26 fevereiro 2018

Maria Gadú - Meu caro barão (de Chico Buarque)



É curtida: é usada num filme em que os trapalhões acham uma máquina de escrever e como não sabem usar/escrever fazem erros e versos que concordam pouco.


Onde quer que esteja
Meu caro Barão
São Brás o proteja
O santo dos ladrão
Tava na faxina
Do seu caminhão
Vi essa maquina
De escrever no chão
Escovei a nega
Lavei com sabão
Deu uma cócega
Nos calo da mão
Pronto
Ponto
Tracinho, tração
Linha
Margem
Meu caro Barão

Vire a página
Continuação
Ai, essa máquina
Tá que tá que é bão
Como eu lhe dizia
Meu caro Barão
A sua ausência
É uma sensação
O circo lotado
Cidade e sertão
Domingo, sábado
Inverno e verão
Pronto
Ponto
De exclamação
Linha
Margem
Meu caro Barão

Tem gargalhada
Tem sim senhor
Tem muita estrada
Tem muita dor
Venha, Excelência
Nos visitar
Estamos sempre
Noutro lugar

Dizem que vírgula
Aspas, travessão
Coisa ridícula
Dizem que o Barão
Que o Barão, meu caro
Tinha a faca, o pão
O queijo e os passaros
Voando e na mão
Pois eu tenho ouvido
Que o pobretão
Tá magro, palido
Sem ocupação
Pronto
Ponto
De interrogação
Linha
Margem
Meu caro Barão

Venha, Excelência
Nos visitar
A casa é sempre
De quem chegar
Se a senhoria
Vem pra ficar
Basta algum dia
Se preparar

Pra rodar com a gente
Pra fazer serão
Pra ficar contente
Comer macarrão
Pra pregar sarrafo
Pra lavar leão
Pra datilógrafo
Bilheteiro, não
Pra fazer faxina
Nesse caminhão
Cuidar da máquina
E não ser mais Barão
Linha
Margem
Etcétera e tal
Pronto
Ponto
E ponto final


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