11 maio 2009

aconselho

"tudo o quanto penso, tudo o quanto sou
é grande, é imenso, é tudo o que dou
e ao dá-lo recebo e fico maior
do que sou quando me nego"
(São dias que passam, Hélder Ribeiro)

Tinha 18/19 anos e pouco sabia das maneiras diferentes de viver e pensar, estava confinado a um lugar muito bonito com Mar e Serra onde vivia e vivo: Colares, Sintra onde "a cultura é só paisagem".

Entrei nessa altura, desafiado pela minha irmã, para fazer o CIFA (curso intensivo de formação de animadores) na aldeia do Talasnal na serra da Lousã (merece uma visita para quem não conhece). Sem saber bem para o que ia. Começava assim para mim o Mocamfe.
Cresci imenso com ele. Fez-me pensar, gostar de pensar; ensinou-me a responsabilizar-me pelas coisas, pelos outros, pelos futuros; tornou-me exigente. Deu-me gosto em fazer coisas com/para os outros. Cozinhar, montar tendas, dar banhos, dormir pouco mas "porque os miúdos estão à espera de um amanhã grandioso"; ganhei consciência política.

Continuo com ele porque tenho a certeza que é algo raro, que vale muito a pena, e como agradecimento ao privilégio que tive que quero que os outros também o possam ter.

Continuo com ele porque há partilha de ideias e vontades, porque lá entendo outros ritmos/tempos/espaços, e porque, nas palavras de João Keating, há "(...) espaço para as pessoas se aperceberem o quanto ficam diferentes quando estão tão próximas de outras(...)"

O que é que o Mocamfe tem para dar? "(...) talvez não seja muito importante sermos bons actores, bons músicos, bons encenadores, bons escritores e poetas, e por aí fora, o que importa é que as pessoas se descubram a si próprias ao representar, ao tocar e cantar, ao escrever e recitar (...)"

É só um movimento de campos de férias.
Ou talvez não.

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