23 junho 2021

Quando acaba algo, algo também começa! (sábia Raquel dixit)



Era um sentimento muito visto, sentido e, ainda assim raro (link); que existe sempre 
na construção de um grupo mas é sempre diferente: melhor ou pior. 

E este tinha deixado aquela sensação boa de que havíamos construído alguma 
coisa serena, forte, de mudança, de que algo ficara em nós bom.

Uma aprendizagem, palavras, ensinos, memórias, uma forma de estar.

Quando começou nada nos ligava, quando acabou o sentimento  de que 
íamos ter saudades era igual, entre todos, íamos sentir falta daquela gente.

23 alunos (!?) + 5 formadores constantes (!?) pessoas de que os nomes já não 
seriam só mais um, que agora conhecíamos jeitos, gostos, associávamos a um 
gesto, uma voz, ideias, uma forma de estar, uma personalidade.

Pensara, podia construir um curso igual com as mesmas pessoas mas não era 
verdade, os momentos de elevador que a voz Joana Morais e Castro preenchia 
com a sua qualidade provavam essa dificuldade.

O curso tinha sido muito bem pensado; parecia em cada aula melhorar, mantivera a 
qualidade ao longo de três meses (Abril, Maio, e Junho de 2021).

Foi uma formação avançada: "Diálogo(s) e Deficiência(s): A construção de 
narrativas para a inclusão", nunca sabemos o que vai ser antes de acontecer, 
antes de o construirmos; é assim com qualquer corpo, qualquer vida, qualquer 
momento, qualquer dia. 

Incluir é uma palavra que exclui porque põe de fora , incluir num círculo revela 
que há quem esteja de fora, é a melhor que nós temos mas cria preconceitos.

Talvez, seja uma palavra a mudar, talvez retrate um estado a passar para outro, 
devíamos ser todos exclusivos.

Não se ensina a ver ganhos nos limites, melhor seria se fosse fácil mas não teria
 tanta piada: talvez a vida sem desafios fosse melhor!? Não creio...

Depois lembro-me de nomes e associo a caras em janelas, em dizeres, ensinos,
Direitos humanos, vida independente, as oficinas semanais, modelos da 
deficiência, da relação com o silêncio que há em nós, na turma; da literatura, do 
cinema, da pintura e da música na deficiência, casos práticos e de experiências 
na comunidade, cursos para pessoas em déficit, primeira pessoa de uns e de 
outros.

Aquelas pessoas que até há bem pouco tempo eram desconhecidas… e que 
agora são nossas/minhas Amigas e me fazem sorrir.

O que é a Deficiência? 

Tenho impressão que não é possível responder, nem aproximar; a deficiência 
não é, vai sendo; e sendo coisas diferentes; como se pode conceptualizar 
um/ou vários corpos muda/mudam, não se pode definir, felizmente. 

Tu e Eu teremos dificuldade em dizer quem somos mais que nome, idade, 
género, nomes de família, altura, peso e isto não diz nada sobre nós; só que 
somos, fomos e seremos até deixarmos de o ser.

Foi uma formação avançada que me formou, tornou melhor, tenho dito!

1 comentário:

Unknown disse...

Um texto muito expressivo, fiel e caloroso sobre uma experiência que uniu, transformou e impactou este grupo porque aceitou a experiência.
Permitam-se sempre a aceitar e o início e o fim deixam de incomodar mas passam a ser só momentos de maior impacto da experiência que fluiu.
Muito obrigada ZM!