeiras imagens que tenho minhas,
enCantador!
A imagem que guardamos tua é clara, alegre, dos
olhos a sorrir, pensativa, é uma imagem forte e
boa que ajuda a viver melhor.
Falavas muito em morte, na tua morte mas nunca nos
habituámos a ela, até gozávamos contigo:
‘pois, pois, já sabemos, vais morrer não é!?’
E, agora, morreste mesmo mas vais voltar em
memórias, leve, magro, a andar devagar e a
responder quando te perguntam: ‘tudo bem? tudo bem
é para gente nova... mas também não está tudo mal...’
Não foi falta de aviso e tiveste uma vida admirável.
Se estamos tristes porque vamos ter saudades tuas,
temos quase o dever de mostrar alegria por quem
foste.
A morte faz parte da vida preparem-se para viver
bem a minha.’
Andaste por tantos mundos muito diferentes,
escreveu-se isto para o próximo natal, para tua
voz ler e melhorar o texto naturalmente:
Fernando (Nan) – o Pensador Divertido
Ora, falemos de mim, Fernando de meu nome, nasci
em 1933, sou acanhado, envergonhado e com pouco
jeito para falar ao público.
Tirei uma licenciatura no Técnico em Engenharia
Civil, dizem as más línguas que foi uma bênção não
ter exercido pela falta de jeito prático que
todos me reconhecem mas são só calúnias,
sou um jeitoso!!!
Fui padre, fui pároco de duas paróquias, Ota e
Baixa da Banheira.
Fiz uma leitura materialista do Evangelho de São
Marcos, o que me deu este ar mais solene.
Deixei crescer o cabelo, fui revolucionário, e fui
perceber como era isto de ser gente lá fora, na
Bélgica e em Paris; casei-me e tornei-me pai duas
vezes: da Clara e do André que me tornou avô de duas

lindas: o malandro!
Lá para França e com uma cultura mediterrânica.
Voltei após o 25 de Abril para ser professor
universitário em Filosofia da Linguagem na
faculdade de letras.
Gosto muito de pensar, ler e escrever; ter ideias;
sou um intelectual.
Divorciei-me e voltei a casar, tenho um trunfo,
alguém que me ensina e ajuda a viver melhor: a
Teresa, a minha vida era tão pior sem ela…
tivemos um filho.
Formei-me já na terceira idade como segurança
vigilante ao meu terceiro filho, o mais novo, o Zé
Maria, num trabalho para reformados.
Uma palavra última para o
Optimismo que nos ensinaste e vive em nós agora e
para sempre.
Boas coisas ensinaste-nos nas despedidas e Boas
coisas soltamos agora na tua despedida e até já

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