22 setembro 2009

EU NÃO ANDO SÓ, SÓ ANDO EM BOA COMPANHIA!

Era um rosto firme. Poderia ter sido um líder dos tempos antigos, um líder de um povo de gestos certos e respeitados. Tinha cabelo bem rijo e queimado ao sol. Alto de corpo côr de chocolate. Na cara desenhavam-se linhas fortes, do nariz partiam para o queixo e logo outras duas paralelas as estas, mais afastadas da bocca. Na grande testa também se desenhavam linhas fortes, sérias quando se abria num sorriso, naqueles sorrisos em que os olhos riem, surgiam por magia muitas linhas lindas de morrer em toda a cara, enfeitavam os olhos. Ele não era homem feito, procurava-o esperando, secretamente, nunca o encontrar. Ele era homem e menino. Num só. Nos medos e nas euforias. Acreditava que a vida lhe ia ser boa e acreditava-o com tanta força que quando chegavam os dias intempestivos sentia-se desabar, numa queda brutal e dolorosa. Tudo parecia fora do sítio, o rumo não encontrava, as ondas eram tão ferozes que lhe entalavam o grito na garganta. Depois o dia clareava e ele voltava feliz do escuro. Os olhos já não piscavam. Achava que essas tempestades também eram boas, davam fibra, faziam o coração grande... grande porque o abriam. Tinha um coração muito bom. Muita alma à solta. Não nascera para praticar a boa acção do dia e sentir-se satisfeito com isso. Ele não queria uma vida de certezas e calmarias. Ele também não queria de todo a instabilidade. Coisas havia que ele preciava bem seguras. O amor dos que lhe eram importantes. Apenas. o resto ele queria bem revolvido. Mudar de casa. Mudar de pais. Mudar de projectos. Mudar a música que se põe no rádio Mudar a forma de fazer as mesmas coisas. Outros cheiros. Outros mares. Voltar a casa sempre. Ambicionava desafios arrojados. Procurava-vos. E ficava triste quando parecia que nunca os ia saber encontrar. Dançava com a sua malandragem. Charmoso sempre simpático. Os amigos gostavam dele. Confiavam. Amigo.

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