03 abril 2009

Quando for grande quero casar contigo!

(Antes de mais fica dito que isto não é para te martirizares, não é para voltares atrás no tempo, não é para chorares o passado. É sim para teres uma ideia do que se passou, principalmente da parte que não te lembras ou que não estavas presente.) Please get what i´m trying to say!

Aqui vai:
Zezini…sei que já me pediste isto há um tempo mas sinceramente eu não sabia como encaixar em palavras tudo o que se passou nos últimos 3 anos…
Bom, como o nosso tempo juntos antes do “estágio de vida” não foi muito mas significou bastante, começo por resumir esses dias.
Tudo começou no dia 28 de Junho de 2006. Estava eu a ir para a reunião de pais do meu último ano de colónia na junta de Carnide. Como já fazia essa colónia há muito tempo, estava morta por saber se o meu último monitor seria alguém conhecido! Qual não é o meu espanto quando descubro que é um tal de “Zé Maria” e que a minha querida mãe já tinha andado a meter conversinha com ele para lhe explicar quem eu era e…outras coisas que as mães não devem dizer sobre os filhos a estranhos!! Quando falei contigo nesse dia, achei que estavas tão preocupado com o seguimento da “relação” nas 2 semanas do turno quanto eu!
Continuando, a colónia começou e eu notei que tu te “apoiavas” em mim para saber como agir e também para começares a ter algo em comum comigo. Como eu sou uma pessoa muito querida (e modesta!) e tu ainda és mais que eu, demo-nos rapidamente bem! Daí passei a gostar de ti (muito) e a ficar sempre contigo e com a Filipa depois do dia de colónia acabar, no café lá da junta. (depois como sabes foi o teu acidente (do pé) e a nossa ida ao centro de saúde.)
A colónia acabou, e nos continuamos a fazer montes de planos: animarmos juntos, viagens, etc etc… (ate me fizeste aquela surpresa na junta, quando eu achava que tu não estavas cá, e combinaste com a Filipa aparecer sem eu saber!) Fomos trocando mensagens, chamadas tentando combinar algo mas parecia que não tínhamos tempo um para o outro...
Ate que então.. passou muito tempo (na verdade não deve ter chegado a um mês) e tu não me disseste mais nada. Eu pensei: -- Bolas! Passou um tempo e agora sou apenas mais uma das “meninas” que o tiveram como monitor e agora nunca mais falo com ele…
Azar dos azares, eu estava errada. No dia 7 de Dezembro de 2006, encontro a Joana em carnide e ela diz-me com muita calma o que se tinha passado contigo. Ela não sabia explicar exactamente o que se tinha passado e o pouco que sabia não me queria dizer, tal como fez toda a gente lá de a junta…por pensarem que eu era muito nova para receber uma notícia destas, coisa que ate hoje eu não percebo... a verdade é que a semana que se seguiu foi passada a chorar pelos cantos pensando coisas como: porquê ele, porquê agora, porque não outra pessoa, porquê porquê porquê?
Depois de contar à Filipa e de conseguir sequer aceitar que realmente tinha acontecido (coisa que levou um bom tempo) resolvemos ir visitar-te. O único meio de saber algo de ti era pelas pessoas da junta que me disseram que estavas num hospital e quando lá cheguei, descubro que já estavas em Alcoitão, que era tão longe (e eu sem carro nem carta, na altura) que tive de voltar para trás e esperar que alguém me levasse lá... pedi á Joana, pedi ao meu pai, a minha mãe, aos meus tios e ninguém nos podia levar. Então, o pai da Filipa lá se ofereceu para ir connosco.

Agora a parte que realmente te interessa:
O primeiro contacto que tive contigo foi quando estava na sala de espera do teu piso e a tua mãe passa contigo na cadeira. A Filipa conseguiu ver logo que eras tu mas eu não. Estavas diferente muito magro, com uma expressão distante mas não sei como alegre. Não percebi nada do que se passou em diante pois conheci os teus pais, alguns outros familiares que nunca tinha visto e… só sei que eu tenho na minha memória que falei com toda a gente mas a Filipa diz que eu estive calada e quieta durante todo o tempo; diz que te dei a mão e fiquei a olhar para ti como se não conseguisse ver que eras realmente tu e que devia falar contigo e assim… após a primeira visita fiquei em estado de choque e não conseguia pensar em mais nada, amigos e família diziam-me que eu apenas tinha de aceitar que já era uma sorte estares vivo e que não podia esperar grandes melhoras…passei horas a pensar em tudo o q me disseram e resolvi não acreditar em nada disso! Como saúde e a minha área comecei a fazer pesquisa de casos semelhantes e a ver o que era suposto fazer (e o que estava ao meu alcance fazer) para te ajudar; descobri que não havia muito a fazer a não ser estar presente e rezar para que te fosses lembrando das coisas e fosses “voltando a ti”…
A partir daí, voltei a Alcoitão sempre que pude. Fui conhecendo os teus pais, alguns amigos e algumas pessoas da tua família; fui umas vezes com a Joana outras com a Filipa, sozinha, etc. Cheguei a levar um amigo, o Pedro Ruivo, que teve um acidente de mota e esteve também em Alcoitão para te dar força a ti e aos teus pais! Estive contigo da maneira que consegui e acho que fui bem sucedida em passar para ti apenas o lado bom e a deixar o mau para segundo plano. Ate ta levei uma vez a pulseira da sorte vermelha que ainda usas!! (coisa simples e sem importância que me deixa estupidamente feliz! Lool)
Quanto à tua evolução: passaste de te alimentares por uma sonda a comer sozinho; de não estares bem consciente do que se passava a tua volta e do tempo a teres plena consciência disso; de não conseguires manter a postura corporal a ate andares fora da cadeira; entre um monte de outras coisas pequeninas mas que significam imenso para ti e para quem te acompanha. (como por exemplo beber o café sozinho)
Enfim tem sido quase como acompanhar um filho que vai crescendo e ganhando a sua autonomia. E tenho a dizer que é com muito orgulho assim tipo mãe babada que tenho assistido a tudo!!
Fora de Alcoitão tivemos um dia em Benfica em que fomos almoçar ao fonte nova e eu tentei juntar algumas pessoa da junta para te verem; o dia em que fomos ao teatro e eu te vejo sair do carro e vir ate nos sem a cadeira em que só me apetecia chorar e saltar ao mesmo tempo; e o almoço em tua casa em que EU conduzi o carro que te levou!! E ainda fomos a praia e tudo! Tenho a dizer que estava morta de medo por te levar no meu carro! Mas ao mesmo tempo feliz por estar contigo! Eu não sei mais como te explicar o que sente uma pessoa a passar por isto de fora porque por mais difícil que tenha sido para mim, sei que para ti foi bem pior e sei também que não és do tipo de pessoa que vai alguma vez desistir ou deixar andar, sei que vais sempre dar a volta por cima! Mas nunca é demais lembrar que estamos (família e amigos) todos contigo! Dispõe e abusa agora que tens desculpa! (brincadeirinha!!!)


P.s- outra coisa que me tem ajudado a estar a par do que se passa (para alem do que vou falando contigo) é o blog! Pois nas entrelinhas do que escreves esta o que sentes. Uma boa ajuda para quem não pode estar sempre do teu lado!

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