22 fevereiro 2018

Escrito para impedir maus pensamentos... (Doors na coluna)

Navegavam sem o mapa que faziam, 

(de Sophia de Mello Breyner Andresen)

(Atrás deixando conluios e conversas)
Os homens sábios tinham concluído
Que só podia haver o já sabido:
Para a frente era só o inavegável
Sob o calor de um sol inabitável

Indecifrada escrita de outros astros
No silêncio das zonas nebulosas
Trémula a bússola tacteava espaços

Depois surgiram as costas luminosas
Silêncios e palmares frescor ardente
E o brilho do visível frente a frente

In:
[“As ilhas”, VI, Navegações]
1983
Sophia de Mello Breyner Andresen
(1919-2004)

Sophia escrevia sobre o tempo assombroso das descobertas, como é todo e qualquer futuro um não saber para onde iam e Camões apelidou de um largo mundo alumiado.

Toda e qualquer vida parte de um aprender constante a viver e a procurar-se.

Quem julga saber mais deve sempre questionar-se se o mundo em que vive já foi todo descoberto.

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