Navegavam sem o mapa que faziam,
(de Sophia de Mello Breyner Andresen)
(Atrás deixando conluios e conversas)
Os homens sábios tinham concluído
Que só podia haver o já sabido:
Para a frente era só o inavegável
Sob o calor de um sol inabitável
Indecifrada escrita de outros astros
No silêncio das zonas nebulosas
Trémula a bússola tacteava espaços
Depois surgiram as costas luminosas
Silêncios e palmares frescor ardente
E o brilho do visível frente a frente
In:
[“As ilhas”, VI, Navegações]
1983
Sophia de Mello Breyner Andresen
(1919-2004)
Sophia escrevia sobre o tempo assombroso das descobertas, como é todo e qualquer futuro um não saber para onde iam e Camões apelidou de um largo mundo alumiado.
Toda e qualquer vida parte de um aprender constante a viver e a procurar-se.
Quem julga saber mais deve sempre questionar-se se o mundo em que vive já foi todo descoberto.
Toda e qualquer vida parte de um aprender constante a viver e a procurar-se.
Quem julga saber mais deve sempre questionar-se se o mundo em que vive já foi todo descoberto.
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