VOTO
DE PESAR
PELA
MORTE DE FERNANDO BELO
Faleceu
no passado dia 3 Fernando Belo.
A
vida e a obra de Fernando Belo têm a marca da heterodoxia e do
permanente diálogo exigente e culto entre diferentes saberes.
Nascido
em 1933, licenciou-se em Engenharia Civil no Instituto Superior
Técnico em 1956. Frequentou depois o seminário e, depois da sua
ordenação como padre, foi capelão militar da Base da Ota. O seu
compromisso político com a luta contra a ditadura esteve na base da
sua transferência para a paróquia da Baixa da Banheira.
Em
1968, licenciou-se em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina
e pelo Instituto Católico de Paris. Data de 1974 a publicação, em
França, da sua obra “Uma leitura materialista do Evangelho de
Marcos: narrativa, prática e ideologia” que abriu corajosamente o
campo da exegese bíblica ao relacionamento entre os universos do
cristianismo e do marxismo e que foi considerada nessa altura uma
estratégia exegética visionária. Isso mesmo foi reconhecido pelo
Instituto de Teologia Protestante de Paris, que lhe atribuiu o
doutoramento honoris causa em 1977.
Foi
professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo-se
aí doutorado em 1989 com uma importante tese sobre a linguística de
Ferdinand de Saussure, campo que continuaria a trabalhar com brilho
em obras como “Epistemologia do Sentido” (1991) ou “Filosofia e
Ciências da Linguagem” (1993), tendo a sua reflexão e escrita
incidido também sobre a relação entre a Filosofia e a Ciência.
A
Assembleia da República exprime o seu sentido pesar pelo falecimento
de Fernando Belo e apresenta as suas sentidas condolências aos seus
familiares.
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