Era um sentimento muito visto, sentido e, ainda assim raro (link); que existe sempre
na construção de um grupo mas é sempre diferente: melhor ou pior.
E este tinha deixado aquela sensação boa de que havíamos construído alguma
coisa serena, forte, de mudança, de que algo ficara em nós bom.
Uma aprendizagem, palavras, ensinos, memórias, uma forma de estar.
Quando começou nada nos ligava, quando acabou o sentimento de que
íamos ter saudades era igual, entre todos, íamos sentir falta daquela gente.
23 alunos (!?) + 5 formadores constantes (!?) pessoas de que os nomes já não
seriam só mais um, que agora conhecíamos jeitos, gostos, associávamos a um
gesto, uma voz, ideias, uma forma de estar, uma personalidade.
Pensara, podia construir um curso igual com as mesmas pessoas mas não era
verdade, os momentos de elevador que a voz Joana Morais e Castro preenchia
com a sua qualidade provavam essa dificuldade.
O curso tinha sido muito bem pensado; parecia em cada aula melhorar, mantivera a
qualidade ao longo de três meses (Abril, Maio, e Junho de 2021).
Foi uma formação avançada: "Diálogo(s) e Deficiência(s): A construção de
narrativas para a inclusão", nunca sabemos o que vai ser antes de acontecer,
antes de o construirmos; é assim com qualquer corpo, qualquer vida, qualquer
momento, qualquer dia.
Incluir é uma palavra que exclui porque põe de fora , incluir num círculo revela
que há quem esteja de fora, é a melhor que nós temos mas cria preconceitos.
Talvez, seja uma palavra a mudar, talvez retrate um estado a passar para outro,
devíamos ser todos exclusivos.
Não se ensina a ver ganhos nos limites, melhor seria se fosse fácil mas não teria
tanta piada: talvez a vida sem desafios fosse melhor!? Não creio...
Depois lembro-me de nomes e associo a caras em janelas, em dizeres, ensinos,
Direitos humanos, vida independente, as oficinas semanais, modelos da
deficiência, da relação com o silêncio que há em nós, na turma; da literatura, do
cinema, da pintura e da música na deficiência, casos práticos e de experiências
na comunidade, cursos para pessoas em déficit, primeira pessoa de uns e de
outros.
Aquelas pessoas que até há bem pouco tempo eram desconhecidas… e que
agora são nossas/minhas Amigas e me fazem sorrir.
O que é a Deficiência?
Tenho impressão que não é possível responder, nem aproximar; a deficiência
não é, vai sendo; e sendo coisas diferentes; como se pode conceptualizar
um/ou vários corpos muda/mudam, não se pode definir, felizmente.
Tu e Eu teremos dificuldade em dizer quem somos mais que nome, idade,
género, nomes de família, altura, peso e isto não diz nada sobre nós; só que
somos, fomos e seremos até deixarmos de o ser.
Foi uma formação avançada que me formou, tornou melhor, tenho dito!
1 comentário:
Um texto muito expressivo, fiel e caloroso sobre uma experiência que uniu, transformou e impactou este grupo porque aceitou a experiência.
Permitam-se sempre a aceitar e o início e o fim deixam de incomodar mas passam a ser só momentos de maior impacto da experiência que fluiu.
Muito obrigada ZM!
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