05 novembro 2012

Querido mocamfe, ‘gosto de gostar de ti!’

'O mocamfe foi um ato de vontade e em todo o momento, que perdura, continua a ser' 
(Pedro Mendonça)



Querido mocamfe,

Talvez não saibas estar como muda o tempo e a comunicação.

Talvez isso seja uma vantagem.

Melhor é que saibas e não queiras mudar.

Há coisas a preservar mesmo, ou até mais, talvez, entre os jovens, e como tiram forças do ali e do agora.

Sabes que te sinto como um privilégio!?

Das coisas de que mais tenho saudades nos teus campos é de uma certa fuga ao tempo que ali sinto.

Talvez esta conversa se pareça com um 'velho do restelo’.

Há uma certa responsabilidade nossa de não termos sabido manter o casamento e o amor na passagem para os filhos.

Depois, ou antes, tenho encontrado gente que animei a dirigir e bem e dá-me gosto sentir que fiz parte (por muito curtos que sejam aqueles dez dias ali e a minha intervenção neles) da educação deles.

EDUCAR talvez para uma forma de estar e ser com mais espaço.

Ali educamos!

Incorro muitas vezes num erro de te tornar divino e àquele teu espaço e tempo e agora também meu, porque me mudou e porque ser teu participante, animador ou diretor te torna logo, à partida, uma pessoa especial e diferente.

Tenho um discurso ‘beato’ a falar em ti.

Falava há uns tempos com alguém extra teu espaço e tempo, querido mocamfe, de como tinha crescido lá com aquela gente, dizia-me ela que, algo zangada, também tinha crescido sem mocamfe, sim, mas é diferente, talvez aqueles dias nas férias sejam especiais.

Talvez não sejam.

Talvez haja uma evasão a evitar, por outro lado, também te quero alargar ao meu grupo de amigos.

Quero que sejas de todos mas também que sejas só meu.

Em relação ao facebook tomei uma decisão há uns tempos, muito alternativa, ‘sai demónio quero libertar-me de ti!’, acho que tu, meu mocamfe, também deves manter-te ‘alternativo’ a um mundo invasor dessa forma que te torna ‘especial e diferente’.

Talvez, seja preciso 'proibido proibir' mas não vejo a regra como limitadora de liberdades, e sim, libertadora!

Talvez seja impeditivo de crescer, melhorar; talvez percas qualidade por essa invasão.

Talvez seja egoísmo não querer partilhar nem ser altruísta.

E esta conversa está muito ‘talvez’.

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