02 novembro 2012

que bom é viver, é muito bom

Agora Escrevo

poeema do o'neill:

Agora escrevo                                                                                                                                        

Que queriam fazer de mim?

Uma palavra, um gemido obsceno,
Uma noite sem nenhuma saída,
Um coração que mal pudesse
Defender-se da morte ,
Uma vírgula trémula de medo
Num requerimento azul, azul,
Uma noite passada num bordel
Parecido com a vida , resumindo
Brutalmente a vida!

A chave dos sonhos , o segredo
Da felicidade, as mil e uma
Noites de solidão e medo,
A batata cozida do dia-a-dia,
O muscular fim-de-semana,
As sardinhas dormindo,
Decapitadas , no azeite,
O amor feito e desfeito
Como uma cama
E ao fundo - o mar ...

Mas defendi-me e agora escrevo
Furiosamente, agora escrevo
Para alguém:

Lembras-te meu amor, dos passeios que demos
Pela cidade? Dos dias que passámos
Nos braços da cidade?
Coleccionamos gente, rostos simples, frases
De nenhum valor para além do mistério
Também simples do nosso amor.
Inventámos destinos, cruzámos vidas
Feitas de compacta vontade ,
De dura necessidade, rostos frios
Possuídos por uma ausência atroz,
Corpos extenuados mas sem nenhum sono para dormir ,
Olhos já sem angústia, sem esperança, sem qualquer
Pobre resto de vida!
Seguimos a alegria das crianças, agressiva
Como carvão riscando uma parede,
Aprendemos a rir ( oh! que vergonha!...)
Com a gente " ordinária", e calados
Descemos até ao rio - e ali ficámos
A ver !




'que queriam fazer de ti'!?, é o começo deste verso do alexandre o'neill, essa figura celeste e divina da escrita nacional, ora, vou tentar partir daqui para fazer um texto mais terrestre e deu nisto:
Pensei em, talvez, escrever uma autobiografia.

depois pensei que só tinha interesse para mim.

Que queriam fazer de mim?

Não sei muito bem, não sei se algum dia perceberei, espero para ver ou TALVEZ seja melhor não saber.

Não sei muito bem.

Se queriam fazer alguma coisa de mim não é nada inteligente saberem e não avisarem o principal interessado que sou EU!

Sou geometricamente bem-disposto, levemente descontraído mas isto preocupa-me ‘queriam fazer algo de mim e não me avisaram!?

Vocês sabiam todos disto!?

Bah, porque não me avisavam!?

E não me vão avisar agora que já sei!?

um aparte: Ando fascinado com a possibilidade múltipla e liberta do ‘talvez’…

E relato o óbvio, (se ninguém o fizer nunca passa a ÓBVIO!!!)

ninguém sabe como vai ser, vivemos cada qual para obter prazeres um tempo ínfimo:

O Instituto Nacional de Estatística (INE) estimou o valor da esperança média de vida à nascença em 79,45 anos, no período 2009/2011.

Talvez acabe antes ou talvez depois ou talvez durante… 0.45 anos é muito bem cronometrado.

Sei, que agora que o bónus TCE já foi ultrapassado, já não brincam comigo de ânimo leve.

0.45 anos e viva a demografia!

Quero lá viver mais 0.45 anos, talvez queira...

Baaah.

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