Uma mãe chuta um puto cá para fora com jeitos de conquistador, não fosse ele Capricórnio.
O pai estiraça-se e consegue socar o puto para canto. Canto!
A tia vai cruzar, olha bem, faz sinal, ‘entra filho’, toma balanço, dois passos atrás. Arranca o cruzamento.
Tiago entre os dois, Ricardina e Zé, consegue com jogo de cintura fintar, salta, cabeceia, o pai Fernando estica-se em voo, mas o apoderado não chega e goloooooooooooooooooo.
Entra o Rudolpho a correr, pega no puto pelo cachaço e dirige-se para o centro.
Breakdance apita e aponta para o centro, golo!
RUDOLPHO e sua mãe, GINJA, seguem com ar decidido, para o centro do terreno.
Enquanto isto, Tiago, desliza peito no chão junto à bandeirola de canto. As bancadas fazem ondas. Mau feitio abraça o filho pelo novo sobrinho que veio abraçar a vida, a mãe também vibra, radiosa, na cara dela tudo é luz, por ter terminado nove meses de barriga, estar grávida é muito cansativo.
ZÉ e RICARDINA abanam as cabeças desolados junto à baliza do número um, o apoderado, que desfere chutos, infeliz por ter deixado entrar o menino na sua vida/baliza, no ar. Aqui, começaram as capicuas…
Hoje é natal e amanhã vai ser natal outra vez, porque afinal quando é natal um homem nasce outra vez.
A vida.
Por cá tenho vivido, talvez, agora com maior intensidade. Andava distraído antes… e agora, relembram-se tantos momentos comigo que dizem o contrário, ora relembrem momentos, faz bem refrescar a memória. Dizem que há males que vêm por bem.
O acidente fez-me perceber que o natal ou os pais (há sempre essa hipótese…) de há 30 anos tinha-me dado voz, corpo e alma, tempo e espaço.
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